BEEF3 - Minerva Foods
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A Minerva é a maior exportadora de carne bovina da América Latina, com atuação em cinco países-chave do continente e capacidade de abate de 29.350 cabeças por dia. No Brasil é 4ª maior quando comparando receitas. Além disso, diferentemente das outras companhias, a sua linha de produtos é mais enxuta, atuando em sua maioria com proteína bovina.
Com 65 anos de história, a Família Vilela de Queiroz iniciou as suas operações em 1957 com a prestação de serviços de logística para transporte de gado. Apenas em 1992 que a família adquiriu a sua primeira unidade de abate em Barretos - SP, com a aquisição do Frigorífico Minerva do Brasil. Por fim, a partir de 2007, a empresa realizou um investimento total de R$ 4 bilhões em novas aquisições, o que proporcionou um forte aumento de capacidade e diversificação de produtos, com realce para compra da JBS Mercosul em 2017 que expandiu em 52% a sua capacidade de abate diário.
Tese de Investimento:
A Minerva passa pelo esperado momentum da pecuária doméstica, que vem continuamente refletindo em um cenário mais favorável para suas operações. Visto isso, vemos que a companhia se provou mais do que apta para aproveitar essa conjuntura, levando em conta a sua notável gestão operacional, com consistência nos resultados, além de uma estrutura de capital equilibrada e de fácil movimento de arbitragem com diversificação geográfica da América do Sul. No curto prazo, a tendência positiva para as exportações e avanço das atividades na Austrália com proteína ovina, após anúncio de aquisição da Australian Lamb Company, potencializam as boas perspectivas para Minerva e sua capacidade de criar valor para os stakeholders. Para o longo prazo, vemos que a solidez da companhia, somado ao consumo ainda crescente de proteína bovina, principalmente da Ásia, são drivers positivos para companhia, contudo, o fato da sua receita ser muito dependente da performance das atividades na América do Sul, com um tipo proteína, a deixa mais exposta a riscos e ciclos da região.
Análise completa
Horizonte ainda positivo, apesar de resultado abaixo do esperado
A Minerva reportou um resultado levemente inferior a nossas expectativas, em reflexo a uma queda generalizada dos preços no mercado, acompanhado de uma performance mais fraca da Argentina e do Uruguai. Em resposta ao cenário desafiador, a companhia reportou uma top line no trimestre de R$ 6,8 bi (-8,7% R/E, -18,9% t/t e -8,9% a/a), que neutralizou a redução dos custos nas margens, incentivado pela queda do arroba. O EBITDA fechou em R$ 608 mm (-8,5% R/E, -24,7% t/t e -16,7% a/a), com margem de 8,9%, em linha com nossas expectativas. Por fim, o resultado financeiro foi machucado pela maior pressão dos juros, fechando com - R$ 552,3 mm (+73,4% R/E, +7,5% t/t e +3,6% a/a), o que induziu a um prejuízo financeiro de R$ 26 mm no trimestre.
Apesar de 4T22 desafiador, ainda vislumbramos um cenário positivo para Minerva em 2023, tendo em vista o contexto de redução da oferta ao redor do mundo, patamar dos grãos e enfermidades refletindo nos preços das proteínas substitutivas, assim como ciclo positivo da pecuária no Brasil e Paraguai, que devem amenizar os custos com animal e criar vantagens competitivas. Entretanto, com uma exposição de mais de 40% de suas exportações para China, somado ao recente caso de vaca louca no Brasil, a necessidade de uma ampliação da diversificação de seu portfólio e geográfica é cada vez mais indispensável para que a companhia seja capaz de usufruir desse momentum. Vemos que a Minerva já deu grandes passos nessa direção, com a compra da planta Breeders and Packers Uruguay (BPU) e Australian Lamb Company (ALC) na Austrália, expandindo as suas operações com carne ovina. Desse modo, considerando também a sua gestão operacional de excelência, reiteramos nossa recomendação de Compra, com preço-alvo para BEEF3 YE23 em R$ 21/ação, sendo a nossa Top Pick no setor.
Desempenho impactado por recuo de preços, com menor demanda da China e aumento da oferta. A redução da procura externa, superior à normalidade sazonal, principalmente em reflexo à diminuição das exportações chinesas após restrições contra o Covid, proporcionou uma forte contração dos preços no trimestre, assim refletindo em todas as operações da Minerva. O retorno das atividades no Brasil foi beneficiado por uma demanda mais positiva do mercado doméstico, com festas de final de ano e Copa do Mundo. Entretanto, a contração de 16,4% t/t do preço médio trouxe uma receita abaixo do esperado de R$ 3.460 mm (-15,1% R/E, -24% t/t e +5,6% a/a). No restante da América do Sul, top line de R$ 734 mm ( -25,5% R/E, -49,2% t/t e -42,7% a/a) da Argentina, bem abaixo do esperado, assim como Uruguai ainda em recuperação, proporcionou uma receita do segmento ex-Brasil de R$ 2.944 ( -13,8% R/E,-25,6% t/t e -28,5% a/a). O cenário da Argentina se mantém desafiador, com custo do gado e baixa rentabilidade das exportações refletindo nos resultados da companhia.
Apesar de aquisições e 4T, endividamento segue estável. No trimestre, a dívida líquida avançou 3,35%, com perdas de derivativos e pagamento de aquisições, além de queda do EBITDA, que levou a uma alavancagem de 2,36x, ante a 2,18x no 3T22. O fluxo de caixa livre fechou em -R$ 132,4 mm ao considerar o pagamento de R$ 400,9 mm da compra da AUC. Se desconsiderarmos a aquisição, o FCL e alavancagem se mantém estáveis, com +R$ 268 mm e 2,15x. Por fim, a Minerva anunciou que será discutido na Assembleia de Acionista o pagamento de R$ 208,6 mm (R$ 0,36/ação) de dividendos, o que totalizará o reembolso de R$ 336,7 mm de proventos no ano, correspondente a um payout de mais de 50%.
Temor ante de caso de Vaca Louca e suspensão das importações chinesas. Além do resultado do 4T22, os olhares se voltam para os efeitos do caso de vaca louca no sudeste do Pará nas exportações para China, após traumas de 2021, em que o país incidiu um embargo de mais de 100 dias, em resposta ao aparecimento de dois casos atípicos da enfermidade no Brasil. Nesse cenário, em reflexo à suspensão protocolada das exportações pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) no dia 22 de fevereiro, a Minerva soltou um comunicado comentando que considera essa paralisação temporária e de curto prazo, no qual, para suprir a ausência do Brasil, alocarão quatro plantas do Uruguai e Argentina para o atendimento da China. Pontuamos que, apesar do rápido posicionamento da companhia, as habilitações do Brasil, sendo a principal fornecedora para China dentre o portfólio do frigorífico, são essenciais para a rentabilidade da companhia. No entanto, por mais que o cenário para exportação na Argentina se mantenha insustentável, bem como as plantas alocadas já devendo atender a China em sua capacidade máxima, vemos o aumento dos preços da carne no país, com limitação da oferta, como algo benéfico nessa maré de adversidades.
Avanços em ESG
A Minerva foi listada na carteira 2022/2023 do Índice CDP Brasil de Resiliência Climática (ICDPR70), além de fazer parte, pelo terceiro ano consecutivo, no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISEB3) e do Índice Carbono Eficiente (ICO2B3).
E. Em 2022, a companhia alcançou 80% do monitoramento dos fornecedores na Colômbia e 90% na Argentina. A Minerva também alcançou 100% de conformidade no Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do Pará, assim como no Compromisso Público da Pecuária. No período, o programa Renove avançou em suas parcerias e cooperação técnica com outros fornecedores, além do desenvolvimento de estudos em busca de melhores práticas e evolução do mercado de carbono, como foi efetuado em dezembro de 2022 em parceria com a Embrapa e FGV Agro. Por fim, no final do ano, a MyCarbon lançou uma parceria com a Mercuria Energy Trading, voltada para criação de oportunidades no mercado de carbono.
S. Não houve menção sobre avanços sociais no período.
G. Não houve menção sobre avanços em governança no período.
Manuela Granja
CNPI, Analista de Equity Research