O que é o ROE?
O ROE (Return on Equity) é um importante indicador de rentabilidade, bastante usado na análise fundamentalista. Calculado a partir da razão entre o lucro líquido e o patrimônio líquido ele mede o retorno sobre capital próprio da empresa, isto é, qual a capacidade da companhia de remunerar seus acionistas.
ROE = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido
A relevância do ROE no valuation
Dentre as muitas aplicabilidades do ROE no processo de análise, cabe destacar seu uso no valuation por fluxo de caixa descontado (DCF – Discounted Cash Flow). Amplamente usado pelo buy-side e sell-side, o valuation por DCF consiste em somar os valores presentes de todos os fluxos de caixas futuros que determinada empresa deve ter. Dessa forma, estabelecendo o preço justo da companhia e, consequentemente, o de suas ações.
Nesse sentido, o ROE tem um papel fundamental na estimativa dos fluxos de caixa futuro. Uma vez que, quanto maior o retorno sobre capital próprio maior é a capacidade da empresa de investir em seu crescimento, sem que seja necessário aumentar a alavancagem ou receber aporte de capital. Por isso, a taxa de crescimento sustentável “g”, calculada a partir da multiplicação do ROE pelo lucro líquido não distribuído aos acionistas, é um fator comumente usado para estimar o crescimento de uma empresa.
g = (1-payout) x ROE
g = taxa de crescimento sustentável;
(1-payout) = taxa de retenção;
payout = Dividendos distribuídos/Lucro líquido.
A fórmula acima pode ser entendida de forma intuitiva. Basicamente assume-se que o capital próprio reinvestido nos negócios da companhia providenciará a mesma rentabilidade passada. O “(1-payout)” é o quanto a firma está reinvestindo dos lucros, enquanto o ROE é a qualidade desse reinvestimento.
O ROE também assume um importante papel na avaliação por múltiplos. Vejamos, por exemplo, o preço por valor patrimonial justificado (justified-price-to-book value).
J-(P/VP) = (ROE-g)/(k-g)
k = custo do capital próprio
g = taxa de crescimento
J-(P/VP) = preço valor patrimonial justificado
O preço por valor patrimonial justificado é o múltiplo justo de preço/valor patrimonial segundo o modelo de Gordon. Assim, tudo mais constante, um ROE maior tende a proporcionar ações mais valorizadas.
Como as empresas podem aumentar o retorno do capital próprio?
Sendo uma medida de valor gerada ao acionista é natural que a administração das companhias busque gerar o maior ROE possível de forma consistente. Mas como realizar isso?
Bem, a fórmula do retorno sobre capital próprio pode ser decomposta na seguinte equação:
ROE= (LL/R) x (R/A) x (A/PL) = Lucro Líquido/Patrimônio Líquido
LL/R = Margem Líquida (Lucro Líquido/ Receita)
R/A = Giro do Ativo (Receita/Ativo)
A/PL = Alavancagem Financeira (Ativo/Patrimônio Líquido)
Assim, podemos notar que um maior retorno sobre o capital próprio pode vir de uma melhor margem, maior giro ou maior alavancagem. Há diversas formas de se fazer isso, mas é preciso atenção. Uma firma que decida aumentar o preço de seu produto, por exemplo, ampliará sua margem. Entretanto, o impacto no volume de produtos vendidos poderá prejudicar o giro. Da mesma forma o aumento do uso de capital de terceiros tem impactos positivos no ROE por meio da alavancagem, mas pode depreciar as margens via maior despesa com juros.
Podemos ainda decompor a margem líquida em uma outra equação:
LL/R = (EBIT/R) x (EBT/EBIT) x (LL/EBT)
LL/R = Margem Líquida (Lucro Líquido/ Receita)
(EBIT/R) = Margem Operacional (Lucro Operacional/Receita)
(EBT/EBIT) = Carga de juros (Lucro antes dos tributos/Lucro Operacional)
(LL/EBT) = Carga tributária (Lucro Líquido/Lucro antes dos tributos)
Pode-se verificar que uma elevação da margem líquida pode ser proveniente de maior eficiência operacional, menor serviço da dívida ou menor gastos com impostos.
Por último, um alerta.
Acreditamos que leitor que chegou até aqui já tenha entendido a importância do retorno sobre capital próprio, por isso faremos um alerta. Assim como outros, esse não é um indicador para ser analisado de forma isolada. É necessário levar outros fatores em consideração, de acordo com o contexto de cada empresa, na hora de tomar a decisão de investimento.
E aí, gostou? Fique ligado para mais dicas!