Cenário Macro
As últimas semanas trouxeram a divulgação de dados de atividade melhores que o esperado para o final do último ano. O indicador de atividade do Banco Central cresceu 0,33% em dezembro, refletindo o avanço da indústria, dos serviços e do varejo ampliado, e apontou para estabilidade do PIB no último trimestre. À curto prazo, no entanto, o cenário deve seguir desafiador para o crescimento econômico, em função do crédito mais restritivo, da massa salarial das famílias comprometida pela inflação e desemprego e da incerteza eleitoral.
No âmbito da inflação, o IPCA desacelerou para 0,54% em janeiro, com pressão de alta concentrada nos alimentos. Prospectivamente, o indicador deve seguir impulsionado pelo avanço das commodities agrícolas e pela persistência dos preços de bens industriais e serviços em alta, além de apresentar inércia preocupante.
Nesse cenário de baixa probabilidade de cumprimento do intervalo da meta de inflação no ano, o Banco Central tem adotado posicionamento mais hawkish. Com base na última ata, o relatório Focus projeta Selic avançando para 12,25% até maio e se mantendo nesse patamar bastante contracionista até o final do ano. Dessa forma, o custo do crédito deve seguir com tendência de alta, com impactos negativos para a demanda e a atividade econômica nos próximos meses.
A bolsa em fevereiro
Ibovespa avança
A primeira metade do mês foi marcada pela alta volatilidade nos mercados internacionais em meio ao enrijecimento das tensões entre Rússia e Ucrânia e dados de inflação acima do esperado nos Estados Unidos . Localmente, a bolsa seguiu sua trajetória de alta, em descompasso com seus pares, avançando na esteira das commodities, em especial o petróleo, que bateu novo recorde, e bancos, com resultados surpreendentes na temporada do 4 T21 .
Mundo cede
Lá fora, a aversão ao risco tomou conta e as bolsas continuaram e seu momento de correção . A situação delicada entre Rússia, Ucrânia e Otan trouxeram ainda mais incertezas para um mercado lidando com inflação acima do esperado e possibilidade de aperto monetário mais intenso a partir de março deste ano . Contudo, as notícias recentes sobre novas negociações com a Rússia trouxeram alívio e as bolsas se recuperam, antes de novos dados que deem o tom do FED na próxima reunião
Carteira de dividendos em fevereiro
Optamos por manter nossa Carteira inalterada para o próximo mês, em virtude da ausência de catalisadores que possam alterar significativamente os fundamentos das companhias elencadas.
Estamos no meio da temporada de resultados do 4T21, momento em que as companhias não apenas reportam o fechamento do ano, mas também as perspectivas atualizadas para o ano que se inicia. Com isso, optamos por aguardar pelos balanços atualizados das empresas e calls com analistas a fim de confirmar nossas expectativas e, caso necessário, efetuar as alterações necessárias no portfólio.
Ante a temporada de balanços, conforme relatório de prévias consolidadas (leia aqui), esperamos números semelhantes ao observado ao longo de 2021, com setores que performaram bem encerrando com receitas e margens ainda em patamares elevados, e setores que mostraram evolução em 2021, mantendo a tendência positiva de recuperação.
Entretanto, ressaltamos que os desafios para 2022 ganham força com inflação e custos, além de desaceleração esperada para a economia.