Macroeconomia


Análise | Concessão de crédito | Dez.24

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André Valério

Publicado 27/jan2 min de leitura

Concessões recuperam em dezembro

Os dados de crédito de dezembro indicam uma melhora na margem do mercado, encerrando um ano que foi bastante positivo, apesar do aperto monetário nos últimos meses. No ano vimos o saldo de crédito real aumentar 5,7% e as concessões avançarem 10,5%, também em termos reais. Ao mesmo tempo, vimos a taxa de inadimplência reduzir 0,2 ponto percentual no ano, ao passo em que as taxas de juros média aumentaram 0,5 ponto percentual, um sinal de que o aumento da renda via mercado de trabalho aquecido contribuiu para manter a tendência de queda da inadimplência, a despeito da piora das condições financeiras. Para 2025, entretanto, o cenário não é tão positivo. A política monetária mais restritiva deve continuar desacelerando a concessão, à medida que os agentes financeiros se tornam mais cautelosos, enquanto o risco de uma desaceleração no mercado de trabalho pode impactar a inadimplência.

As concessões de crédito avançam 1,8% em dezembro frente a novembro com dado ajustado sazonalmente, e somaram R$615 bilhões, acumulando alta de 10,54% acima da inflação nos últimos 12 meses, ainda mantendo tendência de aceleração nessa métrica pelo décimo primeiro mês consecutivo. No mês, o resultado das concessões refletiu o avanço de 2,7% entre as PFs, e de 1,2% entre as PJs, ambas já ajustadas sazonalmente.

As concessões de crédito livre avançaram 2,5% no mês na série com ajuste sazonal, refletindo o avanço de 2,6% entre as PFs e de 2,5% entre as PJs. As concessões de crédito livre entre as PFs encerrou 2024 com alta real acumulada de 9,84%, enquanto entre as PJs o ganho foi de 13%. Entre as principais linhas de crédito, o destaque foi o pessoal não consignado, que encerrou o ano com alta real de 27%.

Outro destaque foi o crédito para aquisição de veículos, com alta de 28,4% no ano, mas em tendência de desaceleração nos últimos meses. Entre as PJs os destaques são as linhas de desconto de duplicatas, conta garantida, antecipação de faturas de cartão e capital de giro, todas com altas expressivas em 2024, o que sugere maior necessidade de financiamento de curto prazo das firmas.

As concessões de crédito direcionado avançaram 6,7% em dezembro, na série com ajuste sazonal, alcançando R$70,5 bilhões, o maior valor da série histórica em termos nominais. O resultado no mês foi amplamente influenciado pelo comportamento do crédito PJ, que avançou 5,8% no mês, já com ajuste sazonal, recuperando parte da queda observada em novembro. No ano, o destaque do crédito direcionado entre as PJs foi na linha outros, com alta de 28% acima da inflação. Destaque-se também o crescimento de 16% na concessão de crédito via BNDES, também já descontado a inflação. Por outro lado, o financiamento rural encerrou o ano com queda de 22%, já descontado os efeitos da inflação. Entre as PFs, o crédito direcionado avançou 2,1% no dado com ajuste sazonal. Apesar das restrições impostas pela Caixa, o financiamento imobiliário encerrou o ano com alta robusta, de 18,5% acima da inflação, mas apresenta tendência de queda, que pode ser intensificada ao longo de 2025.

Inadimplência recuou na margem, para 3%, com queda na inadimplência PJ e PF, que alcançaram 2% e 3,5%, respectivamente, e no crédito livre e direcionado, que alcançou 4,1% e 1,3%, respectivamente. Entre as PFs, destacamos o recuo da inadimplência em cartão de crédito, de 7,1% para 6,9% e na de aquisição de veículos, de 4,4% para 4,2%. A inadimplência total do crédito livre entre as PFsficou estável em 5,3%, menor valor desde junho de 2022.

Taxas de juros aumentaram 0,2 p.p. no mês, alcançando maior patamar desde novembro de 2023. No mês tivemos avanço de 0,2 p.p no crédito direcionado e recuo de 0,1 p.p no crédito livre, e aumento de 0,3 p.pentre as PJs, enquanto a taxa de juros média para as PFs ficou estável em 33%.Entre as PFs, destacamos o aumento de 1,5 p.p na taxa de juros média do crédito pessoal total, de 1,1 p.p na taxa de juros para aquisição de veículos e o recuo de 5,2 p.p na taxa de juros do cartão de crédito.


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