Setembro confirmou, mais uma vez, o sentimento negativo que perdura nos mercados globais, reforçado pelo cenário de inflação galopante, juros em alta e consequente desaceleração econômica. Nos Estados Unidos, o FED trouxe mais uma forte elevação dos juros, em 0,75 p.p., e reforçou um cenário mais restritivo, com taxa final em 4,6% em 2023, mantida ao longo de todo o ano, contrariando as expectativas de mercado de uma reversão mais rápida na política monetária contracionista da instituição. Com isso, empresas e analistas passaram a revisar suas expectativas de crescimento dos lucros esperados, já para esta temporada de resultados, pressionando os ativos de renda variável, principalmente.
Na Europa, a crise energética ainda é pauta e preocupa e, ao longo do mês, adicionou-se um movimento coordenado dos Bancos Centrais na região com elevação de suas respectivas taxas de juros, seguindo o Banco Central europeu, que anunciou +50 bps na última reunião. Com juros mais altos, guerra e escassez de energia, vimos mais uma vez a produção no continente recuar, assim como o sentimento do consumidor.
Enquanto isso, na Ásia, o governo chinês continua sua batalha para conter o hard landing que vem se desenhando na economia do país. Os estímulos anunciados ainda penam para conter os efeitos da política anti-covid adotada. Contudo, em setembro, alguns dados dão sinais de melhora conforme vemos flexibilização de algumas medidas restritivas, mas para o longo prazo a visão ainda é de cautela.
Temporada de balanços deve pressionar ativos
Com o cenário externo ainda desafiador, prevalece a cautela, apesar dos rallys que tendem a aparecer. A temporada de resultados deve trazer ainda mais pressão negativa para as ações das companhias, conforme as expectativas vão se ajustando à nova realidade de juros mais elevados e demanda arrefecendo. No início de setembro, a maior empresa de logística do mundo, FedEx, revisou suas projeções para o ano, antecipando agora uma demanda bem abaixo do esperado anteriormente, tendo em vista o observado no mês de agosto em todo o mundo. O Banco Mundial e o FMI revisaram também para baixo suas perspectivas de crescimento do PIB global, em razão do cenário de juros mais elevados, pressões inflacionárias e choques ainda presentes na cadeia de suprimentos, em especial na Europa.
Para este mês que inicia, e que traz consigo a temporada de balanços do 3T22, vemos ainda o setor de energia e empresas não-cíclicas se beneficiando, assim como o setor financeiro, com a alta dos juros, apesar da corrente situação de risco com o Credit Suisse, na Europa.
Assim, mantemos a cautela e a diversificação segue sendo nossa principal recomendação neste momento.
Acima do benchmark, mas mercado se mantém desafiador
Diante da forte apreensão nos mercados externos, o índice BDRX apresentou uma forte queda de 8,38%, enquanto nossa carteira recomendada caiu 6,54%, ficando 1,84 p.p acima do benchmark.
O principal retorno negativo da carteira foi a CMCS34, que após apresentar uma maior dificuldade na evolução de assinantes, sofreu uma forte correção de 15,33% com maior instabilidade nos mercados. Com grandes projetos de expansões no segmento de veículos elétricos, porém sem muita clareza de onde vira o recurso necessário para a implementação, as ações da GMCO34 apresentaram também expressiva queda, de 13,64%, pensando na maior dificuldade de financiamento em um possível cenário de recessão.
Na ponta positiva, a CVSH34 apresentou uma alta de 0,86% ainda impulsionada pelo melhor momento do consumo não-cíclico.
Foco em energéticos e empresas não-cíclicas
Entramos no último trimestre do ano com mercados retomando parte das perdas das últimas semanas, mas o cenário ainda é de cautela. Com a crise energética que domina os mercados globais, vemos as empresas do setor ainda se beneficiando de drivers importantes, principalmente com a oferta ainda em descompasso com a demanda, mesmo em cenário de desaceleração. Com isso, mantemos COPH34 na carteira, representando as petrolíferas, mas adicionamos também a FSLR34, empresa de painéis solares, como uma aposta mais de longo prazo.
Mantivemos COCW34 no setor de Varejo alimentício e PGCO34 para consumo não-cíclico. CVHS34 também segue no portfólio, representando as companhias no setor de saúde e aqui adicionamos MRCK34, como nova representando de farmacêuticas.
No segmento financeiro, apesar dos receios diante da situação do Credit Suisse na Europa, mantivemos GSGI34 e MSBR34, neste momento.
Representando as companhias de tecnologia, seguimos com MSFT34, mas removemos CMCS34 do portfólio em virtude das fortes mudanças de fundamentos.
Na indústria GMCO34 mantida, pensando ainda na recuperação do setor automotivo e ascensão dos veículos elétricos.
AALL34 sai do portfólio.