Inflação americana avança 0,1% em maio
O resultado veio em linha com a expectativa. No acumulado de 12 meses, o CPI acelera seu processo de desinflação, e atinge 4%, vindo de 4,9% em abril. É o menor valor nessa métrica desde novembro de 2021, portanto, anterior à guerra na Ucrânia.
Excluindo alimentos e energia do índice, a variação do núcleo também veio em linha com o esperado, registrando alta de 0,4%. O resultado foi o mesmo do mês anterior, mas no acumulado de 12 meses se observa a continuidade do processo de desinflação, apesar de marginal, e o núcleo alcança 5,3%, vindo de 5,5% em abril.

Habitação e energia explicam boa parte do resultado. Habitação foi o principal fator de alta do mês, registrando avanço de 0,6%, enquanto energia foi o principal fator de baixa, registrando deflação de 3,6%, devido à forte queda no preço dos combustíveis. A combinação desses dois fatores explica o núcleo acima da inflação cheia.
Núcleo da inflação sugere maior persistência inflacionária. Rodando acima de 5% na taxa anualizada, o núcleo indica que o trabalho da política monetária ainda não acabou. Gastos com transportes tiveram alta de 0,8% e acumulam variação de 10,2% nos últimos 12 meses, o que juntamente com os gastos de habitação em 8% na taxa anualizada, mostram uma maior rigidez no processo inflacionário. O super núcleo, medida acompanhada de perto pelo Powell que consiste no núcleo da inflação de serviços excluindo os gastos com habitação, voltou a acelerar no mês, registrando alta de 0,24%. Entretanto, no acumulado em 12 meses continua seu processo de queda, saindo de 5,1% em abril para 4,62% em maio.

Decisão do Fed, amanhã, deve vir sem surpresas. Esperamos que o Fomc decida por pausar o ciclo de alta na taxa de juros na reunião de amanhã e não vemos esse resultado sendo capaz de mudar o pensamento do Fed. Como indicado, o processo de desinflação continua, mas em ritmo mais devagar que o desejado, o que exigirá uma política monetária restritiva por um período maior. Dada a defasagem da política monetária, esperamos que o Fed ressalte esse aspecto na sua decisão de pausar, mas em um comunicado ainda em tom duro para deixar claro que irá monitorar a situação e que estará pronto para voltar a elevar a taxa de juros caso julgue necessário.
A perspectiva para os próximos meses é de desaceleração mais acentuada da inflação anualizada. A partir do resultado de junho devemos observar a inflação no acumulado de 12 meses se aproximando de 3%. Existe uma defasagem média de 6 meses entre os aluguéis praticados na economia e sua materialização no índice. Além disso, os índices de preços ao produtor estão em níveis mínimos, também afetando o CPI com defasagem. Portanto, não vemos muito espaço para o Fed aumentar a taxa de juros no segundo semestre, entretanto, um eventual corte de juros está condicionado ao desempenho da economia, que ainda se mostra relativamente aquecida.