Macroeconomia


Direcional | Resultado 1T22

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Gustavo Caetano

Publicado 06/mai5 min de leitura

Solidez em meio à tempestade

Nos resultados do 1T22, a Direcional apresentou um desempenho sólido tanto no aspecto operacional quanto financeiro. Além de vendas acima do esperado, a companhia continuou demonstrando baixa pressão nos custos de construção, o que manteve sua margem bruta elevada e trouxe um bottom up acima das nossas expectativas. Diante nos números divulgados, mantemos nossa recomendação de compra em DIRR3, com preço-alvo a R$ 15/ação para o final de 2022.

Indicadores operacionais. No primeiro trimestre do ano, a Direcional registrou um VGV total de R$ 557 mm em lançamentos (+23% a/a e -12% t/t), valor em linha com nossas projeções. Com um maior protagonismo do segmento de baixa renda, a demanda da construtora apresentou maior resiliência que o esperado, com vendas líquidas totais de R$ 508 mm no trimestre (+16% a/a e -6% t/t), o que resultou em uma velocidade de vendas (VSO) de 16% (+2 p.p. R/E).

Desempenho Financeiro. Considerando o período chuvoso, a companhia teve avanço positivo nas obras, o que resultou em reconhecimento de receitas totalizadas de R$ 468 mm (+8% R/E). Mesmo com o maior protagonismo do segmento de baixa renda, a companhia surpreendeu novamente na eficiência dos custos de construção ao manter sua margem bruta próxima de 36% (+3 p.p. R/E), gerando um lucro bruto de R$ 167 mm (+13% a/a) que justificou o sólido bottom line alcançado no trimestre.

Conforme esperado, a Direcional alcançou novo avanço de eficiência nas linhas SG&A e resultado de equivalência patrimonial em linha, apesar dos maiores custos não recorrentes no trimestre. Diante disso, a construtora alcançou no trimestre um EBITIDA 24% superior às nossas projeções, de R$ 96 mm (+25% a/a), em linha com uma margem de 20% (+2 p.p. R/E).

Mesmo com a elevação dos juros, a companhia apresentou menor pressão que o esperado nas despesas financeiras líquidas, o que a proporcionou um resultado líquido estável de R$ 27 mm no comparativo anual – bem como uma margem líquida 2 p.p. acima do esperado (de 6%) – mesmo com maior peso observado na linha de minoritários.

Ao desconsiderar os efeitos não recorrentes do swap de ações e venda da carteira de recebíveis, a companhia alcançou no período um lucro líquido ajustado de R$ 36 mm. Como resultado, a companhia manteve níveis sólidos de rentabilidade mesmo diante da conjuntura desafiadora, com um ROE LTM de 10,7%.

Geração de Caixa e Alavancagem. Por outro lado, a companhia manteve no 1T22 sua tendência de consumo de caixa e reportou uma queima total de R$ 34 mm, justificado pelo aumento de 15% na sua carteira de recebíveis e gestão do estoque de suprimentos, bem como pelo crescimento acelerado registrado pela companhia nos últimos exercícios. Mesmo assim, a companhia encerrou o período com relação Dívida Líquida/EBITDA praticamente estável em 0,6x (+0,1x t/t e +0,2x a/a), ou seja, com nível ainda baixo de alavancagem.

Direto. Fruto de um joint venture realizada com a XP Inc para atuação no mercado de crédito imobiliário, a startup Direto iniciou suas atividades ao longo do 1T22 e, no seu primeiro mês de operação, originou um montante pouco superior a R$ 40 mm, o que consideramos positivo diante do cenário de desaceleração de crédito.


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