Cenário ainda é de incerteza global e local. A diversificação das carteiras contina beneficiando o investidor, protegendo da volatilidade com o descolamento dos mercados no Brasil e global. Em novembro, tivemos alta das bolsas globais mas queda no mercado local. Os juros aqui voltaram a subir com o risco da inflação voltar devido à expansão fiscal proposta na Pec da Transição. Aumentamos a recomendação overweight em renda fixa atrelada como melhor maneira de proteção no longo prazo, além da oportunidade de capturar o premio na taxas que voltou a subir no mês.
Alocação Estratégica Recomendada
Retorno acumulado das carteiras por nível de risco; Os portfólios representam o backtest da atual carteira e desconsideram custos atrelados a administração, custodia, etc.
Cenário Externo
- Expectativa de redução na alta de juros pelo Fed
O S&P teve nova alta de 5,2% em novembro. As bolsas globais tiveram o segundo mês de alta na expectativa de desaceleração do ritmo do aperto monetário pelo Fed. Apesar das falas mais duras dos membros do Fomc, os sinais de desaceleração da economia animaram os investidores, que voltaram a precificar um aperto monetário mais brando nos EUA.
Taxas de juros recuaram. A taxa do tesouro americano de 10 anos caiu de 4,05% para 3,60% no mês de novembro, refletindo um cenário de menor aperto monetário mas ainda de recessão a frente. A curva de juros americana segue invertida com a taxa de 2 anos em 4,3%. Os indicadores econômicos, de fato, apontam para um arrefecimento da economia americana e esperamos que o Fed desacelere o ritmo de alta na próxima reunião em dezembro, de 75bps para 50bps, com o fim do ciclo próximo de 5% em março de 2023.
Petróleo em queda
Petróleo em queda. O aumento do numero de casos de Covid na China e restrições à mobilidade em diversos distritos resultaram em queda do petróleo no mês de novembro, em 7%. O índice de commodities CRB teve alta de 2,2% no mês, puxado pelos metais, destaque ara o minério que recuperou 19% em novembro. No acumulado do ano, as commodities tem alta de 20%, mas com a acomodação desde setembro, não esperamos pressão inflacionária significativa nos próximos meses.
Incertezas da China. A expectativa para o desempenho da economia chinesa segue no radar com muita incerteza sobre a continuidade da política de covid zero. O aumento do número de casos em novembro resultou em vários distritos sendo colocados em lockdown, mas os protestos que surgiram indicam que podemos ver alguma flexibilização. Para 2023, a reabertura da economia chinesa poderia impulsionar o crescimento global e inclusive resultar em nova alta de cotação de commodities.
Cenário Doméstico
- Incerteza na transição
Apesar do cenário externo positivo, o risco local teve forte alta em novembro. A incerteza fiscal voltou a penalizar os mercados elevando as taxas DIs de maneira significativa. O governo de transição deu início aos trabalhos e estabeleceu como prioridade a aprovação de uma PEC que permitiria o aumento de gasto de R$198 bilhões por 4 anos, o que gerou bastante ruído no mercado, especialmente porque ainda não temos a definição da equipe econômica. Com esse nível de gastos, a trajetória da dívida pública voltaria a subir elevando o risco de maior inflação o que eliminou as chances de cortes na Selic no 1º semestre de 2023. Atualmente, o cenário mais provável é a manutenção da Selic no atual patamar por um período mais longo que o antecipado. Com elevada incerteza para 2023, o cenário demanda cautela.
A economia tem desempenho robusto até setembro. Apesar dos juros elevados, o PIB continua mostrando força com crescimento 0,4% no 3º trimestre e com revisões positivas em 2021 (de 4,6% para 5,0%) e no 1º semestre de 2022 (de 2,5% para 3%). Os setores de serviços foram o destaque com TI crescendo 3,6% no trimestres. Também chama atenção a construção, que cresce puxada pelo investimento. O crescimento no ano será próximo de 3%, mas com desaceleração esperada para o 4º trimestre e ao longo de 2023, até uma maior clareza no cenário que possa dar espaço para a queda dos juros
Renda Fixa
- Taxas de juros tem forte alta em novembro
A inflação voltou a subir em novembro, com alta de alimentos e bens industriais. No entanto, as medidas de núcleos e a inflação de serviços seguem dando sinais de desaceleração e o próximo Copom deve manter a Selic inalterada em 13,75%. Apesar da inflação estimada em 0,6% em novembro, o IMA-B teve queda de 1,5% devido à alta dos juros, com o risco fiscal trazido pela Pec da Transição. As taxas longas foram mais impactadas e o IMA-B 5+ teve queda mais acentuada de 2,3%.
As taxas pré-fixadas subiram com a elevação do risco fiscal. A proposta de gasto extra teto em até R$200 bilhões resultou em um aumento da percepção de risco e o receio de alta da inflação fez com que as taxas pré tivessem forte elevação no mês. O mercado apagou as expectativas de queda da Selic e passou a precificar novas altas. A taxa de 2 anos subiu de 11,5% para 13,1% no mês. Um recuo das taxa poderá ocorrer caso o desfecho da Pec seja mais benigno. No entanto, seguimos com cautela devido ao risco no cenário de juros maiores, caso não tenhamos boa visibilidade do futuro fiscal. Mantemos nossa recomendação em títulos atrelados a inflação como melhor maneira de proteção do portfolio, ao mesmo tempo que podemos capturar o ganho caso os prêmios de risco caiam.
A Bolsa em Novembro
- Incertezas aqui e lá fora levaram a queda da bolsa de 3,4% no mês
Mesmo com a definição do resultado das eleições, novembro trouxe mais um período volátil, com a bolsa e ativos locais respondendo aos impasses na esfera política. As ações voltadas ao mercado doméstico sofreram com um cenário de volta do risco fiscal e provável pressão adicional de inflação e juros mais elevados por mais tempo.
Enquanto as apostas no início do mês se apoiavam em setores favorecidos por políticas econômicas mais brandas, como menores juros para financiamentos imobiliário, o que vimos foi uma reviravolta destes fundamentos, levando a reversão dos ganhos observados ao longo de outubro.
Contribuindo para as oscilações no mês, no cenário externo, vimos idas e vindas de indicadores e falas de dirigentes do FED que indicavam uma possível amenização do ritmo de elevação dos juros nos Estados Unidos, mas que devem se manter em patamar mais alto por mais tempo. Enquanto isso, na China, as expectativas de flexibilização das medidas de restrição anti-covidganham força e impulsionam papéis ligados ao gigante asiático, como exportadoras.
Câmbio
- Dólar tem queda em relação à cesta de moedas
Dólar devolveu parte do ganho do ano e teve queda de 5% em novembro(DXY). A expectativa de redução no ritmo de alta do Fed com os sinais de desaquecimento da economia americano reduziram as apostas de juros muito mais elevados nos EUA, enfraquecendo o dólar. Ainda assim, a moeda americana acumula alta de 11% no ano.
Aqui no Brasil o Real ficou estável no mês. Alo longo de novembro, tivemos oscilações significativas e a cotação do cambio variou entre R$5,05 e R$5,40, mas fechou o mês estável em R$5,19. Apesar do aumento da percepção de risco, que impactou as bolsa e os juros, o cambio não seguiu a mesma tendencia favorecido pelo elevado diferencial de juros no Brasil. Destacamos o resultado mais negativo do balanço de pagamentos, com revisão do déficit em conta corrente que pode chegar a US$50 bilhões no ano, cerca de 4% do PIB. O aumento das importações, incluindo as despesas com serviços no exterior podem continuar pressionando as contas externas.
Fundos Imobiliários
- Cenário base positivo
Durante o mês de Outubro, o IFIX tem oscilação de -0,1%, desta vez puxado pela consolidação do segmento de tijolo e alta dos fundos de papel. No período, os veículos ligados a ativos reais tiveram perda consolidada -0,9%. Por outro lado, uma vez passado o impacto negativo da deflação no curto prazo, os fundos de recebíveis oscilaram +0,9%.
Apesar dos riscos de recessão no mercado externo e desdobramentos eleitorais, o segmento de fundos imobiliários deve continuar a ser beneficiado pela conjuntura macroeconômica positiva, com dados robustos da atividade – sobretudo do setor de serviços –, queda do desemprego e desaceleração da inflação que, por sua vez, endossa um possível afrouxamento monetário no ano seguinte. Com isso, o deverá se beneficiar da melhor precificação por parte do mercado.
Conforme destacado, revisões altistas de crescimento do PIB e queda do desemprego reforçam a tendência positiva dos reajustes graduais de aluguel do segmento de tijolo e diminui sua defasagem em relação ao IMA-B, de forma a estabelecê-lo novamente como importante instrumento de hedge à inflação.
Fundos Multimercado
Para o mês de novembro o índice de hedge funds da Anbima apresentou rentabilidade negativa. O discurso do governo eleito trouxe grande volatilidade tanto para bolsa brasileira, quanto para os mercados de juros e moedas (BRL). Os fundos multimercados sofreram nessas classes de ativos e a maioria deles ficaram no vermelho em novembro.
Alguns destaques do mês: Kapitalo Zeta FIC FIM (178,01% do CDI), JGP Strategy FIC FIM (146,79% do CDI), Kapitalo Kappa FIN FIC FIM (144,18% do CDI) e Gávea Macro Plus FIC FIM (122,52% do CDI).