A política monetária e a inflação
Ao longo dos últimos meses, a inflação tem surpreendido os Bancos Centrais ao redor do mundo. Seja no Brasil, nos Estados Unidos ou na Zona do Euro, as divulgações vêm superando as metas oficiais e as expectativas dos analistas, levando as autoridades monetárias a avaliarem a elevação dos juros como ferramenta para conter o aumento de preços. No entanto, como os Bancos Centrais quantificam o aumento de juros necessário para domar a inflação em cada país?
A Regra de Taylor
Em 1993, o economista americano de Stanford, John Taylor, propôs o uso de uma regra simples que auxiliasse as autoridades na condução da política monetária. Em geral, a ideia era fornecer um arcabouço que delineasse o caminho que um Banco Central deveria seguir para conduzir a inflação de um país a uma meta pré-determinada, evitando que houvesse um excesso de discricionariedade nas mãos do tomador de decisão.
A Regra de Taylor, em sua forma mais simples, fornece uma relação matemática entre a taxa de juros que deve ser implementada e três outras variáveis: o desvio da inflação em relação à meta, da atividade econômica em relação ao nível potencial (hiato do produto) e o juro neutro.
Conforme a equação mostrada acima, onde todos os coeficientes são positivos, três relações entre as variáveis se tornam evidentes. Em primeiro lugar, quando a inflação está acima da meta no horizonte relevante, a taxa de juros deve ser fixada acima do nível neutro. Em segundo lugar, quando a economia está aquecida e o hiato do produto é positivo, os juros também devem ser elevados, visto que esse cenário aponta para aceleração da inflação à frente. Por fim, uma mudança do juro neutro, o que geralmente está associado a uma variação do prêmio de risco de um país, também impacta o juro prescrito na mesma direção.
Como essa regra é usada no caso brasileiro?
O Banco Central brasileiro também se vale de uma versão da Regra de Taylor para definir a Selic compatível com cada conjuntura econômica. De acordo com o Relatório Trimestral de Inflação do quarto trimestre de 2021, essa regra é usada em um modelo para definir a taxa de juros nos cenários projetados para a inflação. Vale citar que a versão utilizada pela autoridade monetária, um pouco mais complexa do que a mostrada acima, não incorpora explicitamente o hiato do produto, visando encontrar mais aderência aos dados históricos brasileiros.
Apesar de existirem diversas versões possíveis da Regra de Taylor, e da incerteza na estimativa dos parâmetros necessários, esse arcabouço tem se mostrado um guia útil na condução da política monetária doméstica. Em particular, a análise da última década mostra que uma Selic significativamente abaixo do prescrito pela regra está associada a uma aceleração da inflação nos anos seguintes, o que traz custos econômicos elevados para a sociedade.
A Regra de Taylor e o mercado financeiro
No mercado financeiro, o entendimento da Regra de Taylor também contribui para o processo de decisão de investimento. Conforme explicado, essa ferramenta permite antever os próximos passos da política monetária, tendo em vista as informações correntes sobre inflação, atividade e risco país. Dessa forma, o investidor pode adequar seu portfólio de ações e títulos de renda fixa em função da trajetória mais provável para a Selic nos meses seguintes, evitando riscos e auferindo retornos elevados.
Gostou? Fique ligado para mais dicas!