FLRY3 - Fleury
R$13,26
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02 de dezembro, 00:00:49 UTC · BRL · BVMF
Recomendação
NeutraPreço atual
R$ 13,26Preço-alvo
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R$ 13,19 - R$ 13,38Porcentagem de Lucro
1,42%Tese de Investimentos
Em nossa opinião, o mercado está cada vez mais cético com empresas de saúde não verticalizadas, explicando o porquê dos baixos múltiplos da Fleury. Além disso, o aumento dos custos e despesas tem retido a capacidade da empresa de crescer margens. Nosso entendimento é que, como a Saúde ID e Novos Elos operam com margens menores, o crescimento dessas linhas deve pressionar as margens no curto prazo.
Por outro lado, esperamos que as empresas de medicina diagnóstica surfem uma onda positiva com a maior preocupação das pessoas com a saúde própria, provocando um aumento do volume de exames preventivos.
Acreditamos que as principais avenidas de crescimento do Grupo Fleury sejam: (i) expansão da oferta de atendimento móvel; (ii) crescimento da plataforma Saúde ID e dos Novos Elos (infusão, oftalmologia, ortopedia, medicina reprodutiva, entre outros); (iii) apostas em genômica, a partir da Sommos DNA (marca de testes genéticos, que ajuda o cliente a entender sua predisposição ao desenvolvimento de doenças hereditárias) e da Gênesis (JV com o Hospital Albert Einstein); (iv) aumento da oferta de serviços para planos básicos de saúde, que é um mercado endereçável muito grande e ainda pouco explorado pela empresa.
A companhia anunciou levantamento de capital de R$ 819 mm para financiar futuras expansões e desalavancagem, O aumento de capital veio meses após o anúncio da fusão com o Hermes Pardini. Apesar de avaliarmos que podem ser extraídas sinergias relevantes da fusão, o Pardini tem reportado resultados fracos, abaixo da expectativa do mercado. De toda forma, a nova companhia vai se tornar ainda mais relevante no segmento de diagnóstico (500 UAs e 39 marcas). O guidance estipula sinergias de R$ 160-190 mm no EBITDA da companhia combinada a partir do 3o ano, vindo de: (i) ganhos de escala e eficiência logística, aumentando o poder de barganha com fornecedores; (ii) integração das áreas de suporte; e (iii) união da experiência do Pardini no B2B (~50% da receita é proveniente de Lab2Lab) com a da Fleury no B2C.
Análise completa
Desalavancagem operacional na veia
O Grupo Fleury apresentou resultados negativos no 4T22, em linha com nossas projeções e impactados principalmente pela desalavancagem operacional devido à sazonalidade negativa mais forte do trimestre (Copa do Mundo e festas de final de ano). Por outro lado, vemos com bons olhos o baixo nível de alavancagem da companhia, com Dívida Líquida/EBITDA considerando arrendamentos de 2,1x.
Apesar de estarmos com um viés positivo para a companhia, continuamos com outras preferências no setor, portanto reiteramos nossa recomendação neutra para FLRY3, com preço-alvo de R$ 19,00/ação até o fim de 2023.
A receita líquida reportada foi recorde de R$ 1.115 mm (+9,5% a/a), em linha com nossas projeções. Desconsiderando o efeito das aquisições, a companhia apresentou crescimento orgânico de 7% a/a. Já os exames de Covid-19, registraram o menor patamar desde o início da pandemia, representando 1,2% do faturamento bruto do 4T22 (vs. 11,1% no 4T20 e 5,7% no 4T21).
A margem bruta ficou em 22,4% (ante 27,0% no 4T21), 2,7 p.p. abaixo de nossas expectativas e impactada por: (i) aumento do headcount devido às integrações dos M&As; (ii) dissídios salariais; e (iii) maiores custos com mat/med devido à integração do Saha no 4T22, que utiliza medicações de alto custo. Já as despesas operacionais alcançaram R$ 142 mm, 13% da receita líquida do trimestre (vs 11,8% no 4T21).
A soma desses fatores prejudicou o EBITDA do trimestre, que ficou em R$ 233 mm (-11,2% a/a), com margem de 20,9% (-4,9 p.p. a/a), ambos em linha com nossas estimativas.
O lucro líquido alcançou R$ 31 mm (-56% a/a), com margem líquida de 2,7%, 0,5 p.p. acima do que esperávamos, refletindo a desalavancagem operacional do trimestre e o aumento das despesas financeiras.
No 4T22, o fluxo de caixa operacional alcançou R$ 275 mm, estável a/a, com conversão de 118% do EBITDA em caixa operacional. O fluxo de caixa livre do acionista foi negativo em R$ 176 mm, impactado pelo aumento dos juros pagos.
A empresa encerrou o trimestre com um múltiplo Dívida Líquida/EBITDA considerando arrendamentos de 2,1x. Desconsiderando arrendamentos, o múltiplo ficou em 1,2x, bastante saudável em nossa visão e bem inferior ao limite de 3,0x estabelecido pelos covenants financeiros.
Breno de Paula
CNPI-P, CGA, Coordenador de Equity Research