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Panorama de Crédito

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Matheus Amaral

Publicado 28/ago5 min de leitura

Desaceleração continua, mas inadimplência dá sinais de pico

Saldo de crédito continua tendência desaceleração. Em julho, na comparação com julho de 2022, o saldo total avançou 7%, contra 7,8% observado no mês passado. Entre as pessoas jurídicas, o saldo avançou 2,7 % na comparação com o mesmo período do ano anterior, ante avanço de 3,5% no mês passado. O resultado foi fruto da desaceleração no saldo de recursos livres, que ficou negativo pela primeira vez na comparação anual, registando contração de 0,6% em julho, ante alta de 1,2% em junho, na comparação com o mesmo período do ano anterior. Por outro lado, o saldo de recursos direcionados acelerou, saindo de 9,1% em junho para 9% em julho, na comparação anual. Entre as pessoas físicas a tendência é similar, com desaceleração no saldo, mas o crescimento continua robusto, com o saldo avançando 12,1% em julho na comparação com julho de 2022, com o saldo desacelerando tanto entre os recursos livres, quanto no direcionado. No primeiro, o saldo cresceu 10,3% em julho na comparação com julho de 2022, vindo de 11,4% no mês anterior, enquanto entre os recursos direcionados, o saldo avançou 14,3% em julho, também na comparação anual, ante alta de 15,5% em junho.

Concessões de crédito somam R$503,6 bilhões em julho no dado dessazonalizado, apresentando alta de 0,7% frente a junho. Na comparação com julho de 2022 a variação foi marginal de -0,02%, e nos últimos 12 meses as concessões acumulam alta de 7,8%, abaixo dos 9,2% observados em junho. As concessões de crédito livre recuaram 0,3% em julho na comparação com junho, pela série ajustada sazonalmente. Na comparação com julho de 2022, o recuo foi de 0,1%, e no acumulado dos últimos 12 meses apresentou alta de 6,9%, desacelerando dos 8,5% observados em junho. Depois da melhora observada em junho, com avanço de 3,2% no mês, as concessões para PJ voltaram a piorar, variando -3,6% em julho na comparação com junho. Na comparação com julho de 2022 a piora é ainda mais acentuada, saindo de um crescimento de 1,2% em junho para um recuo de 6,6% em julho. No acumulado em 12 meses observamos continuidade da desaceleração, saindo de 5% em junho para 3,3% em julho. As concessões de crédito livre para PJ recuaram 5,3% em julho na comparação com junho. Na comparação anual, a queda foi de 9,6% e no acumulado dos últimos 12 meses deu sequência à desaceleração, de maneira mais intensa, registando alta de 1% em julho ante alta de 3,3% em junho.

Entre as pessoas físicas as concessões avançaram 2,6% em julho na comparação com junho no dado sazonalmente ajustado. Na comparação com julho de 2022 o avanço foi de 5,2%, acima dos 3,3% observados em junho, entretanto, no acumulado dos últimos 12 meses vemos a continuidade da desaceleração, com um crescimento de 11,6% em julho, ante alta de 12,7% em junho, mas ainda em patamar elevado de crescimento. O avanço no mês foi fruto do forte desempenho do crédito direcionado, que avançou 27,6% em julho na comparação com junho, na série com ajuste sazonal, devido principalmente ao avanço do crédito agrícola, enquanto o financiamento imobiliário continua recuando, com recuo de 32,7% em julho na comparação anual, ante recuo de 28,9% registrado no mês passado. O crédito livre, por outro lado, desacelerou em julho 0,2% na comparação com junho, e na comparação com julho de 2022, registrando alta de 8,1% ante alta de 8,6% em junho.

Inadimplência fica estacionada em 3,6%, pelo terceiro mês consecutivo, dando sinais de pico. Tanto a inadimplência do crédito livre quanto do crédito direcionado variaram marginalmente, em apenas 0,1 ponto percentual. Entre as PJs, o aumento também foi de 0,1 ponto percentual, enquanto entre as PFs a taxa ficou estável. Destacamos a continuidade da queda na inadimplência de cartão de crédito e veículos entre as PFs. Apesar do patamar de inadimplência ainda muito elevado, os dados de julho indicam que o pico foi atingido e que devemos observar melhora gradual nessa estatística, especialmente com o início do ciclo de cortes na taxa de juros pelo Copom, que deverão se materializar nas estatísticas ao longo do último trimestre desse ano.

Custo de crédito recua em julho. O índice de custo calculado pelo banco central recuou para 22,5, vindo de 22,6 em junho, mantendo estabilidade em ambos os recursos livres e direcionados, a despeito do recuo nas taxas de juros e nos spreads, que recuaram 30 bps e 10 bps, respectivamente. A taxa de juros para PFs recuou mais uma vez em julho, uma queda de 40 bps. Entre maio e julho a taxa de juros para PFs já recuou 100 bps. Entre as PJs houve novo recuou, dessa vez marginal, de 20 bps. Os spreads, por sua vez, recuaram marginalmente no agregado, fruto da elevação do spread para PJs em 30 bps e da queda de 40 bps para as PFs.


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