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Petrobras Day

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Rafael Winalda

Publicado 02/dez5 min de leitura

Petrobras Day: o que é crível no novo plano?

A Petrobras realizou o Petrobras Day Brasil nesta quinta feira (01/12/2022), em evento online pela manhã. O tema central foi quanto ao seu novo plano estratégico, o quinquênio 2023-2027. Muito pontos foram tradados, explanando sobre novas diretrizes, principalmente nos segmentos de Exploração e produção (E&P), Refino e Gás e Energia (G&E). Debateremos ao longo deste relatório os destaques do novo plano, em contraponto ao antigo, bem como o que consideramos em nossa modelagem.

Mantemos nossa recomendação neutra, em razão às demais incertezas diante do novo cenário para a companhia, como destacamos neste relatório. A diferença, entretanto, ficou em relação ao nosso preço-alvo, onde passou a ser R$ 40/ação para PETR3/4, visando o final de 2023, em razão do alongamento da curva de produção.

Exploração e produção.

O novo plano estratégico tem ambições um pouco menores ante ao do ano passado. A curva de produção de petróleo ficou um pouco abaixo e só acelera de forma mais relevante entre 2024/26, saltando dos atuais 2,1 mm de barris de óleo de produção para 2,5 somente em 2026. O pré-sal segue como carro-chefe e se tornará ainda mais relevante, espera-se que cerca de 74% da produção provenha do pré-sal em 2023 atingindo 78% em 2027.

Para viabilizar o crescimento da produção, é esperado um capex total de US$ 64 bi até 2027, no qual cerca de 64% serão destinados integralmente ao pré-sal, 24% ao pós-sal, 9% para a parte de exploração e os 3% restantes para outras destinações. O atual plano de investimentos é US$ 9 bi superior ao do ano anterior, sendo US$ 3 destinados ao BID de Sépia 2 e Atapu 2, US$ 2 bi para eventuais oportunidades e o restante sendo reajustes monetários.

Grande parte dos investimentos serão destinados à implementação de Floating Production Storage and Offloading (FPSO), os navios produtores. Entretanto, destacamos que o plano não contempla os FPSOs arrendados, que devem somar mais cerca de US$ 20 bi ao longo do quinquênio, como dito na call.

Por fim, destacamos que o campo de Búzios, que atualmente contempla quatro FPSOs em operação, deve receber mais sete até 2027, saindo de uma atual capacidade de produção de 600 mil barris ao dia para 2 milhões.

Refino e Gás Natural.

A parte de refino é uma grande incógnita, em nossa opinião. A atual capacidade de processamento da empresa se encontra em 1.897 mil barris ao dia, salvo a conclusão da venda de REMAN, refinaria em Manaus, no dia 30/12/2022, para o grupo Atem por cerca de US$ 257 mm, com capacidade de 46 mil barris ao dia.

A Petrobras pretende se desfazer de todos os ativos de refinaria fora do eixo Rio-São Paulo (atendendo a uma demanda do CADE), o que proporcionaria uma abertura do mercado brasileiro, levando a mais competitividade no mesmo. Entretanto, com a chegada do próximo Governo, as diretrizes de privatizações podem mudar, impedindo a alienação do ativo pela empresa. A parte de Gás Natural segue mesma racional, e a empresa pretende sair dos atuais 5,6 GWm para 3,6 GWm em 2027, porém não forneceu muitos detalhes quanto ao processo.

A expectativa de investimento neste segmento é de US$ 9,2 bi para os próximos cinco anos, sendo 47% destinados a expansão, qualidade e eficiente do refino, 31% para continuidade do mesmo, 15% para gás e energia e 7% para os projetos de biorefino, uma das grandes apostas para o futuro.

Outra parte importante do plano neste segmento é o RefTop Rafa, o que é o RefTop???), o qual conta com cinco pilares: i) disponibilidade operacional superior a 97%; ii) emissões de CO2e/CWT inferior a 36 kg; iii) redução do consumo de energia na produção; iv) capacidade de processar todo o petróleo do pré-sal; e v) e o programa BioRefino, que visa alavancar mais este segmento.

Premissas, capex e valuation: o que é crível?

Outro ponto importante no novo plano de investimentos é o preço do Brent esperado pela Petrobras, saindo de US$ 85/barril em 2023 par US$ 65 em 2027, cifras superiores ao plano anterior, mas também acima de nossas projeções, como demonstramos a seguir. Em nossa modelagem, seguimos a curva futura do Brent, pois acreditamos que seja mais condizente com as condições de mercado.

Como mencionado anteriormente, o volume de investimentos aumentou, devendo atingir cerca de US$ 78 bi, valores próximos aos praticados antes da pandemia. Destacamos que em nossa modelagem aplicamos cerca de 10% em incremento ao capex, onerando o retorno da empresa e ajustando melhor o risco.

Por fim, o plano 2023-27 tem pilares parecidos aos anteriores: foco no pré-sal, capex de expansão em algumas refinarias, metas de desinvestimentos em algumas áreas e manter a atual política de preços. Mas, o que é crível nessas projeções? Tudo pode mudar com o próximo Governo? A política de dividendos será alterada? Atingindo as metas do novo plano, os dividendos potenciais são cerca de US$ 70 bi, praticamente o market-cap atual da empresa (ou seja 100% em dividendos nos próximos 5 anos).

Em nosso último relatório, rebaixando o status de compra para neutro em Petro, com preço-alvo em R$ 42/ação, mas agora atualizando com as projeções do novo plano, pelo alongamento da curva de produção e seguindo a nossa curva esperada de Brent, atualizamos marginalmente o preço-alvo para R$ 40/ação, visando o final de 2023.


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