Renda Variável


Mater Dei | Resultados 4T22

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Breno de Paula

Publicado 16/mar2 min de leitura

Bottom line prejudicado por aumento das despesas financeiras

A Rede Mater Dei divulgou resultados neutros no 4T22, com faturamento em linha, mas margens abaixo de nossas expectativas. Os números foram impactados por: (i) integração dos hospitais adquiridos; (ii) menor taxa de ocupação a/a (devido aos M&A’s) e t/t (sazonalidade), assim como esperávamos; (iii) aumento de ticket médio t/t devido às mudanças no mix de serviços e reajustes de preços; (iv) margem bruta prejudicada pelas linhas de pessoal e mat/med; e (v) deterioração do bottom-line devido ao aumento expressivo das despesas financeiras.

Devido ao nível de alavancagem atual (3,7x Dívida Líquida/EBITDA considerando arrendamentos), a companhia deve desacelerar as aquisições em 2023, concentrando seus esforços nas integrações dos hospitais adquiridos, em busca de uma retomada gradual de margens. Seguimos com viés positivo para a empresa, portanto reiteramos nossa recomendação de compra para MATD3 com preço-alvo de R$ 11,00/ação.

Em 2022, a Rede Mater Dei foi bem-sucedida em sua estratégia de expansão e diversificação geográfica. Do lado inorgânico, foram concluídas quatro aquisições de hospitais e um centro diagnóstico – Sta Genoveva e CDI, Premium, EMEC e Sta Clara, enquanto do lado orgânico foi inaugurado o primeiro projeto greenfield fora da RMBH – Mater Dei Salvador. Com isso, a empresa encerrou o ano com 1.434 leitos operacionais (+48% vs. 2021).

A receita líquida foi de R$ 512 mm (+78% a/a), em linha com nossas expectativas, refletindo o aumento de leitos operacionais a/a (estável t/t) e o crescimento de ticket médio por leito de 5% t/t em virtude de uma melhora no mix de serviços, novos credenciamentos e reajustes de preços.

Os custos dos serviços prestados (CSP) chegaram a R$ 340 mm (+93% a/a), levando a margem bruta para 33,6% (-5,4 p.p. a/a e -2,4 p.p. vs. Inter Research) e impulsionados pelo crescimento das linhas de pessoal, devido aos reajustes salariais (dissídios), e mat/med, devido à desalavancagem operacional sazonal do 4T. Já as despesas G&A ficaram estáveis t/t, alcançando R$ 77 mm (+36% a/a). A soma desses fatores levou a um EBITDA de R$ 122 mm (+107% a/a), com margem EBITDA de 23,8% (+3,3 p.p. a/a e -1,2 p.p. vs. Inter Research).

O lucro líquido ficou abaixo de nossas projeções, chegando a R$ 18 mm (-25% a/a), com margem de 3,5% (-4,7 p.p. a/a), impactados diametralmente pela piora do resultado financeiro, que ficou em -R$ 55 mm (+436% a/a), resultado do alto nível de alavancagem no cenário atual de juros altos. Quando descontamos o efeito não recorrente de IR/CSLL diferido, chegamos a um lucro líquido ajustado de R$ 36 mm (-1,8% a/a), com margem de 7,0% (-5,6 p.p. a/a), agora convergindo com nossas estimativas.

Em relação ao endividamento, a companhia encerrou o trimestre com uma dívida líquida considerando arrendamentos de R$ 1,6 bi e relação dívida líquida/EBITDA (LTM) de 3,7x (vs. 1,5x no 4T21).

Vale destacar que, em 2022, observamos um consumo de caixa operacional líquido de juros de R$ 62 mm, que somado aos desembolsos para pagamentos de M&A e obras de Salvador resultaram em uma redução de 70% a/a no caixa da companhia.


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