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Criptoworld | Ed.04.25

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Bruno Moniz

Publicado 21/fev5 min de leitura

Resumo

LIBRA Disparou, Política Abalou: Entenda como um Pump and Dump Causou US$ 251 Milhões em Prejuízo no Mercado Cripto

Criptos na Semana

Caros investidores, se você achou que já tinha visto de tudo no mercado cripto, a semana que passou provou que muita coisa ainda pode acontecer. O que começou com a moeda de TRUMP e MELANIA agora ganha novos capítulos mas dessa vez envolvendo esquemas bilionários de pump and dump e uma montanha-russa de emoções (e preços) digna de um episódio de Black Mirror. 

Os números da semana mostram um cenário misto, com o Bitcoin mantendo sua resiliência ao subir 1,55%, atingindo US$ 98.544,23, enquanto o Ethereum acompanhou o movimento positivo com alta de 3,80%, cotado a US$ 2.806,34. Destaque especial para o TRX, que surpreendeu com valorização de 7,52%. No entanto, nem tudo foram flores: Solana enfrentou uma correção significativa de -10,48% puxado pelos acontecimentos da semana, e DOGE recuou -5,48%. A grande surpresa ficou por conta da Story (IP), que disparou impressionantes 172,60%, liderando as altas da semana.

Nessa edição vamos entender por completo o caso da memecoin LIBRA e sua conexão com o presidente Milei. Em um momento um tanto quanto contraditório em que a FTX começa a ressarcir seus clientes, um novo personagem surge trazendo lembranças de o que Sam Bankman-Fried fez na indústria cripto, mas agora envolvendo manipulação de preços, bots e um prejuízo de US$ 251 milhões. Prepare-se para conhecer quem é Hayden Mark Davis e como um único tweet presidencial foi capaz de movimentar bilhões em questão de minutos.

LIBRA: Como um Tweet Presidencial Gerou um Prejuízo de US$ 251 Milhões em 90 Minutos

O mercado cripto testemunhou mais um episódio controverso que mistura política, tecnologia e especulação financeira. Segundo dados da Nansen, plataforma especializada em análise blockchain, o caso da $LIBRA resultou em um prejuízo total de US$ 251 milhões, com 86% dos traders perdendo dinheiro no processo.

O esquema começou com o empresário americano Hayden Mark Davis, da Kelsen Ventures. De acordo com a Bubblemaps, plataforma especializada em rastreamento de transações blockchain, Davis também esteve envolvido na criação da MELANIA, outra memecoin política. No entanto, diferentemente do caso da $LIBRA, a MELANIA não teve o mesmo padrão de manipulação de preços ou prejuízos massivos para investidores.

Para entender o caso, é importante explicar o que é um "pump and dump" e como funcionam os "snipers" no mercado cripto. Um pump and dump é uma manipulação de mercado onde um grupo coordenado infla artificialmente o preço de um ativo (pump) para depois vendê-lo rapidamente (dump), lucrando às custas de investidores menos informados. Já os "snipers" são traders ou bots programados para executar operações automatizadas em momentos específicos, geralmente com informações privilegiadas sobre eventos que podem impactar o preço. O esquema da $LIBRA seguiu este roteiro à risca. 

Às 18h37 do dia 14/02, a moeda foi lançada. Às 19h01, Milei fez sua postagem no X (antigo Twitter). Imediatamente, os "snipers" entraram em ação: uma única compra de US$ 3,5 milhões e outras quatro idênticas de US$ 250 mil foram registradas, mostrando fortes indícios de uma ação coordenada de bots.

Em menos de uma hora, segundo dados da Solana (blockchain onde a $LIBRA foi lançada), a capitalização atingiu US$ 4,5 bilhões, com o preço saltando de US$ 0,25 para US$ 5,54 em algumas corretoras descentralizadas. O "dump" começou por volta das 20h10, quando duas operações liquidaram mais de US$ 7 milhões em tokens. Às 20h45, o preço havia despencado para US$ 0,96.

Principais Números (Fonte: Nansen):

  • Prejuízo total estimado: US$ 251 milhões
  • Percentual de traders no prejuízo: 86%
  • Lucro dos dois maiores traders: US$ 5 milhões
  • Capitalização máxima: US$ 4,5 bilhões

O caso ganhou proporções internacionais. Segundo o La Nación, além das investigações na Argentina, incluindo um pedido de impeachment contra Milei, o FBI também pode abrir investigação nos Estados Unidos, após denúncia apresentada pelo escritório Moyano & Asociados, que representa as vítimas da suposta fraude.

Este episódio serviu novamente como um alerta sobre os riscos de investimentos em memecoins, especialmente quando promovidas por figuras públicas. A velocidade e coordenação do esquema - do lançamento ao colapso em menos de duas horas - demonstra a sofisticação das manipulações no mercado cripto e a necessidade de maior regulamentação e transparência nas operações.

Notícias da Semana

SEC muda de postura e cria nova unidade para equilibrar inovação e proteção no mercado cripto

A SEC, órgão regulador do mercado financeiro americano, está virando a página da era Gensler com a criação da CETU (Unidade de Tecnologias Cibernéticas e Emergentes). Após anos de uma gestão que tratava o mercado cripto como um vilão de filme de ação, a nova direção sob Mark T. Uyeda parece buscar um equilíbrio mais pragmático. Gary Gensler ficou conhecido por sua abordagem "atirar primeiro, perguntar depois", que resultou em processos contra várias empresas do setor e muita incerteza regulatória. A nova unidade, com 30 especialistas, substitui a antiga divisão de criptoativos e promete não apenas combater fraudes, mas também facilitar o desenvolvimento do mercado. É como se a SEC finalmente trocasse os óculos escuros por lentes que permitem enxergar as nuances e oportunidades das tecnologias emergentes, sinalizando um futuro potencialmente mais construtivo para o setor. (link da notícia)

FTX começa a devolver dinheiro aos clientes: entenda os impactos no mercado

A FTX, exchange que protagonizou uma das maiores quebras do mercado cripto em 2022, finalmente começou a ressarcir seus clientes. A primeira fase contempla usuários com menos de US$ 50 mil em conta, que receberão o valor da época mais 9% de juros - tudo em dólar, não em cripto. Embora isso tenha gerado críticas (afinal, o Bitcoin estava a US$ 20 mil na época e hoje vale US$ 100 mil), a decisão pode ser um alívio para o mercado, já que evita uma possível pressão vendedora que ocorreria se o pagamento fosse em criptomoedas. Mas nem tudo são flores: em março, um "unlock" de 30 milhões de tokens de Solana (SOL) relacionados à FTX deve acontecer, o que pode pressionar negativamente o preço desse ativo específico. É aquela história: uma mão lava a outra, mas às vezes uma suja a outra também! (link da notícia)

Brasil sai na frente e aprova primeiro ETF de XRP do mundo, ampliando acesso a investimentos cripto

A CVM acaba de aprovar o primeiro ETF (fundo negociado em bolsa) de XRP do mundo, desenvolvido pela Hashdex. Para quem não está familiarizado, o XRP é a terceira maior criptomoeda do mercado, utilizada principalmente para pagamentos internacionais pela empresa Ripple. Este movimento coloca o Brasil mais uma vez como pioneiro no mercado cripto, já que nem mesmo os EUA, sede da Ripple, possuem um ETF deste ativo ainda. ETFs são como "pacotes" que permitem investir em ativos complexos de forma mais simples, através da bolsa de valores - imagine comprar ouro sem precisar guardar o metal em casa. Esta aprovação segue uma tendência global de maior aceitação de produtos financeiros cripto, especialmente após o sucesso dos ETFs de Bitcoin nos EUA, e deve abrir caminho para mais produtos similares no futuro, democratizando o acesso a investimentos em criptomoedas. (link da notícia)

Binance enfrenta multa astronômica na Nigéria de R$ 460 bilhões

A Binance, maior exchange de criptomoedas do mundo, está enfrentando um processo bilionário na Nigéria que chama atenção pelo valor expressivo. O governo nigeriano exige R$ 460 bilhões como compensação pela suposta desvalorização de sua moeda local, a naira, que perdeu 70% de seu valor desde 2023. Para contextualizar, o valor da multa é similar ao valor de mercado total da Solana, uma das principais criptomoedas do mercado. As autoridades alegam que a exchange facilitou a fuga de capital para criptomoedas, principalmente stablecoins em dólar, enfraquecendo a moeda nacional. Com inflação acima de 20% na Nigéria, o caso destaca um dilema crescente em mercados emergentes: países com moedas instáveis tentando controlar o êxodo de capital para criptomoedas, enquanto a população busca proteção contra a desvalorização monetária. (link da notícia)


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