Cenário interno é destaque
Apesar do mês de setembro bastante negativo no cenário externo, aqui no Brasil o mercado acompanhou a elevada volatilidade, mas não a realização. Os dados macroeconômicos domésticos seguem mais positivos, principalmente a queda mais rápida da inflação. Tanto o IPCA-15 como o IGPM mostraram deflação maior que o esperado e as revisões de IPCA para o ano continuam. O próprio BC revisou seu cenário de IPCA esperado para 2022 para 5,8% e vemos risco de baixa tanto para 2022 como 2023. Dados de atividade continuam mostrando crescimento positivo no trimestre, ainda que em menor ritmo, e o resultado fiscal acumulado até agosto mostrou superávit ainda significativo no ano, com nova redução da dívida/PIB para 77,5%. O mercado de trabalho continua surpreendendo com forte geração de empregos e nova queda da taxa de desocupação, para 8,9%, menor patamar desde 2015. Com isso, os mercados domésticos tiveram boa performance no mês de setembro, comparado com o cenário externo.
O inicio de outubro segue fortalecendo essa visão, reforçada pela redução do risco eleitoral com o resultado do primeiro turno mostrando uma disputa mais acirrada e um congresso mais de centro direita. O primeiro dia do mês foi marcado por forte alta nas bolsas e nova queda dos juros, com alívio no risco de que politicas de maior expansão de gastos em 2023 serão mais difíceis de aprovação no congresso, e o atual arcabouço fiscal com o teto de gastos deve ser mantido, ainda que como alguma flexibilização.
Nosso cenário base permanece com Selic em 13,75% até o primeiro trimestre de 2023, com a queda de juros podendo iniciar entre março e maio do próximo ano, com a convergência mais clara da inflação para a meta.
Mais um mês destoando dos pares internacionais e outubro tempera a volatilidade após 1º turno
O Ibovespa encerrou setembro com alta de 0,47%, enquanto os mercados internacionais mantiveram a onda de aversão ao risco do mês anterior e encerraram não só o mês, mas o 3T em queda no ano, algo que não ocorria desde 2009, acompanhando o aumento dos juros em 75 bps pelo Fed e um comunicado mais hawkish da autarquia em prol do combate duro à alta inflação, que permanece pressionando os bancos centrais pelo mundo.
No cenário doméstico, setembro encerrou às vésperas das eleições com pesquisas indicando fechamento já em primeiro turno. Além disso, o mercado seguiu dando peso aos dados macroeconômicos, já que o movimento contrário que vivemos aqui ao mundo, com expectativas de acomodação das taxas de juros, trouxe benefícios as companhias mais sensíveis ao movimento, favorecendo no mês principalmente as ações do setor de Construção Civil.
Após o resultado do 1o turno das eleições no final de semana, outubro começou com forte alta com sinalizações de um congresso centralizado e de que o próximo governo terá que acenar à políticas econômicas mais em linha com o mercado. As estatais acabaram disparando, principalmente as Estaduais com vitória ou indicação de candidatos favoráveis às privatizações. Com isso, outubro traz uma certeza, volatilidade até o fim do mês com atenções voltadas ao cenário eleitoral.
Construção civil foi o destaque
Com o cenário domés.co em movimento contrário ao exterior, com deflação e acomodação da polí.ca monetária, o mercado brasileiro viu ações que costumam apresentar maior sensibilidade ao movimento da taxa de juros se beneficiarem no mês de setembro, caso das companhias de construção civil, tecnologia e varejistas que atuam no e-commerce.
O setor imobiliário foi o destaque de setembro, com o IMOB apresentando retorno de 12,4% no mês, seguindo o movimento dos juros, mas também dados posi.vos da a.vidade da construção civil e expecta.vas de crescimento para 2022 se mantendo, mesmo após o ano recorde de 2021..
O mesmo racional foi observado nas companhias de tecnologia e varejo online, que com o fechamento da curva de juros acabaram apresentando forte alta no mês de agosto, caso de MGLU3, VIIA3 e LWSA3.
As ações do setor financeiro mantiveram o pace e o IFNC computou alta de 3,09% no mês, seguindo um ambiente de juros altos e spreads em alta nos últimos dados de crédito, apesar da inadimplência nos segmentos sem garantia do crédito à pessoa física ainda mostrar deterioração.
Por fim, as commodities mostraram desempenho misto em setembro, com a Vale liderando a ponta positiva, valorizando cerca de 11%, versus a Petrobras que caiu cerca de 10% no período. Na Vale, o mercado avaliou positivamente o plano de reorganização da área de metais básicos, já na Petrobras, expectativas negativas vieram de falas sobre intervenção na política de preços da companhia.
Desempenho – Set/22: Ambiente externo não deixa de contaminar alguns setores por aqui
Apesar de alguns setores terem se beneficiado do ambiente macroeconômico por aqui, algumas companhias não ficaram livres da mau-humor externo. Caso da Minerva neste mês, que caiu 18,8%, com o cenário de recessão global pressionando estimativas de demanda na China, o que causou correção nos principais fornecedores do país.
A Petrobras acabou sentindo o efeito da correção de preços do petróleo nos mercados internacionais e do cenário eleitoral aqui e caiu 10,3% no mês.
A Rede D’Or devolveu ganhos dos meses anteriores, com pressões no mercado com expectativas de que o piso salarial da enfermagem possa ser aprovado após o período de suspensão do projeto de lei e da derrubada do rol taxativo da ANS, que afeta a Sulamérica, sua futura incorporada, que ainda espera aprovação do Cade e ANS sobre a transação.
Segurando a carteira em um mês volátil, as companhias voltadas ao consumo interno e mais sensíveis ao movimento dos juros apresentaram desempenho positivo com destaque para Cyrela, que avançou 29,6% em setembro, seguida pela Itaúsa (+6,3%), Lojas Renner (+5,2%) e Gerdau (+4,8%).
Carteira Out/22: Volatilidade deve imperar com cenário eleitoral
Tendo em vista as oscilações esperadas para o período, optamos por um portfólio mais diversificado e defensivo, aderente ao índice, mantendo um beta próximo a 1 (hum).
Para as commodities, excluímos BEEF3, mas mantivemos GGBR4 representando as siderúrgicas, considerando sua diversificação tanto geográfica quanto de produtos, o que a torna mais resiliente que as demais. Neste momento, optamos por substituir PETR4 por VALE3, considerando o cenário de volatilidade à frente, e a expectativa de queda na demanda por conta de um crescimento global mais limitado.
No setor financeiro, mantemos ITSA4, e BBSE3 representando as seguradoras.
No segmento de Varejo e Consumo, realizamos nossa posição de ASAI3, excluindo-a do portfólio, mas seguimos com LREN3, apostando na recuperação do setor de Vestuário. Para o setor de Saúde, seguimos com RDOR3, mesmo com os efeitos de curto prazo que podem afetá-la com o novo piso da Enfermagem.
Mantemos também CYRE3 representando as companhias de Construção, ressaltando sua resiliência e diversificação. E incluímos MULT3, para Shoppings, apostando também no bom momento do mercado doméstico com a queda da inflação aliviando a renda das famílias.
No setor de Utilities, voltamos com ENBR3, mas mantemos SBSP3.