M&A corajoso para mitigar o impacto dos juros
A BR Properties comunicou ontem (17/05/22) a venda de 12 empreendimentos, representantes de 80% do seu atual portfólio, para a canadense Brookfield por um montante total de no valor de R$ 5.920 bi (líquido de R$ 5,5 bi após os impostos), o equivalente a quase R$ 12/ação. A transação foi realizada em um momento que as ações da BR Properties negociam a um desconto de 30% em relação ao seu valor patrimonial, totalizando um market cap de R$ 4,17 bi ao considerar o fechamento do dia 16/05. Dessa forma, a transação teve um ágio de 36% em comparação ao valor de mercado da companhia.
O pagamento será realizado em moeda local, sendo: (i) 70% na data do fechamento da aquisição de cada Imóvel; e (ii) 30% em 12 meses após a data de fechamento. O valor pago depois do fechamento será corrigido pelo IPCA entre o fechamento e o dia 31 de dezembro de 2022 e pelo CDI a partir de 1 de janeiro de 2023 até a data do seu pagamento.
A companhia realizou o negócio com o objetivo de reciclar seu portfólio, rentabilizar o investimento de maneira atrativa, além de focar na otimização da estrutura de capital, reduzindo a sua alavancagem e permitindo uma liquidez saudável para um momento macroeconômico desafiador.
Com isso, entendemos que a companhia conseguiu vender seu portfólio a múltiplos atrativos e reforçou sua capacidade de geração de valor aos acionistas, bem como diminui sua atual alavancagem financeira, cessa as atuais despesas de vacância e dá flexibilidade para reposicionamento no mercado imobiliário, cujos ativos se encontram atualmente descontados. Por outro lado, o nível de incerteza quanto ao valuation da companhia se acentua enquanto sua nova composição de portfólio não é revelada.
Diante disso, colocamos os papeis de BRPR3 em revisão, até incorporarmos as novas estimativas e premissas para a companhia em nosso modelo.