Risco fiscal devolve recuperação
Novamente na contramão do exterior, que agora dá sinais de alívio, o mercado doméstico atravessou o último mês sob elevada volatilidade, justificada pela deterioração de expectativas quanto ao arcabouço fiscal do país em meio à indefinição de diretrizes no campo econômico e elevada expansão fiscal trazida no texto inicial da PEC da Transição. Apesar dos dados presentes positivos, como resultado primário do mês de outubro, deflação do IGP-M e tendência de queda da taxa desemprego, incertezas quanto à trajetória da dívida pública trouxeram acentuada percepção de risco, frustrando as expectativas de queda da Selic em 2023. No mês de novembro, o IFIX oscilou -4,1%, apesar da rentabilidade positiva de 2,3% no ano e de 11,2% nos últimos 12 meses. Mesmo com a reversão parcial dos ganhos obtidos nos últimos meses, os fundos de tijolo ainda avançam 2,1% em 2022. Passado o desempenho negativo de curto prazo proveniente da deflação, os fundos de papel seguem com desempenho equivalente, de 2,1% no ano.
Para o mês de dezembro, optamos por aumentar nossa exposição ao segmento de papel em decorrência da mudança do cenário macroeconômico para 2023. Diante das incertezas fiscais para 2023, que elevaram a curva de juros futura e trouxe riscos inflacionários, a entrada de um veículo com recebíveis indexados à IPCA e CDI se mostra benéfico ao dar mais estabilidade à carteira. Passada a deflação do IPCA nos últimos três meses, os fundos de papel seguem como importante instrumento de hedge à inflação e, diante de um cenário de prolongamento da Selic em níveis restritivos, o CDI desempenha outro importante papel para geração de caixa.. Ainda que não apresentem potencial upside, os ativos do segmento seguem estrategicamente importantes em termos de resiliência e equilíbrio para o portfólio. Em função do momento de desaceleração global e eventuais riscos de calda, continuamos com nossa sobre-exposição em perfil de crédito high grade, favorável LTV e, taticamente, aumento de peso do CDI. Com a volatilidade observada no último mês, o desconto existente nos fundos de tijolo traz grandes oportunidades em termos de ganhos de capital. Apesar da premissa de melhora do cenário top-downno longo prazo, qualidade do portfólio e recuperação dos dados operacionais, diluímos taticamente nossa exposição ao segmento de shoppings, bem como em galpões logísticos e lajes corporativa. Por fim, mantemos nossa alocação em um FoFs, porém igualmente com menor peso, tendo como critério o posicionamento do veículo no segmento de tijolo e duplo desconto da cota frente o valor patrimonial.