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Market Strategy | Janeiro 2024

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Gabriela Joubert

Publicado 02/jan10 min de leitura

Market Strategy

Dezembro deu continuidade ao rali de novembro, reforçado pela mensagem do FED de que haverá cortes de juros em 2024 e com o mercado precificando o pouso suave da economia norte-americana. O Ibovespa bateu novo recorde e fechou o ano acima de 134 mil pontos, beneficiado pelo investidor estrangeiro que veio às compras, aproveitando-se de melhores perspectivas macroeconômicas, com inflação desacelerando e juros em queda, além de oportunidades micro, com a expectativa de juros menores levando a melhores resultados financeiros e, consequentemente, melhores margens para as companhias.

Olhando para 2024, mantemos a visão que trouxemos no nosso último Market Strategy. Vivenciaremos um ano de juros menores, de possível menor aversão ao risco e inflação dando trégua. Dentre os riscos mapeados, ficamos com a possível recessão nos Estados Unidos, que ainda não descartamos, e o Fiscal aqui que vai e volta, mas que, por ora, fica em segundo plano. As adversidades climáticas podem seguir gerando oscilações nas dinâmicas de oferta e demanda global, assim como os conflitos geopolíticos. Mas, estruturalmente, o otimismo deve prevalecer em meio a um cenário com menos incertezas do que o observado desde 2020.

Contudo, a recente forte recuperação dos ativos nos dois últimos meses do ano coloca ainda mais enfoque à seleção correta de ativos para compor o portfólio. A alta conjuntural já foi e agora precisamos voltar nossas atenções aos fundamentos, aos riscos e oportunidades. Nossa alocação de janeiro mostra exatamente isso. Na Renda Fixa, preferimos no Brasil os ativos indexados à inflação, que desacelera, mas ainda segue com prêmio no juro real, e no exterior elevamos nossa exposição às Treasuriesnos Estados Unidos. Na Renda Variável, estamos mais otimistas com bolsa brasileira, principalmente aos setores mais beneficiados com o ciclo de corte dos juros e voltados à economia local. Já no exterior, buscamos setores e empresas mais consolidados, com foco em value versus growth. Seguimos reticentes com as commodities, em razão das incertezas com a economia chinesa, mas vemos no setor imobiliário norte-americano algumas oportunidades para investimentos alternativos. Estamos apostando na volta dos fundos multimercados, após o ano difícil com resgates, levando gestores às compras e elevando o índice brasileiro, juntamente com a volta do investidor estrangeiro.

A novidade fica por conta da nossa carteira ETFs que agora passa a replicar nossa recomendação de alocação global, trazendo sugestões de ativos para as diversas exposições que preferimos. As mudanças com a Lei 14.754 de investimentos no exterior traz oportunidades, mas também pontos de atenção (confira aqui um resumo que preparamos). Mais uma vez, mantemos o nosso mantra da diversificação. Mas com toda a euforia recente, adicionamos uma dose extra de cautela ao ano que se inicia. Contem com a gente!

Bons investimentos!

Cenário Internacional

Euforia continua, mas sugerimos cautela para o ano que se inicia.

O ano de 2023 encerra com o mercado em euforia. A leitura é que o Fedestá muito próximo de iniciar o corte na taxa de juros e, de fato, há motivos para o Fedcomeçar a flexibilizar sua política monetária. A inflação, apesar de se manter acima da meta, apresenta um comportamento benigno e deve continuar seu processo de convergência. Ao mesmo tempo, vemos enfraquecimento na margem da atividade econômica, o que abriria espaço para cortes nos juros sem pressionar a inflação. Entretanto, essas condições não são compatíveis com a precificação do momento de cortes iniciando já em março. Na nossa visão, esses cortes devem começar apenas no 2º semestre.

Mesmo com essa euforia generalizada, abordamos o atual cenário com uma boa dose de cautela, especialmente porque a dinâmica empresarial americana pode não estar tão saudável quanto se pensa. Vemos diversas empresas com uma perspectiva mais negativa para os seus setores em 2024 e uma boa métrica para isso é o índice de preço preferido do Fed, o PCE, cujo núcleo é um espelho do crescimento da receita das empresas. 

Em novembro, essa métrica veio muito fraca, crescendo apenas 0,1%. Isso sugere que a receita das empresas está estagnando, por outro lado, não vemos o mesmo movimento nos custos corporativos, com os salários crescendo em um patamar ainda robusto, pressionando as margens das empresas. Quando comparamos com a expectativa de earningsdo S&P500 para 2024, vemos uma clara distorção.

Muito provavelmente, veremos o ciclo de cortes da taxa de juros se iniciando em 2024, mas talvez não pelas razões esperadas pelo mercado em meio a essa euforia. As principais classes de ativos têm se comportado de maneira bem distinta. Vemos bonds, ouro e dólar basicamente precificando uma recessão seguida de QE, enquanto equities e commodities metálicas precificando uma reaceleração do crescimento. No final das contas, alguém estará errado, portanto, uma boa dose de cautela ainda é necessária.

Cenário Macro - Brasil

Selic terminal em 8,5%

2023 termina com inflação dentro da meta e a tendência de queda deve continuar em 2024 ainda que de maneira mais lenta. Com a dinâmica mais benigna da inflação e o cenário externo mais positivo, vemos espaço para mais cortes na Selic ao longo do ano, terminando em 8,5%, com IPCA esperado em 3,7%, depois de fechar 2023 próximo de 4,5%.

A curva de juros pré já está bem precificada para esse cenário, com expectativa de Selic em 9% no final do ano (semelhante ao Focus), mas os juros reais permanecem em patamar elevado. A taxa da NTNB de 10 anos está próxima de 5,3%, mesmo após a queda nos juros no mercado global, ainda com algum prêmio que pode ser realizado à medida que a Selic caia e a inflação siga em tendência de moderação.

O principal risco doméstico para 2024 ainda é o fiscal. O rombo em 2023 deve fechar próximo de R$230 bilhões, considerando o pagamento dos precatórios no final do ano e mesmo com a meta de zerar o déficit mantida na LDO aprovada no final do ano, estimamos novo déficit próximo de R$110 bilhões em 2024. Um novo aumento de gastos acima do esperado pode resultar em deterioração no câmbio e nas expectativas de inflação, e interromper o ciclo de queda da Selic.

PIB desacelera, mas setor externo deve ser novamente destaque positivo em 2024.

Depois de fechar o ano com crescimento de 3%, a atividade deve desacelerar em 2024, mais notadamente no 1º semestre e esperamos crescimento próximo de 1,8%. Após o recorde em 2023, o PIB agro pode ter um desempenho negativo e o setor de serviços deve crescer menos com o consumo ainda impactado pela restrição ao crédito. Uma recuperação deve ser bem-vinda no segundo semestre, quando efeitos da queda dos juros podem resultar em retomada dos investimentos e a manutenção do bom nível de emprego e renda das famílias reduzindo gradualmente o comprometimento de renda e, consequentemente, a inadimplência.

Após o recorde do saldo da balança comercial em 2023, US$98 bilhões, é esperada uma desaceleração, mas ainda assim, devemos ter novo saldo robusto próximo de US$80 bilhões. Com isso, o déficit do balanço de pagamentos deve permanecer estável, no baixo patamar próximo de 1% do PIB. Com fluxo favorável, e ainda contando com elevado diferencial de juros, mesmo com a queda esperada da Selic, o câmbio deve permanecer próximo do atual patamar de R$4,85, dentro da nossa estimativa de intervalo entre R$4,70 e R$5,10, fator que também tende a contribuir para manter a inflação sob controle.

Movimento dos Ativos Globais

No ano da Renda Fixa, as bolsas foram os maiores destaques

No ano que começou como o ano da Renda Fixa, dos juros altos e da inflação recorde, as bolsas acabaram sendo a surpresa positiva, com os ativos de risco avançando fortemente e ganhando ainda mais ímpeto no último trimestre do ano. No acumulado, o Nikkei foi o grande vencedor, com alta de mais de 25%, refletindo a decisão do Banco Central japonês de manter sua política monetária ultra-expansionistaem detrimento do iene, que acabou recuando cerca de 6% no ano. O S&P500 também não ficou para trás, avançando 24% no ano, também beneficiado pelas empresas de tecnologia e inteligência artificial.

As commodities tiveram comportamento misto, mas mantiveram o nível mais alto dos últimos anos. A expectativa de desaceleração global com China, Europa e Estados Unidos arrefecendo economicamente por conta do maior patamar de juros levou a apostas de que as commodiitesrecuariam. No entanto, o que vimos foram os preços dos insumos ainda em patamares elevado ao longo de todo o ano, em especial o minério de ferro. O ouro manteve seu caráter defensivo e o petróleo, apesar de duas guerras em regiões de grandes produtores, encerrou o ano com queda de mais de 5%, tendo recuo demais de 16% só no último trimestre.

Já no último mês, vimos forte recuperação dos REITs, ativos de Real Estate, na esteira do aumento das apostas de início de corte de juros nos EUA, seguido pelos GILTs, bondsdo governo britânico, beneficiados pelo cenário de corte de juros à frente pelo BoE..

Desempenho no mês

Rentabilidade das principais classes de ativos

Alocação Tática

 

Alocação Estratégica – Estados Unidos

 

Estratégia de Alocação

 

Desempenho das Bolsas Globais

Bolsas caem em bloco com juros e guerra no radar dos investidores.

Estados Unidos

As bolsas tiveram mais um mês de alta e deram continuidade ao rali que começou em novembro, com os três principais índices em forte avanço, conforme mercado passou a precificar início de cortes dos juros pelo FED já em março. No ano, o S&P500 acumulou alta de 23%, enquanto o Nasdaq subiu mais de 40%, ambos puxados pelo forte desempenho das empresas de tecnologia e a ascensão da Inteligência Artificial.

No entanto, destacamos o desempenho do DOW nos últimos meses do ano. O índice industrial avançou apenas 13% no acumulado de 2023, mas com boa parte do avanço acontecendo entre novembro e dezembro e mostrando que em 2024 poderemos ver setores que ficaram para trás retomando campo.

Resto do Mundo

Na Europa, também as bolsas subiram com a menor aversão ao risco global e com investidores por lá também elevando as apostas de início de flexibilização da política monetária, uma vez que a economia na Zona do Euro mostra fortes sinais de desaceleração. As bolsas avançaram, em especial papéis de bancos.

Na Ásia, contudo, as incertezas quanto à recuperação da economia chinesa seguem pesando nos ativos locais e as bolsas por lá seguiram em movimento contrário ao resto do mundo. Exceto pelo Nikkei, que foi a maior alta do ano, subindo 26%, beneficiado pelo posicionamento do BoJ(Banco Central japonês) e sua política monetária ultra expansionista e que levou a forte desvalorização do iene no período. Contudo, para 2024, poderemos ver um movimento contrário no mercado nipônico.

Desempenho Ibovespa

Rali de fim de ano mantém otimismo com a bolsa.

Dezembro manteve um desempenho positivo para o Ibovespa, que encerrou o mês com alta de 5,38%, mesmo vindo de um forte mês de novembro. Desta forma, o índice brasileiro encerrou o ano com alta de 22,28%, melhor ano desde 2019.

O índice seguiu influenciado por perspectivas de cortes de juros nos Estados Unidos para o ano que vem, com apostas de corte já em março voltando a aumentar no mercado. O arrefecimento da inflação por aqui e corte de juros mantiveram também o apetite à renda variável, junto com a curva que seguiu fechando com as melhores expectativas no espectro global e doméstico. Apesar disso, o fim do mês trouxe um IPCA-15 um pouco amargo, acima do esperado, mas não alterou as expectativas do mercado de uma inflação controlada e juros menores para 2024.

O investidor estrangeiro seguiu como principal comprador e em dezembro, até o dia 27, acumulava R$ 17 bi com um fluxo acumulado no ano de 2023 de R$ 45 bi.

Nos destaques setoriais do mês, as ações do setor imobiliário avançaram 8,7% e se mantiveram como principal destaque no ano com retorno de 53,3%, seguido pelo financeiro, que foi o segundo melhor desempenho do mês com 7,4% de alta e no ano com 34,6%. Até mesmo os setores de Materiais Básicos e Consumo reagiram no final do ano, com altas de 7% e 6% respectivamente, que garantiram um acumulado positivo em 2023.

Carteiras Recomendadas | Retorno Jan.24

Carteira Retorno

A Carteira Retorno é nossa principal carteira de ações focada no mercado brasileiro. Trata-se de um portfólio atualizado mensalmente com objetivo de superar o índice Ibovespa, a partir de uma alocação diversificada composta por 10 ações dos setores mais relevantes da Bolsa. Os ativos são selecionados pela análise de nossa equipe, podendo ou não ter mudanças de acordo com a estratégia/visão de nossas analistas.

Carteiras Recomendadas | Dividendos Jan.24

Carteira Dividendos

Carteira destinada para o investidor que tem o objetivo de receber uma renda passiva ou para o reinvestimento dos proventos recebidos. Selecionamos as ações que possuem resultados sólidos com boa geração de caixa, além de companhias que possuem dividendos atrativos para o investidor e que possuem recorrência no pagamento de proventos.

O objetivo principal é obter, por meio de ações, retornos acima do nosso benchmark, o Índice Dividendos da B3 (IDIV), no médio e longo prazo.

Carteiras Recomendadas | BDRs Jan.24

Carteira BDRs

A Carteira BDRs é destinada aos investidores que buscam alocação em empresas estrangeiras, principalmente norte-americanas, visando a diversificação de seu portfólio não apenas dolarizando seus investimentos, mas também buscando grandes nomes do mercado global. A carteira traz, ainda, opções para exposição em setores não tão amplos no Brasil, como tecnologia, farmacêuticas, biotecnologia e outros.

A carteira tem periodicidade mensal e busca superar o BDRX, índice da B3 que replica uma carteira teórica de ativos, funcionando como um indicador do desempenho médio das cotações dos BDRs Não Patrocinados, autorizados à negociação na B3.

Carteiras Recomendadas | FIIs Jan.24

Carteira FIIs

A carteira tem como o objetivo superar o seu benchmark – IFIX – com alocação nas diversas classes de fundos imobiliários. Além disso, a alocação é voltada para o recebimento de renda mensal. Os ativos são selecionados pela a análise de nossa equipe, podendo ou não ter mudanças de acordo com a estratégia/visão de nossas analistas.

Carteiras Recomendadas | ETFs – Alocação Estratégica Jan.24

Carteira ETFs

Carteira destinada para investidores que buscam diversificação em relação aos seus investimentos internacionais. A intenção dessa carteira é garantir exposição permanente às principais classes de ativos internacionais, portanto, a estrutura da carteira será imutável. A cada mês iremos fazer ajustes no peso de cada classe e dos seus respectivos ativos para melhor posicionar a carteira no cenário internacional como delineado pelo time de Research do Inter. A carteira buscará replicar a nossa recomendação de alocação estratégica global.

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