MATD3 - Mater Dei
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Antes da abertura de capital, a companhia nunca havia participado de movimentações de M&A, expandindo suas operações via projetos green e brownfields. Com o capital levantado no IPO, vimos o Mater Dei colocar em prática seu plano de expansão inorgânico, adquirindo 5 hospitais em 4 diferentes regiões, mais que dobrando sua capacidade total de leitos. A companhia busca entrar em praças em que possa ocupar o primeiro ou segundo lugar (em número de leitos) nas regiões em que atua, enquanto mantém sua reputação de referência de qualidade.
As aquisições feitas no ano passado, por operarem com menor eficiência que a controladora, devem continuar contraindo a margem operacional consolidada nos próximos resultados. Em contrapartida, acreditamos que este sacrifício seja mais que compensado pelo aumento de escala.
Em nossa visão, os drivers de crescimento fundamentais da Rede Mater Dei são: (i) crescimento inorgânico nos próximos anos, tanto por meio de dívida quanto via equity; (ii) manutenção da qualidade associada à marca Mater Dei, haja vista o alto número de acreditações nacionais e internacionais de qualidade como ONA lll, NIAHO e JCI; (iii) ganhos de sinergia com os hospitais adquiridos, como redução de G&A (integração das áreas de suporte), maior poder de barganha com as operadoras,; (iv) maturação do hospital Mater Dei Salvador, com que já conta com um bom numero de credenciamentos; e (v) manutenção da estratégia de consolidação em regiões ainda muito fragmentadas e pouco exploradas pela Rede D’Or.
Análise completa
Bottom line prejudicado por aumento das despesas financeiras
A Rede Mater Dei divulgou resultados neutros no 4T22, com faturamento em linha, mas margens abaixo de nossas expectativas. Os números foram impactados por: (i) integração dos hospitais adquiridos; (ii) menor taxa de ocupação a/a (devido aos M&A’s) e t/t (sazonalidade), assim como esperávamos; (iii) aumento de ticket médio t/t devido às mudanças no mix de serviços e reajustes de preços; (iv) margem bruta prejudicada pelas linhas de pessoal e mat/med; e (v) deterioração do bottom-line devido ao aumento expressivo das despesas financeiras.
Devido ao nível de alavancagem atual (3,7x Dívida Líquida/EBITDA considerando arrendamentos), a companhia deve desacelerar as aquisições em 2023, concentrando seus esforços nas integrações dos hospitais adquiridos, em busca de uma retomada gradual de margens. Seguimos com viés positivo para a empresa, portanto reiteramos nossa recomendação de compra para MATD3 com preço-alvo de R$ 11,00/ação.
Em 2022, a Rede Mater Dei foi bem-sucedida em sua estratégia de expansão e diversificação geográfica. Do lado inorgânico, foram concluídas quatro aquisições de hospitais e um centro diagnóstico – Sta Genoveva e CDI, Premium, EMEC e Sta Clara, enquanto do lado orgânico foi inaugurado o primeiro projeto greenfield fora da RMBH – Mater Dei Salvador. Com isso, a empresa encerrou o ano com 1.434 leitos operacionais (+48% vs. 2021).
A receita líquida foi de R$ 512 mm (+78% a/a), em linha com nossas expectativas, refletindo o aumento de leitos operacionais a/a (estável t/t) e o crescimento de ticket médio por leito de 5% t/t em virtude de uma melhora no mix de serviços, novos credenciamentos e reajustes de preços.
Os custos dos serviços prestados (CSP) chegaram a R$ 340 mm (+93% a/a), levando a margem bruta para 33,6% (-5,4 p.p. a/a e -2,4 p.p. vs. Inter Research) e impulsionados pelo crescimento das linhas de pessoal, devido aos reajustes salariais (dissídios), e mat/med, devido à desalavancagem operacional sazonal do 4T. Já as despesas G&A ficaram estáveis t/t, alcançando R$ 77 mm (+36% a/a). A soma desses fatores levou a um EBITDA de R$ 122 mm (+107% a/a), com margem EBITDA de 23,8% (+3,3 p.p. a/a e -1,2 p.p. vs. Inter Research).
O lucro líquido ficou abaixo de nossas projeções, chegando a R$ 18 mm (-25% a/a), com margem de 3,5% (-4,7 p.p. a/a), impactados diametralmente pela piora do resultado financeiro, que ficou em -R$ 55 mm (+436% a/a), resultado do alto nível de alavancagem no cenário atual de juros altos. Quando descontamos o efeito não recorrente de IR/CSLL diferido, chegamos a um lucro líquido ajustado de R$ 36 mm (-1,8% a/a), com margem de 7,0% (-5,6 p.p. a/a), agora convergindo com nossas estimativas.
Em relação ao endividamento, a companhia encerrou o trimestre com uma dívida líquida considerando arrendamentos de R$ 1,6 bi e relação dívida líquida/EBITDA (LTM) de 3,7x (vs. 1,5x no 4T21).
Vale destacar que, em 2022, observamos um consumo de caixa operacional líquido de juros de R$ 62 mm, que somado aos desembolsos para pagamentos de M&A e obras de Salvador resultaram em uma redução de 70% a/a no caixa da companhia.
Breno de Paula
CNPI-P, CGA, Coordenador de Equity Research