Macroeconomia


Mercado de Trabalho | Novembro 2024

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Gustavo Menezes

Publicado 27/dez2 min de leitura

Taxa de desocupação na mínima histórica

A taxa de desocupação recuou para 6,1%, a menor da série histórica da PNAD Contínua. Com o ajuste sazonal, a taxa de desocupação ficou estável em 64%, também a menor da série. A população ocupada atingiu novo recorde de 103,9 milhões e a população desocupada reduziu para 6,77 milhões.

O emprego formal bate recorde, mas informal recua na margem por fatores sazonais. O número de trabalhadores formais chegou a 63,65 milhões, impulsionado pelo setor privado e autônomos e a taxa de informalidade reduziu de 38,9% para 38,7%. O aumento de trabalhadores por conta própria reflete um dinamismo do emprego que se encontra em um alto nível de rotatividade, e vemos retomada marginal na inclusão de trabalhadores no contingente formal da força de trabalho.

Capacidade ociosa do mercado ficou estável. A taxa composta de subutilização recuou para 15,2%, enquanto a taxa de participação ficou estável em 62,6%. Isso indica um possível arrefecimento na tendência de melhora do mercado de trabalho, que é um reflexo inicial do impacto defasado causado pelo ciclo de alta de juros pelo Banco Central.

Apesar disso, as condições do mercado de trabalho continuam ainda apertadas, resultando num ritmo robusto de crescimento da massa salarial.

Massa salarial volta a bater recorde. A massa de rendimento real habitual somou R$336,7 bilhões, alta anual de 7,2%, e a massa real efetiva cresceu 8,1% no ano. O crescimento do rendimento médio habitual desacelerou em novembro, com alta real de 3,4% em 12 meses, ficando estável no trimestre. O indicador aponta para uma desaceleração do ritmo de ganhos, o que pode ser uma boa notícia para a política monetária.

Caged indica adição de 106 mil vagas

A geração de emprego formal em novembro foi de 106 mil novas vagas, ante expectativa de 120 mil. O resultado menor que oesperado foi também abaixo do gerado em novembro de 2023 (121 mil vagas) e foi resultado de um aumento nos desligamentos. Com isso, a variação em 12 meses no estoque de empregos formais desacelerou na margem, de 1,79 milhão para 1,77 milhão.

O salário médio real de admissão avança apenas 0,94% acima da inflação na comparação anual, sem indícios de pressão inflacionária.

Os sinais de desaceleração na atividade ganharam força com o relatório de novembro, e desafios para melhoras estruturais persistem. Notamos indícios de quebra de tendência no aumento acima da inflação para os empregados admitidos, que continua se situando abaixo do salário dos empregados demitidos e representa um entrave para melhoras estruturais na massa salarial real, que vem avançando em ritmo robusto por fatores predominantemente cíclicos.

Sinais de desaceleração na contratação líquida são apontados principalmente no setor de construção e serviços, particularmente no ramo de informação, com o saldo de comércio mantendo seu ritmo de aumento nos relatórios recentes e a indústria de transformação ainda mantendo robustez. O saldo de agronegócio segue fraco, mas apresentando ligeira melhora como possível recuperação das quebras de safra geradas pela situação climática mais cedo neste ano.

Entendemos que o setor de construção deve apresentar deterioração adicional nos próximos meses em meio à expectativa de redução na oferta de financiamento, além de uma demanda impactada de maneira mais imediata pelo ciclo de aperto monetário. Com o aumento de juros no crédito ao consumidor, também esperamos enfraquecimento no saldo de comércio para as próximas divulgações.


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