Copom mantém a Selic em 10,50%
Em linha com a expectativa de mercado, o Copom pausou o ciclo de cortes e manteve a Selic em 10,50%. Após 7 reuniões consecutivas que reduziram a Selic em 3,25 p.p., o Copom manteve a taxa atual em 10,50% considerando o cenário mais adverso. Diferentemente da decisão em maio, a votação pela manutenção foi unânime. Em seu comunicado, o tom ainda foi de cautela, ressaltando a necessidade de manter a política monetária em território contracionista até que se consolide o processo de desinflação. Os próximos passos da política monetária vão depender da evolução do cenário, principalmente a reancoragem das expectativas de inflação.
No balanço de risco, o Copom manteve a mesma avaliação da reunião anterior, apesar de uma melhora marginal do cenário externo que já consolida uma precificação de corte de juros pelo Fed iniciando possivelmente em setembro. Por outro lado, a avaliação do impacto da política fiscal permanece fora do balanço de riscos, mas ainda ressaltando a necessidade da sinalização sobre a sustentabilidade da dívida pública para a ancoragem das expectativas de inflação.
As projeções do BC para a inflação de 2024 e 2025 tiveram alta em relação à última reunião. Para 2024, a expectativa subiu de 3,8% para 4,0%, e para 2025 de 3,2% para 3,4%. O Copom voltou a falar em um cenário alternativo, que seria a manutenção da Selic em 10,50% até 2025, e que resultaria em IPCA em 3,1% em 2025, ou seja, uma convergência mais rápida da inflação.
Expectativas
O Copom indicou que os próximos passos dependem da consolidação da desinflação e ancoragem das expectativas em torno da meta. Com a deterioração no cenário local, o Copom deve estender a pausa no ciclo de cortes e esperamos que a Selic termine o ano no atual patamar de 10,50%. Para 2025, com o aperto monetário mais prolongado e a resultante desaceleração da atividade, a inflação tende a voltar em tendência de queda e o Copom pode reavaliar a retomada do ciclo de afrouxamento monetário. A votação unânime também pode trazer uma redução na percepção do risco de influência política na política monetária, o que pode contribuir para o processo de reancoragem das expectativas.