No Brasil, PIB em alta e inflação em queda
Os dados macroeconômicos continuam apontando para a melhora na economia. O PIB do 2º trimestre teve alta de 1,2%, e ficou acima da expectativa. O investimento surpreendeu subindo 4,8% no trimestre, puxado pelo bom desempenho da construção. Marcos regulatórios e novas concessões e privatizações contribuem para um cenário favorável para o investimento privado no pais. O setor de serviço também mostra crescimento resiliente e vem contribuindo para a melhora do mercado de trabalho que, em julho, teve nova queda da taxa de desemprego com crescimento da massa salarial, o que deve manter o consumo nos próximos meses. Os índices de confiança de agosto também tiveram alta e devemos ver novas revisões de crescimento para 2022. Nossa revisão preliminar aponta para PIB de 2,6% no ano.
IPCA cai e Copom deve manter os juros a partir de setembro. Em agosto devemos novamente ver deflação no IPCA, devido à queda dos preços da gasolina. Mas além dos preços monitorados que ainda sofrem o impacto da redução de impostos, a inflação de bens em geral dá sinais de arrefecimento. Com isso, esperamos que na reunião do Copom de setembro, a taxa Selic seja mantida em 13,75%. Os juros de mercado, tanto as taxa pré-fixadas como indexadas a inflação tiveram queda ao longo do mês, refletindo o cenário de expectativa de fim do ajuste na política monetária. Mas o cenário externo continua desafiador e trazendo volatilidade também para os mercados aqui.
A Bolsa em ago/22: Destoando dos pares internacionais
O Ibovespa encerrou mais um mês de forte alta, avançando 6,2%, apesar da maior aversão ao risco nos mercados internacionais que se alastrou por todo o mês de agosto, com mercados precificando um FED mais agressivo em seu movimento de aperto monetário.
Internamente, a temporada de balanços do 2T22 mostrou um cenário mais benéfico para as companhias no geral, com recuperação da atividade refletida em melhores números de mercado de trabalho e sinais de inflação já desacelerando no país. O provável fim do ciclo de alta da SELIC, bem como a deflação reportada nos últimos meses impulsionaram os papéis locais, descolando o Ibovespa de seus pares externos.
A fala de Jerome Powell em Jackson Hole afirmando que a instituição será incisiva em seu objetivo de controle de custos, mesmo que isso signifique juros mais altos por um período mais longo, levou à piora no humor e setembro inicia em meio à cautela.
Diante disto, vemos setembro mais favorável às companhias voltadas ao consumidor local e mais desafiador às exportadoras, com China também pesando negativamente.
Varejo & Consumo seguem como destaque, juntamente com setor imobiliário.
Seguindo o movimento iniciado no mês anterior, vimos as companhias do setor de Varejo & Consumo beneficiadas por um cenário de recuperação de atividade, mercado de trabalho mais aquecido e menores pressões inflacionárias à frente. O ICON, índice que mede o desempenho do setor, avançou cerca de 7% no período. Destaque para as empresas de e-commerce e do setor alimentício.
Mesmo racional foi observado para as companhias no segmento de Construção, que subiram em bloco, beneficiadas por menores pressões de custos medidos pelo INCC, ajudado pela queda expressiva das commodities metálicas nos mercados internacionais e pelo provável fim do ciclo de alta de juros no país.
Mais uma vez, as empresas de commodities tiveram um mês de queda em virtude de um cenário desafiador na China, que lida com novos surtos de covid, desaceleração econômica, crise no setor de Real Estatee problemas com fornecimento de energia em razão de uma onda de calor que se alastra pelo país. O IMAT teve desempenho negativo no mês, com as companhias de commodities metálicas pesando, mas amenizado pelas ações das petroleiras, que ainda refletem o bom momento do petróleo no exterior.
Já o IFNC (Financeiro) recuperou as perdas do mês anterior e teve importante avanço, de mais de 10%, com indicadores econômicos favorecendo e compensando receios de maior inadimplência.
Desempenho – Ago/22: Mercado interno brilha, com cenário favorável de juros e inflação
Mais uma vez o desempenho das companhias de commodities pesou negativamente no portfólio, consumindo parte dos ganhos no período. As maiores quedas vieram de GGBR4, que retraiu 4,7% e KLBN11, cedendo 5,5%. No entanto, compensando para as exportadoras, BEEF3 foi a maior alta da carteira, avançando 17,9%, beneficiada pelos números do 2T22 e pelo cenário positivo de exportação e inflação alimentar. No consolidado, a carteira avançou 4,1% ante o mês anterior, ficando 2,10 p.p. abaixo do benchmark.
Nos destaques positivos, acertamos novamente com ASAI3 que avançou 16% no mês, beneficiadas pelo repasse da inflação alimentar e preferência do modelo Atacarejo, bem como volta do setor de serviços.
Ressaltamos também o desempenho em linha de ITSA4, que segue com desconto de holding acima da média, apesar das boas perspectivas diante de sua nova estratégia de investimentos, buscando ativos mais diversificados.
Carteira Retorno – Set/22: Diversificação e foco no mercado interno
Optamos por um portfólio ancorado na diversificação, focando em ativos mais voltados à economia interna, apesar de mantermos certa exposição a alguns setores exportadores.
Para as commodities, mantivemos BEEF3 representando os Frigoríficos, com sua posição estratégica nas exportações, e GGBR4 para as siderúrgicas, em virtude de sua diversificação tanto geográfica, quanto de produtos, o que a torna mais resiliente que as demais. A novidade fica por conta de PETR4, que adentra o portfólio baseada no bom momento ainda para as petroleiras no mercado global.
No setor financeiro, mantemos ITSA4 e BBSE3 representando as seguradoras.
No segmento de Varejo e Consumo, seguimos com ASAI3, em virtude da expectativa de manutenção dos drivers no varejo alimentar e seus fundamentos de expansão bastante sólidos, além dos bons resultados do 2T22, bem como LREN3, seguindo o momento de inflexão do setor de Vestuário. Para o setor de Saúde, sai RADL3 para a entrada da gigante RDOR3.
Com os melhores ventos na construção, optamos por incluir CYRE3 no portfólio, ressaltando sua resiliência e diversificação.
No setor de Utilities, mantivemos exposição menor, mas substituímos ENBR3 por SBSP3.