Dólar fecha em R$5,58 com foco nas tarifas, fiscal e na independência do Fed
O dólar encerrou a última sexta-feira cotado em R$5,58, alta de 0,35% na semana e acumulando alta de 2,21% no mês, mas com queda de 9,29% no ano.
Apesar da mudança semanal discreta, a agenda da semana foi mais movimentada do que o usual, ainda que nenhum evento em particular tenha gerado volatilidade mais aguda no câmbio.

Ao longo da semana as movimentações no cenário político fizeram preço na cotação do dólar, que tem se tornado mais intensas por conta da imposição de tarifas no Brasil, cuja motivação é primariamente política embora este fator seja transitório e propenso a ser resolvido num horizonte de algumas semanas, se o precedente de negociações com os demais países for algum indicativo.
Por outro lado, o amplo diferencial de juros brasileiro continua indicando um momento atrativo para investidores estrangeiros, que amorteceram parte da volatilidade do real em meio a leilões de NTN-F, também conhecidas como “título do gringo”, e ajudaram a divisa brasileira a performar melhor do que seus pares emergentes na semana.

Adicionalmente, os eventos ocorridos na última semana indicam uma tensão crescente na dinâmica entre os Três Poderes: vimos a decisão do STF em favor do Executivo acerca do IOF e a aprovação de um pacote de R$30 bilhões em prol de produtores rurais por parte do Congresso, sendo ambas medidas fiscais de impacto significativo que indicam uma maior dificuldade de conciliar as partes envolvidas num ajuste fiscal mais estruturado, situação que só deve se flexibilizar após as eleições do ano que vem.
No exterior, o câmbio foi ajudado pelo enfraquecimento global do dólar conforme investidores tem se tornado mais aversos a investir em ativos americanos conforme a independência da autoridade monetária é colocada em cheque: apesar do final do mandato de Powell já estar precificado, foram feitas ameaças por parte de membros do alto escalão do governo para encerrar o mandato do presidente do Fed de maneira prematura, no que seria a primeira demissão de um chairman desde o estabelecimento da instituição em 1913.
