Panorama Econômico
IPCA surpreende com indicador acima do esperado e desaceleração mais lenta e Selic deve voltar a 2 dígitos em fevereiro
O cenário brasileiro continua a apresentar desafios para 2022. O IPCA-15 de janeiro desacelerou, mas ainda ficou acima da expectativa com avanço dos preços de bens e serviços, grupos mais preocupantes, tendo em vista o risco de inércia inflacionária. IGP-M também teve nova alta e chegou a 1,82% em janeiro, puxado principalmente pelos reajustes do minério de ferro. As surpresas inflacionárias de janeiro consolidaram a expectativa do mercado de alta 1,50 p.p. na Selic na reunião do Copom em fevereiro, levando a taxa para 10,75%, mas ainda não deve ser o final do ciclo e o BC deve ainda antever uma nova alta em março.
/ Pelo lado da atividade, os dados da indústria e varejo de novembro mostraram queda e o índice agregado foi salvo pela volta de atividades relacionadas à mobilidade dentro do grupo de serviços. A alta da inflação ainda impacta a confiança tanto do consumidor como do empresário e devemos iniciar o ano de 2022 com atividade mais fraca. Os dados de crédito do BC também já indicam uma desaceleração nas concessões e 2022 será de fato um ano de menor crescimento. A taxa de desemprego teve nova queda, maior que o esperado, mas com renda média baixa, teremos pouco estímulo para um crescimento mais relevante do consumo no ano.
A Bolsa em janeiro/22
Ibovespa descola de exterior com commodities e bancos
Apesar de início de ano conturbado, Ibovespa caminha para encerrar janeiro em campo positivo, com avanço de 6,9%, descolado de seus pares internacionais que amargam perdas em meio ao processo de aperto monetário anunciado pelo FED nas últimas semanas. Apesar da maior aversão ao risco no mercado externo, a bolsa local segue se recuperando das perdas observadas desde a metade do ano passado, quando incertezas quanto ao risco fiscal e cenário político conturbado exaltaram os ânimos, precificando um maior prêmio de risco aos ativos, apesar de dados de atividade e resultados das companhias mostrarem um cenário menos desafiador.
/ A retomada das commodities neste início de ano, com destaque para celulose e minério de ferro em razão do movimento de estocagem pré feriado do Ano Novo Chinês, e petróleo, com dúvidas sobre oferta em meio às tensões geopolíticas entre Rússia e Ucrânia, juntamente com demanda em franca expansão, contribuíram fortemente para a alta do índice no mês. A valorização das ações do setor financeiro, beneficiadas pela escalada dos juros, foi outro fator que pesou positivamente para o índice nas últimas semanas.
Desempenho da carteira – janeiro/22
Diversificação mantém o bom desempenho do portfólio
Ficamos levemente abaixo do benchmark, o Ibovespa, apesar do avanço de 5,44% no mês. Como a alta do índice foi motivada por setores mais concentrados, a diversificação limitou parte dos ganhos no mês, mas garante maior proteção em cenário mais adverso.
Ressaltamos o desempenho de MULT3 e SBFG3 que avançaram mais de 14% no período, depois dos fortes descontos nos meses anteriores e com menor pressão no setor varejista. Destaque também para BBSA3 e BBSE3 com retornos de +13,2% e +11,5%, respectivamente, resultado das boas expectativas com relação à temporada de balanços que se inicia hoje.
Na ponta negativa, KLBN11 e JBSS3 amargaram perdas com a correção do dólar no período para a primeira e percalços no setor de Frigoríficos que afetaram o desempenho da segunda.
Carteira Retorno – fevereiro/22
Pequenas mudanças, diversificação mantida
Seguimos com a estratégia de manter um portfólio diversificado a fim de minimizar os efeitos adversos de um cenário que pode se tornar mais desafiador.
Mantivemos ENBR3 e SAPR11 no segmento de Utilities por ainda acreditarmos nos fundamentos das companhias, apesar das altas recentes.
BBAS3 e BBSE3 seguem no segmento financeiro, por acreditarmos que ambas seguem bastante descontadas, oferecendo ainda boas oportunidades de entrada, apesar da alta recente, e por esperarmos bons resultados para o 4T21. Adicionamos ITUB4, aumentando nossa exposição no setor.
No segmento de commodities, seguimos com GGBR4, KLBN11 e VALE3,, por esperarmos resultados positivos no 4T21 e bons ventos para o 1T22 com o início de ano mais forte. Contudo, sai JBSS3.
MULT3 fica, apostando na recuperação de Shoppings e após prévias positivas No Varejo, SBFG3, favorita no setor, continua. Já para Elétricas, sem alterações: fica EQTL3. E em Saneamento, mantemos SAPR11.