Concessões recuam em novembro
As concessões de crédito recuaram 0,7% em novembro frente a outubro com dado ajustado sazonalmente, e somaram R$604 bilhões, acumulando alta de 9,75% acima da inflação nos últimos 12 meses, ainda mantendo tendência de aceleração nessa métrica pelo décimo mês consecutivo. No mês, o resultado das concessões refletiu o recuo de 1,5% entre as PFs, enquanto entre as PJs o recuo foi de 0,6%, ambas já ajustadas sazonalmente.
As concessões de crédito livre recuaram 0,1% no mês na série com ajuste sazonal, refletindo o recuo de 2,2% entre as PFs e de 1,1% entre as PJs. Apesar do recuo na margem, a concessão de crédito livre entre as PFs se mantém robusta, com alta acumulada de 10,45% nos últimos 12 meses. Houve aceleração nas principais linhas de crédito livre entre as PFs, com destaque para o consignado, que alcançou 12,56% nessa métrica, e o crédito para aquisição de veículos, que alcança crescimento de 30,7% nos últimos 12 meses, acima da inflação. Entre as PJs os destaques são as linhas de desconto de duplicatas, conta garantida e capital de giro, todas acelerando no acumulado dos últimos 12 meses, o que sugere maior necessidade de financiamento de curto prazo das firmas. Apesar de recuo no acumulado em 12 meses, antecipação de faturas de cartão mantém crescimento robusto nos últimos 12 meses, acumulando alta de 46%, já descontado o efeito da inflação.
As concessões de crédito direcionado recuaram 0,2% em novembro, na série com ajuste sazonal, primeiro recuo em 4 meses. O resultado no mês foi amplamente influenciado pelo comportamento do crédito PJ, que recuou 8,4% no mês, já com ajuste sazonal. O crédito direcionado PJ apresentou recuou em todas as linhas, com exceção do crédito rural à taxas de mercado, entretanto, boa parte desse recuo se deve à normalização da forte alta observada em outubro, que por sua vez foi influenciada pela anomalia no Pronampe, que foi utilizado para financiar micro e pequenas empresas afetadas pelo apagão de São Paulo, após o temporal de 11 de outubro. Entre as PFs, o crédito direcionado avançou 1,9% no dado com ajuste sazonal. Apesar das restrições impostas pela Caixa, o financiamento imobiliário continua avançando no acumulado em 12 meses, com alta de 19,1%, indicativo da forte demanda por imóveis.
Inadimplência recuou na margem, para 3,1%. Houve queda marginal na inadimplência de crédito livre, de 4,4% para 4,3%, e aumento marginal na inadimplência de crédito direcionado, de 1,5% para 1,6%. Tanto as PFs quanto as PJs apresentaram estabilidade, com a inadimplência em 3,7% e 2,3%, respectivamente. Entre as PFs, destacamos o recuo da inadimplência em cartão de crédito de 7,4% para 7,2%.
Taxas de juros aumentaram 0,5 p.p. no mês, alcançando maior patamar desde novembro de 2023. No mês tivemos avanço de 0,7 p.p no crédito livre e recuo de 0,1 p.p no crédito direcionado, e de 0,4 p.p entre as PJs e de 0,5 p.p entre as PFs, com destaque para crédito pessoal e cartão de crédito, que aumentaram 0,9 p.p e 1 p.p, respectivamente.
Os dados de crédito de novembro indicam uma desaceleração da concessão na margem, resultado do aumento na restrição monetária e do cenário de maior aversão a risco. O impulso do crédito acumulado ao longo do ano ainda deve beneficiar o consumo e o investimento no 4º trimestre e contribuir para novo crescimento do PIB, ainda que em ritmo menor que nos trimestres anteriores. A elevação da Selic em dezembro, e as consecutivas altas esperadas para o 1º trimestre de 2025 devem continuar impactando as novas concessões de crédito e esperamos que a tendência de queda do crescimento do crédito se consolide nos próximos meses.