Fevereiro 2024
Após o forte rally em dezembro, os investidores ajustaram suas expectativas de cortes de juros pelo FED para 2024 para mais próximo da realidade, o que trouxe volatilidade e realização aos mercados globais, levando à queda majoritária dos ativos de risco. Os juros das Treasuries norte-americanas subiram, mas as bolsas por lá mantiveram a tendência positiva, beneficiadas pelas empresas de tecnologia, que seguem surfando a onda da Inteligência Artificial. Aqui no Brasil, o Ibovespa foi pressionado pela curva de juros externa, mas também pelo risco fiscal que voltou ao radar dos investidores com a reoneração da folha de pagamentos e discussões sobre novos gastos do governo e ainda a possível revisão da meta no radar. Tivemos também as decisões do FOMC e do COPOM, ambas em linha com o esperado, mas com mensagens divergentes. Aqui, o Bacen repetiu o corte de 50 p.b. na Selic, que fica agora em 11,25%, e manteve a mesa sinalização de novos cortes para as próximas reuniões, apesar de reconhecer um cenário mais benéfico para a inflação. Nos Estados Unidos, o FOMC manteve os juros em 5,25% - 5,50%, mas na entrevista, Jerome Powell reforçou que não devemos ver primeiro corte em março, e mercado reagiu negativamente.
No que tange a estratégia pensada para o ano, ainda vemos o cenário de juros mais baixos prevalecendo, assim como inflação que desacelera, mas que deve continuar acima da meta. No Brasil, ainda preferimos na Renda Fixa os produtos indexados à inflação e mantemos o otimismo com a bolsa brasileira, considerando o cenário de cortes de juros e seus efeitos nos balanços das companhias, além do fluxo natural de capital estrangeiro aos mercados emergentes em momentos de cortes de juros nos Estados Unidos, o que abre aqui uma oportunidade clara para o Brasil, que se destaca dentre seus pares. Nos Estados Unidos, além de um pouco de alocação natural nos títulos de curtíssimo prazo (cash) que continuam pagando 5% sem esforços, vemos oportunidades nas Treasuries com o cenário de queda nos juros beneficiando travar posições em ativos mais longos e de menor risco a um retorno adequado. Na bolsa, gostamos da tese de Inteligência Artificial, mas ressaltamos o stock picking e a possibilidade de correção nos próximos meses, em especial de olho na temporada de balanços. Mantemos a maior parte da nossa alocação em empresas de value. Já nas demais classes, ainda apostamos na volta dos fundos multimercados aqui e lá fora. Quanto às commodities, fevereiro poderá ser decisivo para entender a real demanda da China para este ano, após a volta do feriado do Ano Novo Lunar. No setor imobiliário. FIIs e REITs podem se beneficiar do ciclo de flexibilização da política monetária aqui e lá fora.
Novamente, os movimentos recentes de mercado mostram como a diversificação deve, obrigatoriamente, fazer parte da estratégia de investimentos. Janeiro mostrou a necessidade, inclusive, da diversificação do risco país, via oportunidades de investimentos no exterior, aproveitando estes momentos de discrepância que acontecem com frequência. Ressaltamos também a cautela com a euforia e as reações exageradas. Na dúvida, sempre bom voltar aos fundamentos.
Contem com a gente!
Gabriela Joubert, Estrategista-chefe