Transações correntes foram deficitárias em US$2,2 bilhões em março
Transações correntes foram deficitárias em US$2,2 bilhões em março, ante expectativa de um déficit de US$3,2 bilhões. No acumulado dos últimos doze meses, o déficit foi de US$68,5 bilhões, ou 3,1% do PIB. O resultado em março foi fruto de uma melhora de US$1,3 bi no saldo comercial, de uma melhora de US$ 0,9 bi no saldo de renda primária, e de uma piora de US$ 0,5 bi no saldo de serviços.

Investimento Direto no País (IDP) teve ingresso líquido de US$ 6,0 bilhões
O IDP em fevereiro foi positivo em US$6,0 bilhões, abaixo da expectativa de uma entrada líquida de US$8,0 bilhões. O indicador piorou US$4,2 bi frente ao mesmo mês do ano anterior, e foi motivado substancialmente pelas transações intercompanhia que pioraram US$3,4 bi em comparação com o último março. Porém, apesar da redução de US$ 0,9 bi da participação de capital usando o mesmo comparativo, notamos que a entrada de capital fixo por parte de estrangeiros tem se mantido robusta, e indica que o stress financeiro observado no final do ano passado não afetou significativamente a percepção externa acerca dos fundamentos da economia brasileira.

Balança comercial
Em março, a balança comercial registrou superávit de US$8,2 bilhões, contrastando com o superávit de US$7,2 bilhões atingidos no mesmo mês do ano anterior.
As exportações de bens totalizaram US$29,2 bilhões. Na comparação com março de 2024, as exportações aumentaram 5,4% puxadas por um maior volume das exportações de petróleo e açúcar, e efeitos de preço positivos por parte do minério de ferro, soja e aço; em contrapartida, o café sofreu com a reversão de preços observada na commodity ao longo do último mês.
Em termos de quantidades, vimos o despontamento da supersafra de soja em março e que deve perdurar até junho conforme padrões sazonais, sustentando um nível maior de exportações particularmente para a China, em meio ao aumento das tensões comerciais observadas com os EUA que são o segundo maior exportador de soja para o país. As exportações de milho também vieram acima do usual, mas constituem pequeno volume por conta da sazonalidade e servem de sobreaviso para uma potencial supersafra na segunda metade do ano.


As importações constituíram US$21 bilhões em março e variaram 2,4% frente a março de 2024, marcando uma aceleração no ritmo de amenização que tem sido visto ao longo dos últimos 6 meses. O resultado desse mês indicou um apetite menor por insumos agropecuários e de transformação que foi compensado por maiores importações de petroderivados. Isso indica que, além de constituir uma demanda doméstica mais amena, existe um risco baixista para as importações já que entendemos que o ritmo de importações de petroderivados não é sustentável tendo em vista o crescente volume de exportações de petróleo.
Em suma, os resultados indicam um indício de estabilização do saldo comercial para os próximos meses, sendo que o superávit da balança tem se retraído consistentemente desde fevereiro do ano passado. Isso representa um bom sinal para a internalização de divisas no médio prazo, que acumula US$57,3 bilhões nos últimos 12 meses, e seria uma pressão favorável ao câmbio brasileiro.

Cripto e serviços
A conta capital, substancialmente composta por transações de criptomoedas, atingiu um déficit de US$745 milhões em março, frente a US$1,5 bilhão em março de 2024 e acumulando US$14,8 bilhões nos últimos doze meses, ou 0,69% do PIB. A perda de popularidade das criptomoedas em conjunto com os desincentivos às bets que havíamos notado nos últimos relatórios tem surtido efeito com suas devidas defasagens, com a queda de fluxo nas criptos sendo mais notável.
O déficit de serviços atingiu US$4,4 bi em março, ampliando US$0,5 bi frente ao mesmo mês do ano anterior. Notamos que o déficit continua crescendo para os insumos-chave associados com a demanda das firmas, enquanto os serviços associados com a demanda das famílias continua demonstrando sinais de desaquecimento, em linha com outros achados preliminares de perda de força na atividade econômica.

