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Carteira Recomendada | BDRs | Julho

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Gabriela Joubert

Publicado 01/jul15 min de leitura

O mês de junho encerrou um semestre marcado pela confirmação do bear market nos Estados Unidos e discussões cada vez mais calorosas quanto a uma possível recessão na maior economia do mundo, enquanto o FED se movimenta para conter uma inflação em níveis elevados e uma economia com dados ainda estimulantes. Com isso, a aversão ao risco que já vinha se desenhando ao longo do semestre, ganhou força neste trimestre e os mercados responderam, pressionando os ativos, especialmente as companhias de growth. O Nasdaq teve seu pior desempenho semestral desde sua criação, enquanto o DOW e o S&P500 desvalorizam em níveis observados pela última vez há mais de cinco décadas.

Na Europa, além dos impactos da inflação e início do ciclo de aperto monetário anunciado pelos bancos centrais na região, mesmo que tardio, o velho continente lida com o ainda corrente cenário de guerra na Ucrânia, que vem limitando recursos e avanço da oferta, potencializando ainda mais os riscos na região.

Do lado oposto, após meses de lockdown e restrições para controle da covid, as bolsas chinesas reverteram a tendência baixista e iniciaram um movimento de recuperação desde o início de junho, apresentando-se como alternativa às bolsas de economias desenvolvidas, e impulsionando alguns papéis ligados à commodities e varejo de luxo.

Ciclo de aperto monetário confirmado, foco agora é na desaceleração global

Enquanto no último mês as discussões se davam quanto ao início tardio de alguns BCs sobre uma política monetária mais restritiva, em junho a pauta foi recessão nos Estados Unidos e desaceleração global.

Não sendo mais uma questão de “se”, mas de “quando”, o temor de uma recessão na maior economia do mundo se espalhou nos mercados globais, levando ao pior desempenho semestral em décadas. Não à toa, o sentimento de confiança do consumidor mostrou deterioração ao longo do mês, colocando ainda mais pressão sobre as autoridades monetárias no país.

Contudo, dados macroeconômicos mostram uma economia ainda forte, com mercado de trabalho aquecido e dados de atividade razoáveis.

Julho inicia ainda sob cautela, com investidores processando dados de inflação nos Estados Unidos, medido pelo PCE, sinalizando moderação. Ao mesmo tempo, suavização das pressões na cadeia de suprimento podem indicar mais alívio à frente para as pressões de inflação.

Em sua próxima reunião, na qual dava-se como contratado um novo aumento de 75 bps na taxa de juros, o FED poderá vir com uma posição mais amena, com elevação de 50 bps, refletindo os sinais recentes. Contudo, a cautela ainda prevalece em meio a tantas incertezas em jogo, preços de commodities em patamares elevados e oferta ainda limitada por gargalos globais.

Desempenho – Jun/22: Commodities recuam e pesam negativamente. Consumo não-cíclico contrapõe

A variação cambial favoreceu o BDRX ao longo do mês, compensando as perdas observadas no exterior, fazendo com que o índice fechasse no zero-a- zero. No entanto, a carteira foi pressionada pelas ações das petroleiras e do setor industrial, que amargaram fortes perdas no período.

Com a deterioração do cenário externo e correção dos preços de petróleo ao longo do mês (apesar da recuperação dos últimos dias), COPH34 e OXYP34 sofreram correções, após os fortes ganhos observados desde o ano passado. Também contribuíram negativamente para o desempenho no mês CATP34, que apresentou o maior recuo da carteira. BOAC34 teve queda de 8,3%, seguindo desempenho negativo do setor no período.

Na ponta positiva, as empresas de consumo não-cíclico e farmacêuticas foram o grande destaque, com JNJB34, PGCO34 e CVSH34 avançando 9,4%, 6,6% e 5,1%, respectivamente. Mesmo com o setor de tecnologia em queda, as BDRs da MSFT34 tiveram desempenho positivo, devido ao seu caráter mais correlacionado à economia local.

Fonte: Bloomberg, Inter Research.

Carteira – Jul/22: Mais uma vez, cautela e diversificação

Com um cenário ainda desafiador à frente, e considerando os direcionadores macroeconômicos nos Estados Unidos, bem como o sentimento de cautela que se instaurou na população, optamos por manter nossa exposição ao varejo não-cíclico no mês, levando em consideração sua peculiaridade mais defensiva em momentos de crises, como o atual. Reduzimos também nossa exposição ao setor de Óleo&Gás, uma vez que em cenário de menor crescimento global, poderemos ver sinais de demanda geral arrefecendo.

Assim, vamos manter nossa exposição ao setor de Óleo&Gás, com a OXYP34, mas excluímos COPH34 do portfólio. No setor de indústrias, mantemos CATP34 considerando o movimento de recuperação esperado nos resultados do 2T22. Pensando em um movimento mais defensivo, mantemos a diversificação entre setores, mas buscamos empresas com comportamento mais aderente ao índice. Desta maneira, seguimos com MSFT34 representando o setor de Tecnologia, mantemos CMCS34 para Entretenimento, e continuamos com CVSH34, JNJB34 e PGCO34 nos setores Farmacêuticos e Varejo não-cíclico.

Já para o setor financeiro, mantivemos BERK34, mas optamos por substituir BOAC34 por MSBR34, uma vez que as perspectivas de crescimento para o ano estão em melhor patamar. Além disso, no geral, a autorização de novos proventos e buybacks no setor pode potencializar os retornos esperados dos ativos no segmento como um todo.

Fonte: Bloomberg e Inter Research*, em 30/06/2022

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