Macroeconomia


Análise | Mercado de Trabalho | Março 2025

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Gustavo Menezes

Publicado 30/abr2 min de leitura

Taxa de desocupação avança para 7,0%

A taxa de desocupação avançou para 7,0%, levemente acima do esperado. Com o ajuste sazonal, a taxa de desocupação recuou na margem de 6,7% em fevereiro para 6,6% em março, num quadro geral de estabilidade desde novembro em conjunto com as demais medidas de utilização da força de trabalho. A população ocupada retrocedeu para 102,5 milhões e a população desocupada subiu para 7,7 milhões de pessoas.

A redução na informalidade progrediu novamente em março, mas não existem indícios claros de absorção destes trabalhadores no contingente formal. O número de trabalhadores formais segue estável em 63,6 milhões e a taxa de informalidade recuou de 38,1% para 38,0%. Notamos nova deterioração na linha de construção, que em conjunto com dados adjacentes do mercado imobiliário indicam continuidade no processo de desaceleração do setor, ainda que de maneira moderada.

Massa salarial indica arrefecimento na ponta por efeitos de composição, e rendimento médio bate novo recorde. A massa de rendimento real habitual somou R$345 bilhões, alta anual de 6,6%, e a massa real efetiva também cresceu 6,6% no ano. O rendimento médio segue a tendência vista nos últimos meses e bate novo recorde em termos habituais e efetivos, com ambos crescendo 4,0% na variação anual.

Caged indica adição de 72 mil vagas

A geração de emprego formal em fevereiro foi de 72 mil novas vagas, moderadamente abaixo do esperado que era uma adição de 187 mil. O resultado contrastou com a divulgação de fevereiro, que atingiu o maior saldo da série histórica, com o resultado destes dois meses sendo motivado pelo efeito-calendário do Carnaval, que ocorreu atipicamente em março. De todo modo, a leitura do bimestre fevereiro-março para os anos recentes indica uma geração líquida de vagas ainda acima do usual, porém menor que no ano passado e com alguns destaques setoriais negativos, como alojamento/alimentação e administração pública que registraram o pior bimestre desde 2021 numa margem importante, além de perda de força continuada em outros setores como transporte e indústria de transformação.

Apesar do ruído deixado pelo Carnaval nos dados, o caso de desaceleração moderada persiste na geração de empregos para as duas pesquisas, e o enfraquecimento no setor informal segue sendo um ponto de atenção para o resto da geração de empregos, que é mais rígida.Ao longo das últimas leituras, percebemos ampliação da desaceleração que havia sido visto de maneira incipiente na economia brasileira anteriormente. Com um padrão mais claro de arrefecimento, os próximos dados serão importantes para entender se o curso de moderação na atividade será característico de um pouso suave ou não, lembrando que o recente aperto monetário do BC ainda deve ser sentido por vários trimestres a frente.


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