Renda Variável


Vivara | Revisão de Preço

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Breno de Paula

Publicado 10/nov4 min de leitura

Casamento perfeito

Revisamos as nossas estimativas para Vivara e atualizamos o nosso modelo de fluxo de caixa descontado, de forma a incorporar: (i) nossas premissas macroeconômicas atualizadas; (ii) uma revisão na expansão orgânica e (iii) transferência do horizonte de investimento do final de 2022 para o final de 2023. Como consequência, alteramos o preço-alvo de R$31,00 YE22 para R$29,00 YE23 e mantemos a recomendação de Compra para o papel.

Utilizamos o modelo de fluxo de caixa descontado de 10 anos e WACC de 12,09%. O valor terminal foi constituído com crescimento de 5,0% na perpetuidade, com 2/3 de peso e pelo método do múltiplo de saída, com 1/3 de peso e EV/EBITDA = 9,7x no último ano da projeção.

Tese de Investimento

A Vivara é a maior rede de joalherias do Brasil. A companhia desenha, produz, comercializa e distribui seus produtos por todo o território nacional, por meio de uma estratégia verticalizada e de multicanalidade (omni-canal), incluindo vendas offline por meio de mais de 288 pontos de venda e online através de seu site e app. Seu portfólio de marcas inclui Vivara e Life by Vivara, Life Vivara, Vivara Watches, Vivara Fragrances e Vivara Accessories, com foco em joias, relógios, perfumes e acessórios. Por produzir cerca de 80% das joias comercializadas possui uma flexibilidade na composição do mix de produtos, além de evitar a compra de matéria prima em momentos desvantajosos.

Os principais vetores de crescimento da companhia são: (i) o modelo de negócios verticalizado; (ii) o crescimento orgânico e inorgânico e; (iii) o público-alvo democrático (atende classes A+ à C-).

Shine bright like a diamond

A companhia segue o plano de expansão orgânica e o aumento do mix de produtos como estratégia para ganhar fatia de mercado, tanto no online quanto nas lojas físicas. Atualmente seu market share do ecommerce é ~50% e o das lojas físicas supera os 15% - bem acima da concorrência, independente do canal.

Sua operação é verticalizada, ou seja, não apenas comercializa, mas fabrica as joias. Atualmente, cerca de 80% da produção é própria, fator importante, em nossa opinião, uma vez que a companhia consegue gerir melhor os insumos (ouro, prata, pedras preciosas) e atuar na eficiência do mix de produtos.

Aliás, falar sobre insumos é imprescindível. Desde 2020, as pedras e metais preciosos enfrentam disparada de preços. No entanto, a Vivara possui mais resiliência frente aos peers dada sua capacidade produtiva. Como possui estoque de insumos elevado, a companhia se dá ao luxo de realizar compras oportunísticas, abaixando o custo médio de estoque em um momento em que as concorrentes sofrem com o repasse de preços. Além disso, a Vivara pode derreter as peças de menor aceitação, refazendo-as de acordo com às tendências da moda.

Sobre o plano de expansão da companhia, acreditamos na força da marca. O mercado brasileiro é fragmentado, com inúmeros concorrentes informais e poucas joalherias com escala. Nesse cenário, a presença de Vivara é soberana frente aos pares, alcançado quase um triplo de lojas a mais sobre a segunda maior joalheria. Com presença em mais de um terço dos shoppings, a companhia se aproveitou da pandemia para se reposicionar melhor dentro dos pisos. A troca por espaços mais bem localizados, e/ou maiores, ainda não capturou todo o potencial de crescimento de receita, em nossa visão.

A Vivara poderia se aproveitar ainda de um crescimento inorgânico. O cenário mais desafiador para as concorrentes pode enfraquecê-las perante a companhia. Com isso, a empresa poderia atuar com estratégias de M&A, buscando tanto um posicionamento de alto luxo, quanto um mais popular. Embora, reconheçamos essa possibilidade, hoje ela não está incorporada em nossos modelos. Portanto, um movimento nesse sentindo exigiria uma revisão de case, com possibilidade de valorização extra.

Riscos

Os principais riscos para a Vivara envolvem: (i) falha no mapeamento para abertura de novas lojas/quiosques, causando canibalização de faturamento; (ii) incapacidade de se adaptar rapidamente às tendências e/ou exigências dos consumidores; (iii) disponibilidade e custo da matéria prima e; (iv) desafios macroeconômicos que podem impactar a demanda e suas despesas

Prévia do 3T22

Esperamos evolução do faturamento, alavancado pelo desempenho de Life. A margem bruta deve ser estável, mas a operacional deve vir pressionada, equilibrando os meses de deflação com maior impacto do SG&A proveniente das aberturas em processo de maturação.

A receita líquida consolidada esperada é de R$ 416 mm (+23m5% a/a), dado o crescimento orgânico da companhia e o desempenho forte de Life. A margem bruta deve ser estável em 68% (+0,6% a/a). arrefecendo a pressão da maior estrutura fabril na rentabilidade.

Despesas com SG&A devem pressionar a margem operacional, com as linhas de pessoal e aluguéis protagonizando. A expansão de lojas exige contratação de pessoal para treinamento antes das inaugurações e até curva de maturação se estabilizar devemos enxergar esse impacto no resultado. A margem EBITDA deve sentir um pouco mais os efeitos das despesas gerais e administrativas, chegando a 22,7% (-2,2 p.p a/a).

Por fim, a companhia não tem endividamento significativo, mas é esperado um prejuízo financeiro de R$ 11 mm. Com isso, o bottom line chega a R$ 48 mm (-43,7% a/a).

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