Macroeconomia


Análise | Inflação | Junho 2025

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André Valério

Publicado 10/jul

IPCA desacelera, mas menos que o esperado

IPCA registrou alta de 0,24% em junho, acima da expectativa que era uma alta de 0,20%. Com o resultado, o índice acumula alta de 5,35% nos últimos 12 meses, acima dos 5,32% observados em maio.

Dos nove grupos pesquisados, apenas alimentação e bebidas tiveram variação negativa, de 0,18%, como antecipado pelo IPCA-15. A principal contribuição veio do grupo de Habitação, influenciado pela vigência da bandeira vermelha em junho. Apenas o grupo de Habitação foi responsável por quase dois terços da inflação observada no mês. Na sequência, o grupo de Transportes, com alta de 0,27%, foi o grupo com maior impacto, adicionando 0,05 ponto percentual no resultado. Mesmo com o recuo de 0,42% nos preços dos combustíveis, o grupo reverteu a deflação observada em maio devido ao aumento de quase 14% no transporte por aplicativo e de 0,64% em táxi. Os demais grupos registraram variação entre 0,00% de Educação e 0,07% de Saúde e Cuidados Pessoais.

O núcleo da inflação ficou estável em junho, registrando alta de 0,29% no mês. Entretanto, mantém tendência de desaceleração, com a média móvel de 3 meses alcançando 0,36%, ante 0,44% em maio, sugerindo que o pico de estresse nessa métrica tenha passado, com a média móvel de 6 meses também desacelerando, enquanto o acumulado em 12 meses está estável e deve desacelerar nas próximas leituras. Já a inflação de serviços acelerou em junho, saindo de 0,18% em maio para 0,4%. Entretanto, essa alta foi influenciada pelo comportamento dos preços administrados, influenciado pela tarifa de energia elétrica, enquanto a inflação de serviços subjacentes e serviços intensivos em trabalho ficaram próxima da estabilidade, ainda em patamar elevado. Finalmente, o índice de difusão, que mede o tamanho do processo inflacionário, recuou de 60% para 54% em junho, indicando ausência de pressões inflacionárias disseminadas na economia.

O resultado, apesar de acima do esperado, confirma a expectativa de acomodação da inflação, influenciado principalmente pela reversão da inflação de alimentos. Para os próximos meses esperamos continuidade dessa acomodação, com boa parte do recuo do câmbio observado esse ano ainda a ser repassada para os bens industriais e livres, que já se mostram bastante acomodados. Além disso, o aperto monetário empreendido pelo Copom ainda não foi totalmente repassado para a atividade real, também devendo ser uma força deflacionária no segundo semestre. Com o Copom tendo finalizado o atual ciclo de alta, o resultado de hoje não tem tanta influência. Para o início do ciclo de cortes dos juros serão necessárias novas leituras nessa direção, com a continuidade da melhora do qualitativo, mas, principalmente, sinais de que a atividade e o mercado de trabalho estão sentindo os efeitos dos juros. Esperamos que esses sinais sejam mais evidentes ao longo do 3º e 4º trimestre, potencialmente criando condições para o Copom iniciar o ciclo de cortes na reunião de dezembro.


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