Macroeconomia


Análise | IPCA | Dezembro 24

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André Valério

Publicado 10/jan

Inflação fica acima da meta em 2024

IPCA registrou alta 0,52% em dezembro, em linha com o esperado, que era uma alta de 0,53%. Com o resultado, o IPCA acumulou alta de 4,83% em 2024, acima do limite da meta de 4,50%. Nos últimos 4 anos, é a terceira vez que a inflação fica acima da meta.

Como esperado, o resultado foi amplamente influenciado pelo comportamento do grupo de Alimentação e bebidas, cuja alta de 1,18% foi responsável por metade da inflação observada no mês. O grupo reflete a continuidade da piora na inflação de proteínas, com o subitem das carnes avançando 5,26% no mês. Outra pressão de alta veio do grupo de Transportes, cuja alta de 0,67% teve impacto de 0,14 ponto percentual no índice, refletindo a alta de 20,7% nos preços do transporte por aplicativo. Na ponta negativa, o único grupo a registrar deflação foi o de Habitação, com queda de 0,56%, refletindo a queda de 3,19% na energia elétrica residencial devido ao retorno da bandeira tarifária verde.

A média dos núcleos registrou alta de 0,58%, acima dos 0,39% observados em novembro. Com isso, o núcleo da inflação encerrou 2024 com alta acumulada de 4,35%. A inflação de serviços registrou alta de 0,66%, abaixo dos 0,83% de novembro, mas ainda em patamar bastante elevado, encerrando 2024 com alta acumulada de 4,78%. Por outro lado, a inflação de serviços subjacentes acelerou de 0,6% para 0,67%, refletindo maior pressão nessa métrica, o que sugere algum repasse do mercado de trabalho aquecido para a inflação de serviços. De fato, a inflação dos serviços intensivos em trabalho acelerou de 0,49% em novembro para 0,62% em dezembro, encerrando 2024 com alta acumulada de 5,47%. Por fim, o índice de difusão, que mede o tamanho do processo inflacionário, alcançou 69%, o maior valor para o índice desde dezembro de 2022.

O resultado de dezembro reforça a piora da dinâmica inflacionária dos últimos meses, reflexo da deterioração cambial e da economia aquecida. Entretanto, o resultado não altera a perspectiva da política monetária, que já tem contratado mais duas alta de 100 pontos até março. Para 2025, a manutenção do câmbio em patamar deteriorado pode fazer com que a inflação se acomode em nível acima da meta. Com o resultado de 2024, o banco central deverá se explicar à população através de uma carta, elencando os motivos que fizeram a inflação romper o teto da meta. Com a mudança no regime de verificação da meta de inflação, o banco central deverá ter que se explicar novamente ao fim do primeiro semestre de 2025, uma vez que esperamos que a inflação volte para o intervalo da meta apenas em fevereiro de 2026.


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