Dezembro marcou o fim de um ano de forte correção para as bolsas norte-americanas e 2022 encerrou com a maior queda desde 2008, com o S&P500 perdendo cerca de US$ 8 bilhões em valor de mercado. O movimento refletiu os impactos iniciais dos choques nas cadeias de suprimentos pós-covid, seguido por alta de preços, levando ao maior nível inflacionário em 40 anos, o que culminou em uma política monetária restritiva por parte do FED, elevando juros e, consequentemente, o prêmio de risco nas ações das empresas.
As gigantes da tecnologia, grandes vencedoras da última década, foram as principais correções dos índices, com a Tesla liderando, ao acumular queda de 68% no ano. Dentre os grandes setores do S&P500, o destaque negativo ficou por conta de Serviços e Comunicação, que apresentou recuo de 41%, seguido por Consumo Discricionário e Varejo, com respectivas quedas de 38% e 35%. Na ponta positiva, o setor de Energia, que avançou 58%, refletindo a alta dos preços do petróleo.
Já para 2023, o cenário de juros mais elevados levará o foco aos lucros corporativos e os impactos das despesas financeiras nos resultados das companhias, em especial as mais alavancadas. O setor de Real Estatepassará também por desafios, conforme os juros mais restritivos limitam o apetite por novas hipotecas. Mesmo comportamento devemos ver para o setor de varejo e consumo discricionário, ainda pressionados por inflação que, apesar de apresentar sinais de desaceleração, deve seguir em patamar ainda elevado nos primeiros meses do ano.
Dezembro foi marcado pelas decisões de política monetária
Após quatro altas consecutivas de 75 bps, o Fed aumentou a taxa de juros em 50 bps, o que era amplamente esperado. Entretanto, havia ainda a expectativa de que o Fed desse início ao pivot, e deixasse a porta aberta para uma redução na taxa de juros nos próximos meses. Porém, Powell, presidente do Fed, não se mostra disposto a arriscar um alívio prematuro nas condições financeiras e outros membros do Fed já́ declararam desconforto com a leitura mais dovish do mercado.
Portanto, apesar do fim do ciclo estar próximo, o Fed pretende manter a taxa de juros em patamar restritivo por um longo período, com a expectativa dos membros do FOMC para a taxa de juros ao fim de 2023 e 2024 sendo 5,1% e 4,1%, respectivamente, frustrando a expectativa do mercado. Assim, a economia americana caminha para uma desaceleração em 2023.
Ao longo da história, os bancos centrais raramente conseguiram liderar um processo de desinflação sem causar uma recessão. Dessa vez não parece ser diferente. De fato, alguns indicadores sugerem isso, como a inversão da curva de juros. Além disso, o Fedda Filadélfia calcula a probabilidade de uma recessão ocorrer nos próximos trimestres e atualmente ela está no maior patamar da história (43,5%), acima de períodos em que a economia americana de fato entrou em recessão.
Assim, mantemos a cautela e a diversificação segue sendo nossa principal recomendação neste momento.
Desempenho Dez/22 | Carteira encerra ano com desempenho acima do benchmark
Apesar dos desafios ao longo do ano, com recuo de cerca de 20% do S&P500, nossa carteira recomendada encerrou 2022 com desempenho acima do BDRx, nosso benchmark, beneficiada pela estratégia de diversificação. Especificamente em dezembro, nosso portfólio ficou 1,1 p.p. acima do BDRx.
Nos destaques positivos, a PGCO34 avançou 3,84%, beneficiada pelo momento favorável a companhias de bens essenciais. MRCK34 também teve desempenho positivo no mês, seguindo com boas notícias sobre alguns medicamentos específicos para Alzheimer. A COCA34 manteve sua rota ascendente, recuperando parte das perdas dos últimos meses.
Já na ponta negativa, destacamos a queda expressiva de GSGI34, motivada pela correção em praticamente todos os papéis do setor, mas com maior expressividade para o banco, que também sofreram com as notícias de demissões esperadas para janeiro. Também a FSLR34 recuou mais de 9% no mês, revertendo parte dos ganhos do mês anterior, caminhando contrariamente à evolução dos preços de petróleo.
Carteira Jan/23 | Cautela prevalece em início de ano incerto
Com as incertezas que pairam sobre 2023, optamos por mantes nossa carteira diversificada, focada em setores mais defensivos, como o Farmacêutico, enquanto seguimos apostando nos segmentos de Consumo não-discricionário e Óleo&Gás, além de manter exposição ao setor Financeiro.
Assim, mantemos COPH34 representando as companhias de commodities, especificamente no setor de Óleo&Gás, enquanto ponderamos com FSLR34, apostando também na ascensão das empresas de energia alternativa, como a solar, por exemplo.
No segmento financeiro, não houveram mudanças e continuamos com JPMC34 e GSGI34, em virtude do cenário de maiores juros e, consequentemente, maior spread bancário, o qual deve beneficiar os resultados das instituições financeiras ao longo de todo o ciclo altista dos juros.
Representando as companhias de tecnologia, seguimos com MSFT34, empresa já consolidada e líder em seu segmento, o que nos dá a exposição que queremos ao setor de tecnologia, sem o risco excessivo que vemos para estes papéis agora.
Para Varejo, seguimos com COCA34, PGCO34 e WALM34.
A principal mudança veio para o setor de Saúde, com a retirada de CVSH34 para a entrada de JNJB34, em razão da posição mais defensiva desta última.