Macroeconomia


Inter Forecast | Revisão de Cenário | Jun.23

jeFtv1X8_400x400

Rafaela Vitória

Publicado 21/jun

Corte de juros à vista

Revisamos nossa projeção de IPCA de 5,1% para 4,75% em 2023 e mantemos em 4% para 2024. A recente queda das commodities e dos preços aos produtores resultou em uma desaceleração mais rápida da inflação ao consumidor. Esperamos deflação em junho, de cerca de 0,15%, o que deve reduzir o IPCA do ano para 4,75%, também reduzindo o risco de inércia para 2024.

Mantemos nossa expectativa de primeiro corte da Selic em Agosto, terminando 2023 em 12% e 2024 em 9,5%. A queda mais acelerada da inflação, juntamente com a revisão das expectativas, deve abrir espaço para o Copom iniciar as discussões sobre cortes de juros, que podem começar a partir de agosto.

Revisamos nossa projeção de PIB de 1,5% para 2% em 2023. O crescimento acima do esperado no primeiro trimestre, principalmente devido ao agro, deve resultar em um crescimento mais robusto em 2023. Apesar do PIB maior, a demanda doméstica segue mais enfraquecida e também contribui para a mudança na direção da política monetária.

Cenário externo melhora, apesar da expectativa de juros maiores por mais tempo. A lenta queda da inflação nos EUA deve manter juros mais elevados lá fora por mais tempo. Com o crescimento da China desapontando, o risco de recessão deve continuar no radar do investidores.

Inflação em queda

A surpresa na queda mais rápida da inflação em maio e junho deve resultar em IPCA menor em 2023. Revisamos nossa estimativa de IPCA de 5,1% para 4,75% em 2023 e mantemos em 4,0% para 2024. A queda dos preços de alimentos e combustíveis devem resultar em deflação em junho e o cambio, que acumula valorização de 10% no ano, também contribui para menor pressão nos custos das matérias primas. O IC-Br, índice de commodities em reais, acumula queda de 20% em 12 meses e o IGPM tem variação negativa de 4,5% no mesmo período.

A inflação de serviços ainda está elevada, mas também mostra tendência de queda. A queda das medidas de inflação mais impactadas pela política monetária, como a média dos núcleos e serviços, também tiveram queda nos últimos meses. Esperamos que a inflação de serviços termine 2023 próxima de 5,5%, ante 7,5% em 2022.

Mantemos nossa expectativa de início de corte da Selic em agosto

Esperamos o início da redução da Selic a partir de agosto, terminando o ano com a taxa em 12%. A queda da inflação abaixo do esperado, juntamente com a redução nas expectativas devem permitir o início do afrouxamento monetário pelo Copom a partir da reunião em agosto. A Selic deve terminar o ano em 12% e os cortes podem seguir ao longo de 2024 até 9,5%. A velocidade da redução pode ser maior caso o novo arcabouço fiscal aprovado e sua implementação em 2024 traga resultado primário melhor que o esperado, contribuindo para nova redução na expectativa de crescimento da dívida pública, e assim, reduzindo o risco ainda embutido na taxa de juro neutra estimada pelo BC. O fim do ciclo também dependerá da evolução do cenário ao longo de 2024 e convergência final da inflação para a meta em 2025, em um cenário mais otimista, poderíamos voltar a ter Selic neutra de 7%, com a inflação na meta em 3%.

Revisamos nossa projeção de PIB de 1,5% para 2,0% em 2023. O resultado do 1º trimestre ficou acima do esperado, com o forte crescimento da produção agrícola e o desempenho da balança comercial. Pelo lada da demanda, ainda esperamos uma desaceleração nos próximos trimestres, com o crédito mais escasso e os juros em patamar ainda restritivo. O afrouxamento monetário, que deve se iniciar no segundo semestre, deve ter impacto apenas no próximo ano. Ainda assim, a política monetária deve continuar restritiva por um longo período e o crescimento esperado para o PIB se mantém em 1,5% em 2023.

Cenário externo

O Fed pausou o ciclo de elevação dos juros, mas ainda indica mais duas altas em 2023. As projeções de juros nos EUA tiveram nova revisão de alta para 2023 com a expectativa do mercado de mais uma alta na reunião de julho e cortes apenas em 2024. Mesmo as taxas mais longas também se elevaram e voltaram para próximo de 4%. Ainda assim, o apetite a risco dos investidores aumentou nas últimas semanas, beneficiando o fluxo para emergentes e demais ativos de risco.


Compartilhe essa notícia

Notícias Relacionadas

Receba nossas análises por e-mail