Dólar fecha em R$5,81 com ata do Copom, tarifas e atividade nos EUA
O câmbio encerrou a última sexta-feira em R$5,81 representando uma queda de 0,60% na semana, com o real depreciando 0,02% em fevereiro e apreciando 5,56% no acumulado do ano.
A semana continuou a tendência de queda que se observa desde janeiro, tendo sido inicialmente impulsionada pelo postergamento das tarifas prometidas por Trump contra o México e Canadá, motivando menor aversão a risco.
Adicionalmente, ao longo da semana, vimos dados mais fracos no mercado de trabalho nos EUA, que indicam mais espaço para acomodação na taxa de juros externa e consequente ampliação do diferencial de juros, que já se encontra em níveis bastante atrativos e tem gerado incentivos atrativos para o carry trade, em particular dada a tendência de apreciação do real que mitiga a incerteza dos investidores estrangeiros.

Conjuntamente, apesar da decisão do BC na semana retrasada ter tido um viés mais dovish, a ata do Copom foi lida como sendo mais dura do que o esperado, sinalizando que o diferencial de juros deve se manter nos patamares atuais por um período razoável de tempo. Lembramos, porém, que as altas de juros sendo atualmente firmadas são apenas a manutenção do guidance já estabelecido em dezembro, e por conta do nível de restrição imposto pela política monetária, é possível que a confirmação das evidências pontuais de desaceleração da atividade façam com o que o ciclo de alta de juros seja mais breve do que atualmente precificado.
Nos atentamos, também, ao possível ressurgimento das percepções de risco domésticas, haja vista o impacto latente das altas de preços das commodities agrícolas na percepção popular do governo federal, situação que tem gerado apoio adicional para medidas de impulso econômico, tais como o aceno para um reajuste do Bolsa Família e estímulos ao crédito popular, numa economia que já se encontra aquecida e com credibilidade fiscal em cheque. Logo, é possível que o alívio de curto prazo no câmbio não seja duradouro, apesar da cotação do dólar ainda se situar substancialmente acima das estimativas de equilíbrio de médio prazo, num ambiente propício para os ativos locais. Assim, é de esperar que a volatilidade continue enquanto a comunicação fiscal do governo seja ambígua.

