Provisionamento de créditos penaliza desempenho da companhia.
O resultado da Cemig veio acima de nossas expectativas. Com uma variação positiva de 1,34% a/a em seu volume de energia faturado, em conjunto com uma expansão de 2% a/a em sua base de clientes a companhia apresentou crescimento de 3% a/a em sua receita operacional líquida. A Cemig também reportou uma variação de +38% a/a em suas despesas operacionais principalmente em razão do aumento de custos de energia adquirida no ambiente livre (+27% a/a) e de reajustes inflacionários em seus custos pessoais e de serviços. Além disso, houve um provisionamento de devolução de crédito referente à exclusão do ICMS da base de cálculo de PIS/Cofins Pasep no valor de R$ 1,4 bi. Excluindo efeitos não-caixa, a Cemig apresentou um EBITDA ajustado de R$ 1,81 bi (+37% a/a e +27% vs Inter Research), que em conjunto com um resultado financeiro ajustado por meio da exclusão de variações cambiais no valor de -R$ 372 mm, resultou em um lucro líquido ajustado de R$ 1,14 bi. Entretanto , mantemos nossa recomendação Neutra para as ações da CMIG4, com preço de R$ 14/ação visando o final de 2022.
Cemig GT. A Cemig GT apresentou ao final do período, um volume de energia faturada de 7,04 mm de MWh (-3,4% a/a). Mesmo com uma expansão de 6,5% a/a em seu volume faturado destinado a clientes livres, a subsidiária apresentou redução no volume distribuído total, algo que pode ser explicado pela transferência de contratos de comercialização de energia da Cemig GT para a Cemig Holding, ocorrida no final de 2021. Ao analisarmos o desempenho operacional da Cemig GT em conjunto com o da Cemig Holding, o volume faturado total foi de 8,6 mm de MWh (+18,4% a/a). Desta forma, o EBITDA apresentado foi de R$ 863 mm (-49% a/a). Quando ajustado por meio da exclusão de efeitos não caixa, o EBITDA ajustado passa a ser de R$ 803 mm (+87% a/a). Essa variação pode ser explicada principalmente por: (i) aumento de 55% nas receitas de transmissão, ex-construção, em decorrência das variações de IPCA e IGP-M e (ii) melhora de margem de comercialização, dado o aumento médio de 7,6% no preço de energia faturada.
Cemig Distribuição. A subsidiária de Distribuição reportou um volume total de energia faturada no valor de 11,8 mm de MWh (+1,3% a/a). Maior parte deste incremento se deve ao bom desempenho do segmento de comércio e serviços, que apresentou variação de (+18% a/a) no consumo. Na parte residencial houve manutenção (+0,06% a/a) mas com aumento de 2% em sua base de clientes, contrabalanceada por uma redução do consumo médio por consumidor. Além disso, também temos os segmentos Industrial (+1,65% a/a), serviços públicos (+2,58% a/a) e por fim, o rural (-21% a/a), este com forte queda em razão da reclassificação de seus consumidores. Todavia, devido a uma promulgação legislativa, a companhia contabilizou provisão de devolução de PIS/Pasep e Cofins relacionados a exclusão do ICMS de sua base de cálculo, no valor de R$ 1,4 bi, fazendo com que a distribuidora apresentasse um EBITDA de -R$ 913 mm. Excluindo este e outros efeitos não recorrentes, o EBITDA ajustado foi de R$ 601 mm (+1,8% a/a).
Gasmig: O volume de gás natural vendido pela Gasmig ao final do 2T22 foi fortemente impactado pelo despacho térmico quase nulo no trimestre, apresentando variação negativa de 27% a/a. Com o encerramento do segundo trimestre, a companhia atingiu uma média de volume de 2,8 milhões de m³/dia, o que consolidou em um EBITDA no valor de R$ 160 mm (+0,9% a/a).
Resultado financeiro e resultado líquido. A Cemig apresentou um resultado financeiro ao final do 2T22 no valor de -R$ 870 mm, ante a R$ 479 mm no 2T21. Esta variação de -282% é resultado principalmente da variação cambial no período, dada a variação negativa do dólar frente ao real em 2T21 e positiva no 2T22. Além disso, também contribuíram para o aumento das despesas a variação de atualização dos créditos de PIS/Cofins no período, no valor de R$ 356 mm. Excluindo efeitos de variação cambial, o resultado financeiro da companhia foi de -R$ 372 mm. Com isso, a companhia apresentou um resultado operacional líquido de R$ 50 mm no período. Excluindo efeitos não caixa, a companhia apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 1,14 bi (+63% a/a).
Endividamento e investimentos. A companhia reportou ao final do período, uma dívida líquida consolidada de R$ 7,4 bi (-12,6% vs 2021). Com redução de apenas 2% em seu endividamento bruto, maior parte desta diferença é o incremento de sua posição consolidada de caixa, que ao final do período totalizou R$ 3,8 bi, ante a R$ 2,9 bi no 4T21. De sua dívida líquida total, aproximadamente 51% são provenientes da Cemig GT, enquanto 46% estão associados à Cemig D. Em comparação ao final de 2021, a Cemig reduziu em aproximadamente 6% a sua posição de dívida líquida em moeda estrangeira, que atualmente é de aproximadamente 47% em dólar.