Macroeconomia


Análise | Inflação | Mar.2025

1FE74EB4-3BA2-4326-8616-33FEB07ED31F_1_201_a - cópia

André Valério

Publicado 11/abr

IPCA em linha com o esperado

Em março, o IPCA avançou 0,56%, levemente acima do esperado pelo mercado que era uma alta de 0,53%. Com o resultado, o índice acumula alta de 5,48% nos últimos 12 meses, mantendo tendência de aceleração.

No mês, todos os nove grupos pesquisados apresentaram variação positiva. Mais uma vez, o grupo de Alimentação e bebidas foi o principal fator inflacionário, com alta de 1,17%, acelerando frente a fevereiro. Na sequência, o grupo de Transportes, com alta de 0,46%, foi o segundo maior impacto no índice. Alimentos mais uma vez reflete a piora na alimentação no domicílio, que avançou 1,31%, também acelerando frente a fevereiro, refletindo as altas em tomate (22%), ovo (13%) e café (8%). Transportes, por sua vez, foi influenciado pelo avanço de quase 7% nas passagens aéreas e de 0,46% em combustíveis.

O núcleo da inflação, medida que exclui itens mais voláteis como alimentos e combustíveis, recuou de 0,6% em fevereiro para 0,51% em março, indicando que a piora nesse indicador pode ter ficado para trás, com a média móvel de 3 meses recuando pela primeira vez desde outubro, ainda que na margem. Entretanto, no acumulado em 12 meses o índice já acumula alta de 5,02%. A inflação de serviços também recuou, saindo de 0,82% em fevereiro para 0,63% em março. E esse recuo teria sido maior se não fosse a alta de 7% das passagens aéreas, o que mostra que a piora do indicador em fevereiro foi amplamente influenciado pela sazonalidade das matrículas escolares. Entretanto, a inflação de serviços subjacentes e dos serviços intensivos em trabalho recuaram apenas marginalmente, alcançando 0,65% e 0,58%, respectivamente, o que ainda sugere algum repasse do mercado de trabalho apertado para a inflação de serviços. Finalmente, o índice de difusão, indicador que mede o tamanho do processo inflacionário, voltou a acelerar, alcançando 65%.

O resultado de março mantém o tom das últimas leituras da inflação. Por um lado, continua-se a observar fortes pressões vindas da inflação de alimentos, enquanto a inflação do núcleo e de serviços mantém-se relativamente pressionadas, mas sem indicar fortes tendências de piora. Portanto, não vemos o resultado alterando a condução da política monetária, com o Copom já tendo antecipado mais uma alta na próxima reunião maio, apesar de não ter antecipado a magnitude. Mantemos a visão de mais uma alta de 50 pontos base, com a Selic encerrando o atual ciclo de alta a 14,75%. Hoje, o grande risco para o cenário da política monetária é mais o cenário externo, dada a elevada incerteza devido às tarifas do governo americano, do que a inflação doméstica. Apesar da inflação não estar trazendo alívio nos últimos meses, antecipamos uma acomodação nos próximos meses à medida que a elevada taxa de juros continue a impactar a atividade e o mercado de trabalho.


Compartilhe essa notícia

Notícias Relacionadas

Receba nossas análises por e-mail