Concessões aceleram em julho
O saldo de crédito avançou 0,55% em julho frente a junho com ajuste sazonal e 10,3% quando comparado a julho de 2023, mantendo tendência de aceleração entre as PFs (11,9%), mas desacelerando na margem entre as PJs(7,8%).
As concessões de crédito recuaram 0,2% em julho frente a junho com dado ajustado sazonalmente, somando R$595,9 bilhões, refletindo uma desaceleração nas concessões de crédito livre e um recuo na concessão de crédito direcionado. Entre as pessoas físicas (PF), as concessões avançaram 1,4% no mês na série com ajuste sazonal, recuperando parte do recuo observado no mês passado, mas ainda abaixo do nível observado em maio desse ano.
As concessões de crédito livre avançaram 1,3% no mês na série com ajuste sazonal, refletindo a alta de 5% na concessão entre as pessoas jurídicas (PJ) e 1,6% entre as PFs. Entre as PJs os destaques são as linhas de antecipação de faturas de cartão, conta garantida e capital de giro, todas acelerando no acumulado dos últimos 12 meses, o que sugere maior necessidade de financiamento de curto prazo das firmas. Entre as PFs os destaques são as linhas de crédito pessoal, com o crédito consignado e não consignado avançando 12,1% e 22% no acumulado dos últimos 12 meses, em clara tendência de aceleração, assim como as linhas para aquisição de veículos, que acumulam alta de 33,4% nos últimos 12 meses, corroborando os dados de vendas da Anfavea.
O saldo do cartão de crédito permanece estável em 2024, depois do forte crescimento de mais de 30% nos últimos dois anos, a modalidade também apresenta estagnação. Por outro lado, a inadimplência no cartão de crédito voltou a recuar, alcançando 7,4%, a primeira queda depois de 3 meses consecutivos de alta, período em que a inadimplência saiu de 7,3% para 7,6%.
As concessões de crédito direcionado recuaram 3,1% em julho, na série com ajuste sazonal, refletindo o forte recuo entre as PJs, de 24,4%, enquanto entre as PFs o avanço foi de 2%. Entre as PJs os destaques negativos foram o recuo de 6,9% nas outras operações de crédito direcionado, que incluem as composições de dívida e alguns programas de financiamento do governo. Destaca-se também o recuo de 15,6% nas concessões de crédito com recursos do BNDES e de 37% no crédito rural, apesar desse último ser por conta de uma normalização frente ao forte avanço de junho. Entre as PFs o destaque foram os financiamentos imobiliários, com alta de 45% frente a julho de 2023, acumulando alta de 16,4% nos últimos 12 meses.
Inadimplência ficou estável em julho, em 3,2%. A estabilidade também foi vista na inadimplência do crédito direcionado, que ficou em 1,4%, enquanto observou-se redução marginal na inadimplência de crédito livre, de 4,5% para 4,4%. Entre as PFs, destacamos a alta de 1,4 p.p na inadimplência de crédito rotativo, alcançando 55,9%, o maior valor da série histórica. O endividamento total das famílias também ficou estável em junho, em 47,6%, e o comprometimento da renda, por outro lado, aumentou na margem, 0,2 ponto percentual.
Taxas de juros aumentam 0,1 p.p. em julho, mas mantendo tendência geral de queda. O aumento foi devido à alta de 0,3 ponto percentual nas taxas de juros média do crédito direcionado, enquanto no crédito livre as taxas recuaram 0,1 p.p. Entre as PFs, destacamos a queda de 3,5 p.p nas taxas de cheque especial e de 4,5 p.p nas taxas de cartão de crédito parcelado. Por outro lado, a taxa do crédito rotativo aumentou 3,6 p.p, em linha com a piora no perfil da inadimplência dessa linha de crédito.
O volume de emissões no mercado de capitais em julho foi de R$96 bilhões, contribuindo ainda mais para melhora do crédito às empresas. O acumulado de janeiro a julho deste ano já está em R$ 435 bilhões, próximo ao valor acumulado em todo o ano de 2023 (R$ 467 bilhões). Em julho houve um crescimento disseminado entre os instrumentos, com as debêntures ainda representando a maior parte das emissões, e houve um aumento relevante de operações follow ons não observado nos meses anteriores, com volume de R$17 bilhões, representando 17,7% do total emitido no mês.