Macroeconomia


AES Brasil | Resultado 1T22

Captura de Tela 2023-05-16 às 15.50.16

Rafael Winalda

Publicado 06/mai

Resumo

Melhora no cenário hídrico traz evolução no desempenho operacional.

Melhora no cenário hídrico traz evolução no desempenho operacional.

Com volume de chuvas acima da média ao longo do primeiro trimestre de 2022, os níveis dos reservatórios pertencentes ao SIN atualmente se encontram em um dos patamares mais elevados dos últimos anos. Através da redução do despacho térmico e aumento de afluência nos rios, a companhia registrou um crescimento favorável em seu volume bruto de energia hídrica gerado. Com participações menores, os seus complexos hídricos e solares também apresentaram boa performance, sinalizando uma crescente evolução marginal. Desta forma, apesar de suas novas aquisições refletirem em um aumento de custos e despesas operacionais, principalmente no início, a companhia conseguiu registrar uma variação anual positiva de 1,8% em seu EBITDA ajustado, que se desdobrou em uma evolução de 2,5% em seu Lucro Líquido ajustado, o qual totalizou R$ 71 mm.

Dada a melhora do cenário hídrico, e a perspectiva de turnaround dos ativos eólicos da companhia, alteramos a nossa recomendação de AESB3 para Compra, mantendo o preço-alvo para o final de 2022 de R$ 16/ação. Continuamos a reafirmar o papel como opção para uma carteira de dividendos, com um DY esperado de mais de 6%.

ESG. Ao longo do primeiro trimestre, a AES Brasil reportou ter concluído o plantio de 57 hectares de plantas nativas da Mata Atlântica, e colaborou com a preservação de três espécies em extinção, seguindo as suas metas de compromisso ambiental. Também foi aprimorada a presença feminina no conselho de administração, alcançando 36% de representatividade. A companhia relatou que foi concluída a estruturação de uma equipe de manutenção do Complexo Eólico Tucano 100% feminina, e a presença feminina total na companhia foi ampliada de 24% para 28% no a/a.

Aumento no volume consolidado de geração. A Companhia apresentou um desempenho positivo em seu volume de geração hídrica, dada a melhora do cenário atual. Com o aumento das chuvas, além da retomada dos reservatórios, que foi de suma importância principalmente nas bacias do Rio Grande e do Rio Tietê, foi proporcionada também uma melhora no nível de vazão das águas. Sendo assim, por meio de decisão do regulador, a redução do despacho térmico proporcionou um aumento no volume total de geração hídrica apresentado no 1T22, que foi de 2.676 GWh, 14,4% acima do volume do mesmo período do ano anterior. Já em relação ao desempenho eólico, o volume de geração bruto foi de 408 GWh, 1,1% superior ao registrado no 1T21. Mesmo com a entrada de novos ativos no segmento de geração eólica da companhia, o crescimento foi relativamente baixo devido a um processo de restrição requisitado pela ONS, em razão da incapacidade de escoamento de energia gerada na usina de Alto Sertão II, impossibilitando a geração de 18,8 GWh.
Por fim, no segmento de geração solar, foi observado um aumento de 14,7% a/a, proporcionando um volume bruto de energia de 153,7 GWh, desempenho positivo em razão da maior disponibilidade de suas usinas dos complexos Guaimbê e Ouroeste, a qual atingiu 98,9%, contra 90,1% no 1T21. Nestas regiões, ao longo do trimestre, vale notar que foi observada uma maior irradiância média em suas usinas, principalmente em Boa Hora e Água Vermelha.

Receita líquida cresce. A receita operacional líquida foi de R$ 677 mm no 1T22, crescimento de 21,6% no a/a, e 35% acima de nossas projeções. Já em relação à margem líquida, vimos um ganho de 4,8 p.p., em comparação à margem observada no 1T21 (ex. GSF). Estas evoluções são justificadas principalmente pelo aumento no volume de energia vendido no período em todos os segmentos de geração, em conjunto com a melhora marginal vista nos complexos eólicos Mandacaru e Salinas, e solares, Guaimbê e Boa Hora.

Expansão dos custos e despesas totais. Custos e despesas totais no trimestre registraram um montante de R$ 131 mm, variação positiva de 13,6% no a/a, excluindo os efeitos não recorrentes do 1T21. Esse aumento se refere principalmente aos novos gastos operacionais referentes aos ativos que entraram no portfólio da companhia ano passado, Mandacaru e Salinas, em junção com a recorrência de um plano de manutenção bianual das usinas hídricas, adotado pela companhia, e da correção pela inflação do período.

Resultados Operacionais. O EBITDA ajustado da companhia no primeiro trimestre totalizou R$ 313,3 mm no primeiro trimestre de 2022, variação anual de 1,8%, e 2% abaixo de nossas projeções. A variação positiva foi impulsionada pelo incremento da performance favorável de seus ativos, em contrapartida com o seu aumento de custos e despesas. Houve também melhora em seu resultado financeiro, no valor de R$ 8,9 mm, que consolidou um montante final negativo de R$ 95 mm. Tal melhora se deve principalmente à nova política de aplicações financeiras da companhia, em conjunto com a melhor rentabilidade do período. Desta forma, o lucro líquido reportado foi de R$ 71 mm, 24% inferior ao do 1T21, mas 3% superior quando excluído o ajuste de R$ 24 mm do 1T21, referente ao GSF.Destacamos que o resultado financeiro também foi melhor frente as nossas estimativas.

Endividamento e Investimentos. A companhia reportou dívidas bruta e líquida, ao final 1T22, nos valores de R$ 6,5 bi e R$ 4,2 bi, respectivamente. O aumento na dívida bruta é justificado pela nova emissão de debêntures realizada pela companhia, mas que foi compensada por um aumento de sua posição de caixa, dada a sua nova política de aplicações financeiras, a qual contribuiu para rendimento anual de 18,8%, encerrando o trimestre com uma posição de caixa no valor de R$ 2.2 bi.


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