O início da nossa News de renda fixa!
Estamos começando uma News semanal de renda fixa, que deve ficar prontinha toda às quartas, pela manhã.
É um ótimo momento para este início, hein? Tem “pouca coisa” acontecendo no cenário interno e externo, não é mesmo?!
Os temas por aqui serão bem variados, às vezes leitura de cenário, às vezes um tema mais específico do mundo da renda fixa, de repente alguma análise de crédito de algum ativo em evidência, tudo que seja relevante para o mundo da renda fixa. Fica aberto o canal para sugestões também.
Mas vamos começar a falar de Brasil, mais especificamente de juros...
E os juros, hein?
Eu confesso, o gráfico abaixo me assusta um pouco. Mas vamos às explicações, obviamente, como eu gosto, por partes. A curva em laranja claro é a famosa Selic, precificada até o pequeno aumento da última reunião do Copom, de 0,25%, como acredito que todos vocês já saibam.
A curva em um tom mais para o vinho é a projeção Focus. Basicamente é a mediana da projeção de juros dos economistas dos principais bancos do Brasil. Por fim, em laranja mais vivo, temos a curva DI, que seriam os juros futuros que o mercado precifica.
Com essa explicação básica em mente, o que salta aos olhos é a elevação acentuada de juros esperada pelo mercado e que está bem acima das expectativas dos economistas. Se tal cenário se concretizar, a Selic deverá superar os 12% em 2025, o que teria impactos econômicos, bem como nos ativos financeiros, consideráveis. Enquanto grande parte do mundo começou a cortar ou cortará em breve seus juros, o Brasil inverteu o ciclo. Mas por quê?
E minha humilde opinião, são três explicações principais, sendo a primeira as expectativas de inflação. O Banco Central tem como meta atingir uma inflação estável em 3%. Todavia, as expectativas precificadas no Focus não param de subir, tanto para 2024 quanto 2025, e os anos subsequentes com números em 3,5% ou mais, ou seja, acima da meta.
Esse processo é o que chamamos de desancoragem das expectativas de inflação, e por meio do qual o Bacen consegue reancorar, dentre outras maneiras, elevando os juros. Observando o gráfico a seguir, é perceptível o temor do mercado com relação à inflação futura.
Em segundo, nós temos a inflação propriamente dita. Embora o último dado de agosto tenha de fato apresentado uma deflação, o IPCA de 12 meses ainda registra 4,24%, bastante resiliente, em resposta a uma forte atividade econômica e demorando para desacelerar até os 3% almejados pelo Banco Central.
Por fim, mas não menos importante, o risco fiscal. Parte do impulso da atividade econômica é devido aos gastos do Governo, similar ao que vemos em outros países. Entretanto, as contas públicas brasileiras continuam desequilibradas, com seguidos déficits fiscais (gastando mais do que arrecadando). Essa situação também eleva os receios do mercado, levando a uma questão, onde a dívida brasileira estabilizará?
O somatório de destes e, é claro, outros vários fatores, como o câmbio mais alto, preços de commodities ainda em patamares elevados, bandeira vermelha para o setor elétrico, escassez de chuvas que podem levar a quebra de safras, entre outros, explicam a desancoragem da inflação, a inflação em si mais alta, os prêmio de juros mais elevados e a alta recente da Selic.
Acreditamos que o ciclo de alta de juros será mais curto do que o precificado, mas com alguns fatores contribuindo. O fiscal fazendo o dever de casa, a queda de juros nos Estados Unidos, repercutindo tanto no câmbio, quanto no fluxo, impactando então em variáveis brasileiras, queda no preço da gasolina, bem como uma desaceleração da atividade, com então a inflação se arrefecendo e abrindo espaço para que o Bacen possa revisitar o ciclo de juros no primeiro semestre de 2025.
Dica cultural
Para encerrar nossa News, recomendamos a leitura do livro Psicologia financeira, Morgan Housel. A obra explora como nas atitudes, comportamentos e hábitos influenciam nas decisões financeiras, defendendo que o sucesso financeiro vai além das decisões técnica, mas como controlamos nossas emoções frente a diversas situações.