Macroeconomia


Análise | Fiscal | Março 2025

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Rafaela Vitória

Publicado 30/abr2 min de leitura

Governo registra superávit de R$88,7 bilhões no primeiro trimestre de 2025

O resultado acumulado no primeiro trimestre do ano ficou acima do realizado em 2024, mas que havia concentrado o pagamento dos precatórios ao passo que em 2025, a previsão de pagamento (cerca de R$70 bilhões) é para o segundo semestre.  Considerando as despesas com precatórios, o resultado teria sido positivo em R$19 bilhões, bem inferior aos R$54 bilhões do mesmo período no ano anterior.

No governo central, o superávit no trimestre foi de R$52 bilhões, sem contemplar o pagamento dos precatórios. Enquanto as receitas cresceram 2,8% em termos reais, as despesas crescem 2,7%. Em relação ao desempenho nos últimos dois anos, vemos uma acomodação das despesas com a previdência, resultado do pente fino e redução dos benefícios referentes ao auxilio doença. No trimestre, a previdência cresceu  2,1% acima da inflação, dentro do limite do arcabouço. Já as despesas com BPC seguem crescendo de modo acelerado, 12,2% no período e ainda sem perspectiva de recuo. Por fim,  os gastos discricionários tiveram redução de 1,1% no período, uma vez que com o orçamento pendente de aprovação, a dotação orçamentária foi mais restrita no período.

O resultado consolidado primário positivo no trimestre também contou com um superávit maior dos estados e municípios, que somou R$38 bilhões, 6% superior ao mesmo período em 2024.

Para o restante do ano, agora com o orçamento aprovado, o governo deve anunciar contingenciamento de despesas já no relatório bimestral em maio, uma vez que as receitas estão abaixo do esperado e para o cumprimento da meta será necessário um maior controle do gasto. Para 2025, há espaço para essa manobra, mas a LDO para 2026 mantém premissas otimistas de arrecadação e já contempla menor gasto discricionário, o que será desafiador para o governo cumprir a meta proposta de 0,25% do PIB.

Endividamento público cai para 75,9% do PIB em março

A dívida pública teve leve queda de 76,1% para 75,9% do PIB em março, devido ao maior volume de resgastes líquido no mês. Pela metodologia do FMI, agora replicada pelo BC, a dívida bruta incluindo as operações compromissadas do chega a 88,3% do PIB. O custo da dívida segue em alta, acompanhando a subida da Selic e aceleração da inflação no trimestre. No acumulado de 12 meses, as despesas com juros chegam a 7,8% do PIB, ou R$935 bilhões.

A trajetória de crescimento da dívida pública deve continuar, resultado do significativo volume de despesas com juros. A queda da curva de juros no último mês, com a mudança na expectativa sobre a Selic terminal, deve trazer algum alívio nas despesas com juros. No entanto, o patamar de juros atual é bastante elevado e reflete o risco fiscal e a inflação mais alta. Tanto a Selic a 14,25% como o juro real próximo de 7% mais IPCA pressionam o custo da dívida.

Mantemos nossa projeção de um déficit primário próximo de R$75 bilhões em 2025, cerca de 0,6% do PIB, que estará em linha com o cumprimento da meta considerando a banda inferior e o pagamento de precatórios.  No entanto, o maior risco de recessão global e a forte queda dos preços das commodities pode impactar a evolução da arrecadação nos próximos meses, o que exigirá um controle de gastos mais efetivo para o alcance da meta no ano.


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