De olho na qualidade de crédito
Esperamos que os resultados do 2T22 ainda sejam direcionados pela deterioração da qualidade de crédito, principalmente nas linhas de maior risco como cartão de crédito e crédito pessoal, o que deve pressionar as despesas com PDD e o consumo da cobertura de crédito, além do crescimento da carteira de crédito com a redução do apetite. A dúvida ainda paira no nível de deterioração, já que não pudemos observar a evolução do cenário de crédito devido ao apagão de dados no Bacen, mas já vimos níveis de inadimplência próximos ao pré-pandemia sendo alcançados por alguns players (confira nosso relatório mensal sobre o setor bancário e um estudo sobre a inadimplência). Por outro lado, a margem financeira (NII) deve compensar com o aumento da taxa de juros no mercado, mas não esperamos ainda um crescimento tão pujante, já que os bancos ainda trazem um carrego com taxas médias baixas vindo do período de baixa taxa de juros, vivenciado há pouco tempo atrás. Nas demais linhas do resultado, as receitas com serviços como rendas com cartões podem continuar apresentando melhores resultados com a retomada das atividades e maiores volumes transacionados e seguros vindo de melhores resultados financeiros e menor sinistralidade, principalmente em ramos de cobertura pessoal. As receitas com tarifas de conta corrente ainda podem continuar refletindo pressão negativa nos incumbentes vindo do contínuo crescimento do Pix (confira nosso panorama Pix) e da competição no setor. Esperamos também um bom controle das despesas operacionais, apesar da pressão inflacionária.
Por fim, destacamos o Itaú Unibanco, que deve continuar apresentando resultados sólidos, vindo de um melhor NII com a mudança do mix de crédito para linhas de maiores taxas, de uma melhor qualidade de crédito frente aos pares como observamos no 1T22 e de controle nos demais resultados operacionais. Já o Banco do Brasil, que foi destaque no trimestre passado pode manter uma baixa provisão como no trimestre anterior, sendo um driver de maior impacto positivo no resultado, mas ainda esperamos um NII pressionado pelo maior custo de crédito. Para o Bradesco, esperamos um bom resultado, mas a piora na qualidade de crédito pode pressionar as despesas com provisões. Já o Santander, esperamos que deve ser o mais impactado pelo aumento da inadimplência entre os bancos, já que possui uma carteira mais sensível que os pares, além de um resultado com tesouraria que tem apresentado um desempenho mais fraco, mas esperado devido à sensibilidade negativa com o aumento da taxa de juros.
Itaú Unibanco: mantendo resultados sólidos
Esperamos um lucro líquido de R$ 7,6 bilhões (+3% t/t e +16% a/a) no 2T22 com um ROE de 21%. O Itaú tem demonstrado uma melhor qualidade de crédito entre os pares privados, desta forma deve sentir em menor grau efeitos do aumento da inadimplência esperados para o 2T22. Por outro lado, apesar de ainda vermos uma pressão nas despesas com PDD, entendemos que o avanço do NII pode compensar com a alta da taxa de juros, e o Itaú pode apresentar um bom resultado na margem com clientes vindo de um melhor mix de crédito com aumento das linhas de maior rentabilidade, porém de maior risco. Esperamos um bom desempenho em serviços e tarifas direcionado pelo segmento de cartões e seguros, vindo de melhores resultados financeiros e menor sinistralidade nos ramos de cobertura pessoal. Apesar da alta inflação, esperamos um bom controle das despesas operacionais, como o Itaú tem reportado nos últimos resultados, vindo de ganhos de eficiência com o plano phygital.
Bradesco: um resultado estável
Nossa expectativa para o lucro do Bradesco no 2T22 é de R$ 6,9 bilhões (+0,5% t/t e +8,5% a/a) com um ROE de 18%. Esperamos um bom resultado na margem financeira do Bradesco, refletindo o aumento das taxas de juros, mas que podem ser compensadas pelo aumento das despesas com PDD, já que o banco mostrou uma evolução para níveis pré-pandemia da inadimplência no 1T22 no segmento Pessoa Física. Em serviços com maior volume transacionado com cartões de crédito/ débito, mas ainda esperamos uma pressão do Pix na receita com conta corrente dado a evolução do meio de pagamento. Em seguros, os resultados devem continuar apresentando recuperação, vindo de melhor resultado financeiro, mas ficamos de olho na sinistralidade do ramo auto e saúde, que pode pressionar as margens do segmento.
Santander: de olho na inadimplência
Nossa estimativa de lucro para o Santander no 2T22 é de R$ bilhões (-2,7% t/t e -6,6% a/a) e ROE de 20%. Temos uma expectativa negativa para o resultado do Santander, já que o banco apresentou a maior deterioração entre os pares no trimestre passado, além de um menor apetite e crescimento na carteira de crédito. Esperamos que o banco apresente um maior nível de provisões, consequentemente aumento das despesas com PDD devido à elevação da inadimplência. Por outro lado, a margem financeira deve apresentar recuperação e alguma melhora, mas um resultado ainda baixo com tesouraria, que desapontou no 1T. Por outro lado, receitas com serviços e tarifas trazem expectativas positivas vindo de comissões com seguros e rendas com emissão de cartões.
Banco do Brasil: podendo surpreender novamente
Para o Banco do Brasil, esperamos um lucro líquido de R$ 6,8 bilhões (+3,9% t/t e +42,9% a/a) e ROE de 18% no 2T22. O banco pode apresentar mais um forte resultado, onde esperamos uma melhora no NII, que foi fraco no trimestre passado, e ainda deve sentir uma pressão no custo de captação e também esperamos a manutenção de um forte resultado com tesouraria. Nossa expectativa é de um crescimento natural das despesas com PDD por conta do cenário prospectivo, mas mantendo um baixo nível de provisionamento, consumindo seu alto índice de cobertura apoiado na sua qualidade de crédito vinda de uma carteira com características de menor inadimplência. Nos demais números, esperamos um bom controle das despesas e evolução decente em serviços, com maior receita com cartões e seguros com melhores resultados financeiros e bom ritmo de vendas no setor.