AMER3 - Americanas
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A baixa dependência de algumas categorias de ticket médio alto, somada à alta recorrência de compras oferecem resiliência frente ao cenário ao macro. A combinação de negócios, com intuito de maximizar o valor de Americanas também foi considerada positiva pelo Inter Research e por consenso de mercado. A reorganização societária deixou a Companhia com uma estrutura enxuta, na qual o acionista de referência abriu mão do controle (detém aproximadamente 30% das ações vs. 70% free float). Até o momento, já foram concluídos: (i) a unificação das bases de dados; (ii) unificação dos estoques, melhorando o sortimento e o nível de serviço; (iii) integração dos CD’s em malha única e (iv) otimização financeira com redução do endividamento bruto.
A Americanas também tem importantes avenidas de expansão além da abertura de lojas. A Companhia tem planos de explorar o Fast Delivery, utilizando-se de Dark Stores em todas as regiões do Brasil. Ademais, a AME, plataforma financeira da Americanas, pretende ter participação relevante nos resultados da Companhia. A ideia que surgiu à princípio como carteira digital do ecossistema, já evoluiu para um super app.
A Ame já atingiu 32,5 milhões de downloads, 12 milhões de usuários ativos mensais (MAU) e um volume total de pagamentos (TPV) de R$ 28 bilhões. Por isso, consideramos essa frente financeira na vanguarda entre os players concorrentes.
Por fim, a Companhia tem demonstrado muito apetite em M&A’s, realizando 10 novos negócios desde 2020. As novas verticais visam prover capilaridade e sortimento, garantindo mais solidez as receitas com a diminuição da dependência de determinados segmentos.
Porém, nos últimos doze meses as ações da Americanas acumulam queda de 61%. Acreditamos que o racional também está relacionado com o ceticismo do mercado sobre a capacidade da Companhia em manter seu share e rentabilidade em um ambiente altamente competitivo entre os players. Aliado a isso, enxergamos um cenário desafiador em 2022 com: (i) aumento da inflação; (ii) elevação da taxa de juros; (iii) desemprego elevado e (iv) ano eleitoral. Desta forma, esta dinâmica de curto prazo não é favorável à confiança do consumidor. Nesse momento acreditamos que o foco das pessoas está no consumo não discricionário (alimentos) e no discricionário de alta renda.
Apesar disso, reconhecemos que Americanas negocia muito abaixo de seu valor justo. A empresa, menos dependente da linha branca, móveis e eletrônicos, adota uma estratégia diferente dos peers, mas igualmente interessante. Nossa recomendação neutra visa proteger o investidor até que a conjuntura atual dê sinais de inflexão. A falta de interesse para as empresas mais ligadas ao consumo impedem o trigger de valorização nesse momento.
Análise completa
Passado incerto
Na última quarta-feira (11/01/2023), a Americanas veio a público através de Fato Relevante anunciar que foram detectadas “inconsistências em lançamentos contábeis redutores da conta fornecedores realizados em exercícios anteriores, incluindo o exercício de 2022”. Preliminarmente, foi estimada que a dimensão dessas inconsistências seja perto de R$ 20 bilhões com impacto imaterial no caixa da Companhia (números concretos devem ser apresentados no resultado do 4T22). Os recém-empossados Diretor-Presidente Sergio Rial e o Diretor de Relações com Investidores André Covre comunicaram a decisão de não permanecerem nos cargos.
Nessa manhã, em call com analistas, o Sr. Sergio Rial se prontificou em assessorar a Americanas nesse processo de apuração das circunstâncias que ocasionaram as inconsistências contábeis. Os principais pontos discutidos foram: (i) a necessidade de se recapitalizar nos próximos meses (estimamos que seriam necessários para o curto prazo algo em torno de R$ 8 bilhões em dívida/follow on); (ii) efeito caixa imaterial (caixa aprox. R$ 8,5 bi 3T22); (iii) qual será a posição dos credores com a linha de risco sacado e eventualmente uma aceleração da dívida (o que colocaria a Companhia em um grau elevado de risco).
O Sr. Sergio Rial também reafirmou o compromisso dos acionistas de referência nos desdobramentos futuros, bem como acenou com a possibilidade de a Companhia operar mais leve e eficiente no futuro.
Em nossa visão, a Americanas vinha com dificuldades relevantes antes mesmo do Fato Relevante. A ineficiência das lojas físicas, o nível de ruptura e a fraca performance do canal online 1P são pontos de atenção há vários meses. A chegada do Sr. Rial, executivo renomado, era um alento para os investidores de que a operação aceleraria a rentabilidade. Não mais. Agora Americanas tem um desafio ainda maior, pois os velhos problemas continuam, além da visibilidade limitada sobre a extensão dessas inconsistências contábeis e da perda de um CEO ímpar.
Reafirmamos nossa recomendação para outros segmentos dentro do varejo e/ou em outros setores à exposição ao ecommerce de nossa cobertura.
Breno de Paula
CNPI-P, CGA, Coordenador de Equity Research