Desaquecimento operacional
Diante de um volume forte nos lançamentos e ritmo das vendas em linha, a Cyrela reportou no 1T22 maior deterioração nos custos de construção, bem como maior impacto nas linhas não-recorrentes. Por outro lado, a construtora sentiu menor pressão nas despesas financeiras e encargos tributários, o que contribuiu para um resultado líquido em linha com nossas expectativas. Dito isso, reiteramos nossa recomendação de compra para CYRE3, com preço-alvo de R$ 23/ação para o final de 2022.
Indicadores operacionais. Por meio de apenas seis empreendimentos, a Cyrela totalizou um VGV de R$ 882 mm em lançamentos (+54% R/E), montante que julgamos forte ao considerar os atuais desafios existentes na construção e deixa evidente a atual maior exposição da companhia no segmento de alta renda. Em vendas líquidas, a companhia registrou números 7% superior às nossas estimativas, ao totalizar um VGV R$ 1.194 mm (-12% t/t e +31% a/a). Com isso, a companhia alcançou uma velocidade de vendas (VSO) marginalmente estável e em linha com o esperado, de 16%.
Desempenho Financeiro. Em decorrência do maior volume observado nos distratos, a Cyrela registrou no trimestre uma receita líquida de R$ 1.232 mm (-5% R/E), queda de 6% no t/t. No período, a construtora também registrou maior pressão nos custos de construção, o que levou sua margem bruta para 31% (-2 p.p. R/E e -3 p.p. t/t) e gerou um lucro bruto 10% abaixo do projetado, de R$ 384 mm (-13% t/t e +11% a/a).
Embora a linha SG&A tenha vindo em linha com o esperado, a companhia registrou no trimestre maior deterioração nas demais despesas não-recorrentes, em conjunto com um resultado robusto das SPEs observado na linha de equivalência patrimonial. Como resultado, a companhia alcançou no período um EBITDA estimado de R$ 196 mm (-27% t/t e -13% a/a), condizente a uma margem de 16% (-4 p.p.).
No entanto, em virtude do menor dispêndio tributário e receita financeira líquida de R$ 9 mm, bem como o menor impacto observado na linha de minoritários, a Cyrela encerrou o 1T22 com resultado líquido consolidado de R$ 162 mm (-26% t/t e -13% a/a), dentro do projetado em nossas estimativas, com margem líquida de 13%. Com isso, a Cyrela chegou a um ROE LTM de 13,6%, uma queda de 0,9 p.p. frente ao 4T21.
No período, a companhia registrou o consumo de R$ 53 mm de caixa em decorrência da elevação dos estoques e de deterioração das demais contas do capital de giro, revertendo a tendência de geração observada no trimestre anterior e no comparativo anual. Mesmo assim, a companhia encerrou o trimestre com relação Dívida Líquida/EBITDA estável, em 0,9x. No período, a construtora também aprovou a distribuição de R$ 217 mm em dividendos (R$ 0,57/ação), bem como a emissão de R$ 480 mm em debêntures.