Inflação em queda e início do corte da Selic
Revisamos nossa projeção de IPCA de 4,75% para 4,6% em 2023 e de 4,0% para 3,9% em 2024. A queda mais generalizada da inflação de bens deve resultar em um índice menor em 2023 e reduzir marginalmente os reajustes também em 2024.
Mantemos nossa expectativa de primeiro corte da Selic em 25 bps em agosto, mas alteramos a expectativa para 2024 de 9,5% para 9%. A queda mais acelerada da inflação, juntamente com a revisão das expectativas, deve abrir espaço para o Copom iniciar o corte de juros a partir de agosto. Com divergência de visão no colegiado, acreditamos que o Copom deve iniciar o ciclo com parcimônia e o primeiro corte deve ser de 25 bps.
Mantemos nossa projeção de PIB em 2% em 2023 e 1,5% para 2024. Os dados do 2o trimestre confirmam a expectativa de uma desaceleração da demanda, puxado principalmente pelo maior aperto no crédito, o que deve manter o crescimento mais fraco também em 2024.
Cenário externo melhora, apesar da expectativa de juros maiores por mais tempo. A lenta queda da inflação nos EUA deve manter juros mais elevados lá fora por mais tempo. Com o crescimento da China desapontando, o risco de recessão deve continuar no radar do investidores em 2024.
Inflação em queda
A inflação deve ser menor no 2º semestre. Revisamos nossa estimativa de IPCA de 4,75% para 4,6% em 2023 e de 4,0% para 3,9% em 2024. A queda mais generalizada da inflação de bens comercializáveis deve resultar em uma variação do IPCA menor no 2o semestre do ano. O índice de inflação ao produtor, o IPA medido pela FGV, ainda apresenta queda na margem e, no acumulado do ano, tem variação negativa de 11,2%, a maior da série histórica. A inflação de serviços, que voltou a subir pontualmente em junho, deve continuar em tendencia de queda mais lenta até 2024.
Mantemos nossa expectativa de cambio em R$4,90 para o segundo semestre. O dólar voltou a perder força com os dados melhores de inflação nos EUA e os fundamentos locais, como o forte resultado da balança comercial que até junho foi positivo em US$45 bilhões e projeta novo recorde de US$75 bilhões de superavit para o ano de 2023.
Início de corte da Selic em agosto
Mantemos nossa expectativa de início da redução da Selic a partir de agosto, em 25 bps, terminando o ano com a taxa em 12%. A queda da inflação e a recente redução nas expectativas, seguindo a manutenção da meta de 3% pelo CMN, devem permitir o início do afrouxamento monetário pelo Copom a partir de agosto. A velocidade da redução deve acelerar a partir de setembro para 50 bps e esperamos Selic ao final de 2024 em 9%, contra 9,5% anteriormente. A Selic no fim do ciclo pode ser ainda menor, com queda para 8% em 2025, mas dependerá da evolução do cenário com a execução do arcabouço e redução de fato do déficit fiscal.
Mantemos nossa projeção de PIB em 2% para 2023 e 1,5% para 2024. Os dados do 2o trimestre confirmam a expectativa de uma desaceleração do crescimento no restante do ano, puxado principalmente pelo consumo doméstico, resultado do maior aperto no crédito. O juro alto em território bastante contracionista deve manter a concessão de crédito em desaceleração, contribuindo para reduzir a pressão inflacionária. O afrouxamento monetário, que se inicia no segundo semestre, deve ter impacto na atividade apenas no próximo ano, e a política monetária deve continuar restritiva por um período longo, mantendo o baixo crescimento esperado para o PIB até 2024.
Cenário externo
O Fed deve retomar o ciclo de alta em julho elevando a taxa para 5,5%. Os dados mais recentes ainda são mistos, com o mercado de trabalho ainda aquecido, mas com queda na inflação até junho, incluindo pelas medidas de núcleo. Acreditamos que a alta do Fed Fund Rate de julho deva ser a última, apesar da projeção do FOMC ainda apontar para uma elevação em setembro, a evolução dos dados de inflação até lá devem indicar que não haverá necessidade de seguir com o aperto.