Onde investir na renda fixa em 2025?
Na News anterior, falamos sobre as mudanças do atual cenário. Confesso eu que não esperava os atuais prêmios em patamares tão altos, todo o estresse e a volatilidade nos juros, IPCA+ 7%, quem diria, não?
E com todas estas movimentações e incertezas, nos perguntamos: onde investir em 2025 diante desta situação? Hoje trataremos deste assunto, avançando nas principais categorias de títulos públicos e seus vencimentos. Com toda a volatilidade, tentaremos lhe ajudar com este conteúdo.
Selic? Eu nunca critiquei!
Nos últimos dois anos, mas 2024 em especial, a Selic (zona da massa) é o indexador que melhor tem performado. Tem superado, e de longe, tanto o IPCA+ quanto os ativos pré. Isso acontece por conta da volatilidade dos juros e o fato de que estes outros indexadores sofrem com a famosa (e ao mesmo tempo desconhecida) marcação a mercado. Com os juros subindo, a performance destes indexadores tende a ser pior no curto prazo, mas para a Selic acontece o contrário, vemos melhora do retorno.
Nos gráficos a seguir destacamos esta situação. Como podem ver, uma verdadeira lavada, como dizem. Só recaptulando, IMA-B é o índice que representa os ativos IPCA+ e IRF, os ativos pré.
De modo geral, em nossa opinião, tal situação deve continuar em 2025, visto todo o cenário de incerteza que já abordamos. Onde a Selic vai parar? Qual será o teto dos juros futuros? São muitas questões e poucas certezas, o que reforça a alocação neste ativo pós fixado.
Assim, para reforçar mais ainda a alocação em parte da sua carteira para o próximo ano, no gráfico a seguir destacamos as expectativas do Focus, mediana dos principais bancos do Brasil. As projeções não param de subir. 2025 já tem valores projetados de 13,5%, conforme o último boletim.
Historicamente, ativos indexados à Selic apresentam um prêmio positivo acima da inflação, geralmente são investimentos de liquidez diária e de fácil movimentação (aplicar/resgatar). Nossa sugestão é que o cliente mais arrojado tenha ao menos 20% (somando os 5% de liquidez) da carteira alocado nesta classe de ativo.
IPCA+, o que era bom ficou melhor!
Particularmente, eu gosto bastante dos gráficos a seguir para justificar o call de IPCA para o longo prazo. Em outra News tínhamos dito que era a Grande Oportunidade de Mercado! Mas, o que era bom, ficou melhor ainda. Os títulos com vencimento mais curto se aproximaram dos incríveis +8%, enquanto os mais longos estão próximos dos 7%.
Com um premio real neste nível, é fácil de entender que no longo prazo o IPCA+ é quase imbatível. Sim, no curto prazo é outra historia, vide o tópico anterior. Mas pense no seguinte exemplo, a nossa principal recomendação é o vencimento em 2045 (B45, IPCA 2045), quanto isso renderia? Quase 400% em termos reais, se considerar uma inflação média de 4%, seriam 8x, o seu investimento multiplicaria por 8.
Também nos gráficos anteriores, é perceptível que não é todo momento que você tem a oportunidade de alocar com tais taxas. Portanto, é uma janela de oportunidades imprescindível atualmente. Se alongarmos um pouco a base temporal dos primeiros gráficos desta News, o que você me diria do retorno do IPCA+ versus o CDI?
E por que 2045? Bom, leve em conta dois tipos de risco, o primeiro é o de volatilidade e marcação a mercado. Quando os juros sobem, você tem um retorno negativo nos ativos que tem taxa préou parcialmente pré, como o caso do IPCA+. Tem que ter ciência disto.
Quanto observamos os demais vencimentos, entendemos que a relação risco retorno para o investidor pessoa física, pensando no longo prazo, teria melhor relação com este vencimento em 2045. Dentre as alternativas, possui uma excelente taxa e com volatilidade melhor comparado aos vencimentos similares.
Assim, que tal garantir parte da sua aposentadoria? Com este prêmio real, com este nível de juros, pensando no longo prazo, lhe convido a fazer o seguinte exercício: pense quando você pretende aposentar e o quanto teria de retorno caso aplicasse parte do seu dinheiro nestas taxas.
Por fim, o segundo risco é o de reinvestimento. Aos investidores que não querem comprar ao tão longo quanto 2045, sugerimos então o vencimento em 2029. De fato tem uma volatilidade menor e uma taxa maior marginalmente, mas a qual a taxa você reinvestirá quando chegar o vencimento? Lembre-se que estamos lidando com um cenário de taxas estressadas. Não é sempre assim!
E o pré?
Eu vejo muitos “influenciadores” recomendando o pré como se fosse a chance de ganhar muito dinheiro, mas e o risco? Aqui nós temos marcação a mercado e bastante volatilidade. Apesar das taxas estarem em quase 15% a.a., a inflação no Brasil segue acelerando, qual então será o seu retorno real? Compensa o risco?
Por outro lado, como nosso lema aqui é sempre a diversificação, não seria prudente excluirmos esta classe, considerando os retornos previstos. Nesse sentido, sugerimos uma alocação de até 5% em ativos pre-fixados, mas lembrando que a volatilidade aqui pode ser ainda maior. Então, é preciso ter paciência também.
Como esperamos que o tom para 2025 ainda seja de bastante volatilidade nos juros, as curvas poderão seguir em patamar elevado, mas qual será o teto? Olhando o gráfico abaixo, em uma comparação semanal, mensal e de seis meses, quem comprou os ativos préno inicio do ano, tem qual retorno atualmente levando em conta a marcação a mercado? Mediano, vide a tabela da primeira página.
2025...
Ao menos no primeiro semestre, acreditamos que as incertezas e estresse das curvas tendem a trazer uma performance mais desafiadora dos ativos que têm taxa préou parcial tende a continuar. Com isto, mantenha a sua carteira diversificada, acompanhe as nossas News e o Market Strategy!
Dica cultural
A dica cultural de hoje vai para um livro que tive a oportunidade de conhecer na faculdade, “Rápido e Devagar: Duas formas de pensar”. Daniel Kanheman é um brilhante pensador e explora em sua obra os dois sistemas da mente humana: 1) Sistema 1,rápido, intuitivo, automático, agimos por instinto; 2) Sistema 2, analítico, lógico, sistemático, onde entra em ação principalmente para resolver problemas complexos. É muito interessante, vale a leitura.