Carteira Global Macro | Inter Recomendações
Carteira destinada para investidores que buscam diversificação em relação aos seus investimentos internacionais. Com foco na macroeconomia internacional, essa carteira é desenhada para operar ciclos macroeconômicos ao redor do mundo, em linha com o cenário macro vislumbrado pelo time de Macro Research do Inter.
A carteira é composta exclusivamente de ETFs que permitem operações long e short em diversas classes de ativos. Com isso, nós conseguimos fornecer uma nova camada de diversificação, montando uma carteira com baixa correlação com o S&P500. O horizonte relevante é de 3 a 6 meses. Apesar de não ser de curtíssimo prazo, é uma carteira que demanda um acompanhamento um pouco mais frequente
Bancos americanos sob pressão
Cenário Macro
Nossa carteira está posicionada para um cenário de recessão. Essa visão permanece, entretanto, os eventos bancários nos Estados Unidos e na Europa adicionaram ruídos importantes que alteraram algumas de nossas premissas.
A principal consequência foi o temor de uma crise sistêmica. Imediatamente após os eventos, o mercado se preparou para uma crise similar à observada em 2008. Isso gerou algumas distorções importantes e, principalmente, afetou a função- reação do Fed.
Na sua última reunião, o Fed deu fortes indícios de que a taxa de juros atingiu o pico e novas altas não acontecerão. Isso representa uma mudança de planos na política monetária americana em virtude dos eventos bancários. Até então, o Fed deixava claro que pelo menos mais duas altas ocorreriam. Entretanto, o comitê se mostra preocupado com uma recessão desinflacionária que possa ocorrer como consequência do aperto de crédito e, reconsiderando, não vê altas adicionais como sendo necessárias, com o aperto no crédito fazendo o restante do serviço para a política monetária.
A intenção do Fed é realizar um soft landing, mas a inflação americana continua pressionada e se mostra persistente, assim como a atividade econômica, que se mostra resiliente, especialmente o mercado de trabalho.
Crise sistêmica?
Cenário Macro
Após os episódios bancários, a incerteza acerca do sistema financeiro aumentou consideravelmente. O mercado passou a precificar a quebra de diversos bancos e, consequentemente, uma recessão, julgando que a crise poderia se tornar sistêmica.
De fato, diversos bancos se viram sob pressão. Entretanto, os episódios bancários não foram fruto de ativos tóxicos contaminando o balanço dos bancos, como foi em 2008. Pode-se inclusive dizer que foi um reflexo natural da política monetária contracionista. Com o aumento da taxa de juros e os bancos não pagando nenhuma remuneração sobre os depósitos, os correntistas, de maneira racional, passaram a alocar seus recursos em bonds ou money market funds, que hoje rendem próximo a 5% ao ano sem risco. Com isso, observou-se uma forte saída de recursos dos bancos, em particular os pequenos e regionais, em direção a bancos maiores e aos money market funds. Portanto, é uma crise de liquidez com pouca probabilidade de se tornar sistêmica.
Essa probabilidade é pequena justamente porque o Fed é muito bem equipado para lidar com esse risco. E o Fed fez justamente isso ao criar um novo programa, o Bank Term Funding Program (BTFP), que empresta recursos aos bancos estressados por um ano a taxas bastante atrativas, impedindo que os bancos se vejam obrigados a desfazer de seus colaterais em um momento indesejado, afetando desproporcionalmente seus balanços. Contudo, o mercado penalizou fortemente o setor bancário, criando uma oportunidade nesse cenário.
Tese inalterada para outras geografias
Cenário Macro
Continuamos vendo upsides no iene e na China. O iene tipicamente valoriza perante o dólar em momentos de estresse internacional. Dada a nossa tese de recessão global e a desvalorização que o iene sofreu ao longo de 2022, vemos grande espaço para apreciação da moeda japonesa. Além disso, a economia japonesa segue sofrendo com as pressões inflacionárias, especialmente a de salários. Com a mudança na troca do comando do Banco Central Japonês, podemos observar uma mudança de rumo na política monetária, com um eventual fim da política de controle da curva de juros tendendo a favorecer o iene.
Apesar da reabertura chinesa não ter se materializado em um boom de atividade, ainda vemos espaço para valorização do mercado de capitais chinês, especialmente após a correção sofrida nos últimos meses. A mobilidade está em níveis próximos aos observados pré-pandemia, o que deve favorecer o setor de serviços. A retomada tem se dado em ritmo mais moderado que o antecipado, mas acreditamos que a economia chinesa apresenta mais upsides que downsides, o que justifica uma pequena exposição a esse risco.
Carteira favorecida pelo aumento na incerteza
Desempenho
Dado que estávamos posicionados para uma recessão, a carteira Global Macro obteve um bom desempenho com toda a incerteza causada pela crise bancária americana. A carteira obteve retorno positivo de 2,40% no mês de março.
A nossa posição short em small caps foi a que mais se beneficiou desse cenário, fazendo valer a nossa aposta de que essas empresas recuariam mais do que as grandes companhias.
As nossas posições em bonds também se beneficiaram desse cenário, em particular os títulos mais longos, assim como a nossa posição em iene japonês, refletindo essa procura por ativos mais seguros em meio à incerteza.
Cabe destacar o desempenho da carteira versus o benchmark, que no nosso caso é o iShares MSCI World ETF, que busca reproduzir os resultados dos investimentos de um índice composto por ações de mercados desenvolvidos. Em março, o benchmark recuou 0,10%, portanto, nossa carteira gerou um ganho adicional de 2,43 pontos percentuais.
Mês de ajustes de percepção
Com o desempenho positivo da carteira e a mudança no cenário devido à crise bancária, alguns ajustes se mostram interessantes.
A nossa tese de recessão persiste, mas ela foi postergada. Com a iminente parada do Fed, nós esperamos que a bolsa americana suba em bloco num primeiro momento. Assim, colhemos os lucros e fechamos as posições em RWM, IEF e SHY.
Aumentamos a nossa posição em bonds de curtíssimo prazo através do ETF SHV para responder por 65% do portfólio. Reduzimos a posição em bonds de longo prazo através do ETF TLT de 10% para 5%. Por fim, adicionamos uma posição long no setor financeiro através do ETF Vanguard Financials Index Fund (Ticker VFH) respondendo por 10% do portfólio.
A nossa visão é de que o mercado exagerou na reação e de que uma crise sistêmica é pouco provável, portanto, o setor financeiro deverá passar por uma forte correção. Além disso, aumentamos nossa posição em ativos cash like para esperar o mercado se acalmar e voltar a se preocupar apenas com a trajetória de juros e inflação. Acreditamos que boas oportunidades aparecerão nesse momento.