Surpreendente!
O Banco do Brasil apresentou mais um forte resultado, bem acima das nossas expectativas e do mercado, reportando um lucro líquido de R$ 6,6 bi (+11,5% t/t e +22,2% vs. Inter Research) e ROAE de 17,3% (+1,3 p.p. t/t e +2,1 p.p. vs. Inter Research). O resultado foi impactado pelos seguintes fatores: i) forte redução das despesas de PCLD ampliada de 27,2% t/t, justificada pela qualidade de crédito e pelas provisões complementares feitas em 2020 ainda mantendo boa cobertura; ii) aumento da margem financeira de 3,6% t/t, que sofreu pressão na margem com clientes, mas foi compensada pela tesouraria com as duas linhas basicamente sendo influenciadas pela maior taxa Selic; iii) redução sazonal das despesas administrativas de 3,7% t/t e iv) forte redução das despesas nos outros componentes do resultado. A qualidade do crédito do banco deteriorou levemente, menos que os pares, mantendo a característica defensiva do BB. Continuamos enxergando no Banco do Brasil uma boa opção de investimento em um momento em que a qualidade de crédito do setor sofre pressão, principalmente no segmento de varejo nas linhas de maior risco, onde o Banco é menos exposto versus seus pares. Mantemos nossa recomendação de compra em BBAS3, com preço-alvo 2022E de R$ 42.
Alta na Selic pressiona despesas com captação, que foi compensa da por forte resultado com tesouraria. A margem financeira bruta reportou saldo de R$ 15,3 bi, com alta de 3,6% t/t (-4,1% R/E) e contou com duas pressões opostas. Do lado positivo, as receitas financeiras das operações de crédito avançaram 8,6% t/t, junto ao resultado com tesouraria que subiu 28,8% a/a, beneficiados pelo maior volume nas carteiras (destaques para PJ e Agro) e pela alta da taxa de juros. Porém, do lado negativo, a despesa de captação comercial aumentou 30,5% t/t, também sendo pressionada pela elevação da taxa de juros. Desta forma, o resultado acabou sendo bem compensado com as diferentes sensibilidades e trouxe um avanço positivo. Sendo assim, o spread global, permaneceu estável em 3,5% t/t, queda de 20 bps a/a. Esperamos que a possibilidade de redução do ritmo de alta da Selic nos próximos trimestres retire um pouco da pressão nos custos de captação do banco, que por sua vez, pode beneficiar seu spread no segundo semestre.
Em movimento contrário aos pares, forte redução das provisões beneficia resultado. Há fundamento? Em nossa visão sim. As despesas com PCLD registraram R$ 2,758 bilhões, com queda de 27,2% t/t, direcionada principalmente pela redução das provisões para risco de crédito, na qual a companhia justificou que as provisões complementares feitas em 2020 elevaram a cobertura do Banco, devendo continuar reduzindo ao longo dos próximos trimestres. Neste ponto, entendemos como um movimento um pouco mais arriscado, mas o Banco do Brasil pode realizá-lo. Primeiro porque sua cobertura da inadimplência 90d permanece elevada em 297%, acima da média histórica e segundo, mesmo se continuasse no ritmo atual de provisionar 75,3% do NPL Formation, consumindo suas reservas, ainda assim pelas nossas expectativas, o banco encerraria o ano com uma cobertura acima de 200%. Para ser um movimento mais arriscado, a inadimplência do banco deveria subir para mais de 3% nos próximos trimestres, o que não esperamos dado a qualidade de crédito atual do BB, mesmo considerando deterioração pela frente. Falando em inadimplência, a Inad. acima de 90d registrou 1,89% no 1T22, um avanço de 14 bps t/t. A carteira PF registrou uma inadimplência de 3,82%, com alta de 51 bps t/t por conta de um mix maior em linhas de maior risco/retorno. Já a carteira PJ registrou uma taxa de 1,23%, com queda de 12 bps t/t, seguindo o momento de estabilidade na qualidade de crédito do segmento. A inadimplência no Agro permaneceu estável e registrou taxa de 0,60%.
Carteira de crédito praticamente estável. A carteira de crédito do Banco do Brasil registrou saldo de R$ 883,5 bilhões com crescimento de 1,0% t/t e 16,4% a/a, com os segmentos PF avançando 1,3% t/t, PJ caindo 0,5% t/t e Agro +2,6% t/t. Em PF o destaque ficou para o crédito consignado (+1,3% t/t), CDC Salário (+3,9% t/t) e empréstimo pessoal (+7,1% t/t), denotando maior avanço em linhas de maior risco/ retorno. Em PJ, o destaque ficou para grandes empresas ampliada com +4,5% t/t. Já no Agronegócio, destacamos o crescimento em custeio agropecuário (+4,8% t/t), investimento (+11,0% t/t) e rural e garantias (+6,4% t/t).
Serviços e tarifas performam conforme sazonalidade. As receitas com Serviços e tarifas do BB registraram R$ 7,5 bilhões (-3,8% t/t e +9,4% a/a), com efeitos da sazonalidade típica do primeiro trimestre, principalmente em cartões, que caiu 13,3% t/t com menores transações versus as compras de fim de ano, e também pela queda das operações de crédito (-13,3% t/t) e mercado de capitais (-40,4% t/t), vindo da redução da demanda nas emissões. Apesar disso, mesmo com a sazonalidade, o segmento de seguros mostrou alta de 1,4% t/t, e 15,2% a/a, mostrando a tendência de recuperação do setor.
Redução nas despesas operacionais e forte queda em outros componentes do resultado também beneficiam o trimestre. As despesas administrativas reduziram -3,7% t/t, totalizando R$ 8,2 bilhões, refletindo a queda típica do primeiro trimestre com a redução de 7,5% t/t nas linhas de publicidade e relações públicas. Além disso, as despesas de pessoal caíram 1,4% t/t com a menor despesa com proventos, sazonalmente menor versus o 4T. Desta forma, o índice de eficiência (12 meses) registrou 34,7%, melhor da série histórica do banco. Na estrutura da rede de atendimento, o BB registrou 56.735 unidades (+1,2% t/t) com a rede própria praticamente inalterada com queda de 0,1% t/t, vindo da redução de 1% dos postos de atendimento e 0,1% de PAEs, compensados pelo aumento de 0,2% t/t das agências.