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Inter Dica | Hard vs Soft Commodities

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Manuela Granja

Publicado 30/set4 min de leitura

Com uma representatividade de mais de 30% do PIB brasileiro, as commodities são essenciais para a dinâmica da economia do país e do mundo, além de ser o pilar da segurança alimentar e energética. Nos últimos anos, o árduo cenário que o mundo presencia pode ser explicado, em partes, pelos efeitos das altas das commodities no mercado, principalmente em detrimento do choque entre a oferta e demanda, após vermos um aumento do consumo com volta das atividades pós-período pandêmico, limitação da oferta de matéria-prima com diversos efeitos climáticos que atingiram o planeta e impactos das paralisações, e por fim, pelo cenário econômico mais adverso. Desse modo, levando em conta a importância das commodities para o dinâmica e funcionamento da economia, nesse Inter Dica te explicaremos qual a diferença entre soft e hard commodities.

Primeiramente, o que é uma commodity?

De maneira resumida, o termo commodity representa a matéria-prima básica, ou seja, pouco ou nada processada, destinada para produção de mercadorias mais aperfeiçoadas. Dentre elas, os principais segmentos são:

1. Agropecuária: açúcar, algodão, boi, café, milho, soja, trigo e outras.

2. Energia: carvão, etanol, gás natural, petróleo e outras.

3. Financeira: dólar, euro e demais moedas, além de títulos públicos negociados em diversos mercados.

4. Metais: cobre, níquel, minério de ferro, ouro, prata, zinco e outros produtos usados para atividades industriais ou metais preciosos.

Para que um produto seja classificado como uma commodity é necessário que seja (i) produzido em larga escala, com (ii) alta perenidade e características uniformes entre si, (iii) não conter distinção entre marcas que a produzem e, por último, que seja (iv) altamente comercializada no mercado global.

O seu preço é uma das características mais relevantes desse ativo, visto que, como em sua maioria, uma commodity tem a mesma qualidade em todos os mercados e é negociada globalmente em larga escala, o seu valor está diretamente atrelado à equação de oferta e demanda e muitas vezes aos mercados externos. No caso da soja, por exemplo, o preço referência para sua cotação diária é a bolsa de Chicago, sendo assim, o valor desse grão em todos os países exportadores reflete essa cotação.

Como as negociações dessas mercadorias acontecem mundialmente, impulsionadas pela oferta e demanda, o seu preço é extremamente volátil e relacionado com a dinâmica global. Um exemplo recente é a situação da Ucrânia com a Rússia, no qual a guerra abalou todo o mercado de commodities, levando os preços do trigo, milho, gás natural e demais produtos às alturas. Isso porque as restrições comerciais com a Rússia e Ucrânia, que são grandes produtores de commodities agrícolas e energéticas, ocasionou uma limitação da oferta destes produtos, além de dificultar a mobilidade pela região do Mar Morto, o que prejudicou ainda mais a disponibilidade e os negócios na região, atingindo os preços desses produtos globalmente e, nesse caso, estimulando a inflação mundial.

Por fim, tendo em vista a sua importância para o mercado, as commodities também são vistas como investimento, sendo fortemente comercializadas no mercado futuro das bolsas ao redor do mundo. (Se quiser entender mais sobre o mercado futuro, confira aqui nosso Inter Dica). Além dos derivativos, diversas companhias que contém exposição a commodities, por meio da produção ou exportação, possuem capital aberto, como a Vale, Petrobrás, SLC Agrícola, Gerdau, Raízen, JBS e outras empresas nacionais, sendo opções indiretas de investimento nesse segmento.

Hard Commodity

As hard commodities consistem em recursos naturais que necessitam ser minerados ou extraídos do solo e englobam o segmento de metais e alguns produtos energéticos. Elas possuem um papel essencial para metrificar a saúde econômica de um país, principalmente por estarem atreladas às atividades industriais e refletirem diretamente na rentabilidade das companhias, sendo assim, podem servir como um monitoramento da situação econômica futura.

Nesse segmento, os ativos mais comercializados no mercado futuro são: petróleo, ouro e prata.

Soft Commodity

As soft commodities equivalem a matéria-prima que necessita ser cultivada, sendo representadas pelo segmento da agropecuária, com café, algodão, milho, soja e outros produtos.

No Brasil essa divisão tem grande representatividade no mercado futuro por meio da Bolsa de Valores Brasileira (B3), principalmente em razão da participação dos produtos agropecuários brasileiros no mercado externo e peso das exportações para atividade econômica do país. Na próxima seção aprofundaremos um pouco mais sobre o tema.

Commodities no Brasil

As commodities têm um papel crucial para economia brasileira, ganhando cada vez mais representatividade nas atividades do país e renda da população. Segundo dados da Cepea/CNA, em 2021, o agronegócio representou 27,6% do PIB do Brasil, sendo que o ramo agrícola teve uma participação de 74,4%, enquanto a pecuária apresentou 25,6% do total desse produto. Além disso, o setor de siderurgia e mineração correspondeu a cerca de 3,2% do PIB de 2020, segundo relatório da Indústria Extrativa Mineral (IEM), refletindo o bom posicionamento do segmento no mercado externo e suas vastas reservas no território.

No caso do setor de óleo e gás, a sua participação na arrecadação bruta da União, que alcançou 22,3% do PIB em 2021, tem um papel fundamental para sua performance, principalmente por ganhos através de royalties, tributos, dividendos pagos à União pela Petrobras e demais meios de arrecadação. O setor de mineração também participa desse desempenho, mas em menor dimensão.

As exportações do Brasil apresentam uma evolução contínua e no 1S22 totalizaram US$ 164,1 bilhões, um avanço de 15,5% a/a, impulsionado pelo crescimento de 31,4% do setor de agropecuária e 27,7% da indústria de transformação, ambas beneficiadas por melhores preços. A indústria extrativa também tem uma forte contribuição para as exportações, no entanto em 2022 vem sofrendo com queda do preço do minério de ferro e recuo da demanda chinesa em cenário de desaceleração, além de problemas pontuais na capacidade produtiva das empresas locais, apesar do petróleo amenizar esse recuo com melhores preços no mercado externo.

No mercado de capitais, a bolsa brasileira tem uma forte exposição aos papéis de commodities, com uma participação de cerca de 39%, de acordo com a composição de Set a Dez/22. No qual, dentre os blue chips nacionais, a Vale e Petrobras são as com maior representatividade no Ibovespa, com 13,7% e 12,1%, respectivamente.

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