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Carteira Recomendada | Dividendos | Março

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Gabriela Joubert

Publicado 16/mar10 min de leitura

Cenário Macro

Efeitos da guerra começam a se manifestar nos indicadores econômicos

O cenário macroeconômico recente é caracterizado, primeiramente, pela continuidade de uma atividade mais fraca na margem. Apesar do PIB melhor do que o esperado para o 4T do último ano, dados para janeiro mostram retração de 2,4% na indústria, com impacto dos juros mais altos em duráveis e bens de capital, e de 0,3% para o varejo ampliado, com queda mais significativa no consumo discricionário. O desempenho do setor agrícola também tem sofrido correções negativas nos últimos meses, em função do regime de chuvas atípico, mas ainda deve apresentar safra recorde no ano, em especial devido ao bom desempenho no plantio de milho.

No âmbito da inflação, o IPCA acelerou para 1,01% em fevereiro, em parte devido à coleta extraordinário de preços do grupo de educação feita no mês. O cenário de curto prazo é caracterizado por uma pressão forte nos preços de alimentos, com os choques de oferta na produção doméstica e as commodities mais caras resultantes do conflito no leste europeu, e por reajustes significativos nos preços da gasolina e do diesel. Ademais, diversos indicadores apontam para piora da inércia inflacionária, o que dificulta o atendimento do intervalo da meta nesse ano e contribui, potencialmente, para deteriorar as expectativas para 2023.

Nesse cenário, e apesar da melhora gradativa do quadro fiscal, o BC deve levar adiante a contração monetária e aumentar a taxa Selic para 11,75% na próxima reunião. Com isso, o juro real ex-ante próximo de 7,0% deve elevar o custo do crédito a consumidores e firmas e frear a demanda agregada, levando a uma desaceleração da atividade e normalização da inflação no médio prazo.

A Bolsa em Mar.22

Apesar da alta das commodities, Ibovespa arrefece com maior aversão ao risco

Aversão ao risco pesa

Mesmo em cenário favorável para as commodities, com a escalada dos preços observada desde a eclosão do conflito entre Rússia e Ucrânia, e que vem beneficiando as empresas no setor, o Ibovespa não resistiu a maior aversão ao risco e cede quase 4% desde o início do mês.

O cenário de aumento de preços e maior pressão inflacionária que deve culminar em alta de juros aqui e lá fora, contribuiu para um menor apetite por ativos de renda variável, em especial para mercados emergentes, apesar do desempenho ainda positivo no ano da bolsa doméstica, descolada dos pares internacionais.

Ativos corrigem aqui e lá fora

Falando em pares internacionais, além da pressão negativa advinda do cenário de guerra, soma-se agora o aumento dos casos de covid na China, levando à uma forte correção generalizada nos preços das commodities nos mercados externos, pressionando bolsas não apenas na Ásia, mas também na Europa.

Nos Estados Unidos, os mercados se posicionam antes do início do do ciclo de aperto monetário e seguem em queda no ano, também influenciados pelas maiores incertezas quanto ao suprimento global, inflação e desaceleração econômica mundial.

Desempenho

Setor de Utilities carrega carteira no período

A diversificação mais uma vez beneficiou a carteira que, mesmo com os percalços do período, conseguiu superar tanto o IDIV quanto o Ibovespa no período, avançando 1,5%.

O destaque positivo ficou por conta do setor de Utilities, em especial ENBR3 e TAEE11, que avançaram 6,4% e 8,5%, respectivamente, beneficiada pelos avanços dos índices inflacionárias, que impactam diretamente as receitas no setor.

Destacamos também o desempenho de GGBR4, com avanço de 3,9%, impulsionada pelos resultados do 4T21, bem como as boas perspectivas para 2022, principalmente em se tratando da ON América do Norte.

Na ponta negativa, tivemos BBSE3 e BBDC4, que foram influenciadas pelos seus pares internacionais, e ODPV3, em realização após resultados.

Carteira Dividendos

Manutenção das recomendações, após dados do 4T21 atenderem expectativas

Com a maior parte dos resultados do 4T21 já divulgados e, em maior parte, agradando ao atender nossas expectativas, optamos pela manutenção da nossa carteira para o próximo ciclo.

Apesar da maior aversão ao risco, lembramos que as companhias com características proventistas são geralmente mais resilientes a momentos de crise, principalmente por serem empresas mais maduras, consolidadas e mais previsíveis, na maioria das vezes. Assim, em situações de maior volatilidade, elas acabam servindo como porto seguro, tornando-se boas opções para proteção.

Ante o esperado em termos de incertezas e, obviamente, maior volatilidade, acreditamos que a atual seleção pode seguir desempenhando favoravelmente, com base nos fundamentos que, para os setores em questão, seguem positivos ou com riscos minimizados.

A diversificação que vem ajudando deve continuar exercendo sua função tão necessária para as próximas semanas.

Mais uma vez, ressaltamos que os desafios para 2022 ganham força com inflação e custos, além de desaceleração esperada para a economia.


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